Estamos na época de mais uma edição da mais fantástica corrida de todos os tempos, as “24 horas de Le Mans”, que neste ano chega a sua 83ª edição. Portanto, época perfeita para relembrar de uma das mais impressionantes histórias do automobilismo.
A tal história ocorreu na edição da corrida em 1952 e envolveu um piloto francês chamado Pierre Levegh. Nascido em 22 de dezembro de 1905 como Pierre Eugene Alfred Bouillin, adotou o codinome “Pierre Levegh” em homenagem ao tio Alfred Velghe que também foi piloto de corrida da França.
No início da década de 1930, Pierre Levegh começou a participar de algumas corridas e em 1938 participou da sua primeira edição das 24 horas de Le Mans, dividindo um Talbot Lago T150C com o também francês Jean Trévoux. Na verdade, nem chegou a estrear porque o carro quebrou no começo da corrida com Trévoux ao volante. Em 1939 tentou outra vez, mas desistiu novamente antes do final por problemas mecânicos.
As corridas foram interrompidas na Europa em razão dos conflitos da Segunda Guerra Mundial, com o término da guerra as corridas retornaram aos poucos e Levegh prosseguiu com a sua carreira de piloto. Em 1951 conseguiu um quarto lugar nas 24 Horas de Le Mans, então decidiu que era hora de dar um salto adiante. Para a edição de 1952, Levegh inscreveu com um Talbot-Lago T26 GS Spider com diversas melhorias. A corrida seria realizada nos dias 14 e 15 de Junho, aqui a nossa “história interessante” começa de fato. Com as modificações introduzidas no carro, Levegh acreditava ser capaz de enfrentar de igual os imbatíveis Mercedes 300SL, neste ano ele faria dupla com o estreante René Marchand. Partiriam na sétima posição em um grid de 57 competidores, mas existia um problema com o virabrequim do motor e para complicar a equipe não tinha outra peça para reposição.
Pierre Levegh foi encarregado de largar e fazer o primeiro turno, ele largou com cautela, aos poucos os adversários diretos, Jaguar e Aston Martins, foram desistindo e Levegh alcançava o segundo lugar, apenas uma volta atrás do Gordini pilotado por Jean Behra e a frente dos três Mercedes.
No meio da noite o motor do carro começou a apresentar alguns barulhos estranhos, nesta época só era possível reparar um carro com as peças que este carregasse, se fosse o tal virabrequim seria fim de sonho.
Ao fazer o primeiro pit-stop, o intervalo entre as paradas era maior, o companheiro René Marchand estava pronto para entrar no carro, mas Levegh decidiu seguir em frente. René não gostou nada do fato, mas não teve alternativa senão esperar pelo próximo pit-stop.
Apesar do barulho estranho no motor, Levegh chegava à liderança após o abandono de Behra. Veio a hora do segundo pit-stop no meio da madrugada, lá estava Marchand pronto para assumir o carro e, surpresa, Levegh decidiu seguir adiante!
Aquela altura o autódromo já estava em polvorosa, afinal um carro francês, com um piloto francês, na corrida mais tradicional na França vencendo a então imbatível Mercedes?!?!? Seria o script perfeito para uma revanche contra a Alemanha, pois a amargura dos dos conflitos da Segunda Guerra eram presentes naqueles anos do pós guerra.
Mas ficava outra pergunta, e esta apavorante; Como alguém sozinho poderia aguentar tanto tempo pilotando sem parar, em uma prova tão desgastante?
Mas ficava outra pergunta, e esta apavorante; Como alguém sozinho poderia aguentar tanto tempo pilotando sem parar, em uma prova tão desgastante?
Pela manhã Levegh já estava quatro voltas a frente do Mercedes que estava em segundo lugar, o motor seguia barulhento e chegava a hora do terceiro pit-stop. Adivinhem o que aconteceu?
Levegh novamente ser recusou a deixar o carro, até a sua esposa tentou interceder, mas nada o fez passar o volante para o seu companheiro. A esta altura todos já estavam convencidos que Levegh decidira ganhar a corrida sozinho. Seria a glória da França!
Todos no autódromo torciam feitos loucos pela vitória de Pierre Levegh, percebendo o esgotamento do piloto e a situação precária do carro o chefe da equipe Mercedes, o lendário Alfred Neubauer, ordenou para os seus pilotos apertarem o ritmo para induzir Levegh a um erro ou forçar o seu carro até uma quebra. Pelo que se sabe parece que Levegh mordeu a isca, mas o Mercedes que estava em segundo lugar quebrou antes e situação parecia ainda melhor para o francês.
Todos no autódromo torciam feitos loucos pela vitória de Pierre Levegh, percebendo o esgotamento do piloto e a situação precária do carro o chefe da equipe Mercedes, o lendário Alfred Neubauer, ordenou para os seus pilotos apertarem o ritmo para induzir Levegh a um erro ou forçar o seu carro até uma quebra. Pelo que se sabe parece que Levegh mordeu a isca, mas o Mercedes que estava em segundo lugar quebrou antes e situação parecia ainda melhor para o francês.
A prova já havia completado 22 horas e 45 minutos, Levegh decidiu poupar o carro porque o segundo colocado estava três voltas atrás e o motor do Talbot cada vez mais barulhento. Uma quebra era cada vez mais provável.
Complemente cansado e sem concentração, ele fazia um traçado irregular na pista e o nervosismo da torcida era total. Foi então que, a menos de uma hora para o fim da corrida, ocorreu a temida catástrofe!
Na entrada de uma curva Levegh deveria engatar a quarta marcha, mas já sem condições físicas e mentais errou e colocou a segunda marcha. Resultado, o motor que já estava em péssimas condições quebrou de vez...
Consternação total, acabava ali o sonho, ou loucura, de ser o único vencedor solitário da história das 24 Horas de Le Mans. Certamente essa vitória seria lembrada para sempre como a mais espetacular de todos os tempos.Os vencedores da corrida foram Hermann Lang e Fritz Riess com o Mercedes 300 SL, depois Levegh foi bastante criticado na França por ter não ter entregado o carro ao seu companheiro de equipe.
O desempenho de Levegh impressionou tanto o chefe da Mercedes, Alfred Neubauer, e este decidiu contrata-lo. Em 1953 e 1954 Levegh voltou a Le Mans competindo pela equipe Mercedes, mas ele não foi bem.
Em 1955 estaria a bordo de um dos 300 SLR, em dupla com o americano John Fitch, Levegh aos 49 anos achava que desta vez seria o seu ano decisivo. De fato acabou sendo, mas infelizmente, de modo muito trágico.
Após epopeia de 1952 os organizadores da ACO (Automobile Club de l’Ouest) determinaram que um piloto poderia pilotar no “máximo” 18 horas, atualmente o regulamento determina 14 horas em turnos consecutivos de no máximo 4 horas. O que convenhamos, ainda é uma maratona...
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