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04/01/2021

Brat Style

A partir dos anos 1970 muitos motociclistas jovens e de baixo poder aquisitivo, de várias tribos mundo afora, começaram a customizar suas motos usadas. Essa foi a forma de muitos para contornar as dificuldades financeiras da época para adquirir motos novas e de marcas conceituadas.

Isso foi assim ao longo dos anos até o final dos anos 1990, quando um desses movimentos ganhou forma através do trabalho de Go Takamine (12 Novembro de 1948, Ishigaki, Okinawa). 
Nesta época, Go fundou uma oficina de motos em Tóquio com o nome do estilo de customização que ele estava desenvolvendo; Brat Style.
Não demorou para o seu trabalho ganhar notoriedade no Japão e entre aficcionados, os negócios cresceram e em 2014 ele inaugurou uma filial da sua oficina em Long Beach, Califórnia, assim seus projetos ganharam fama internacional e inspiraram criações em todo o mundo desde então.
Go Takamine
O estilo de customização de motos conhecido como "BRAT", em português livre "piralho", continua muito popular nos EUA e Japão, mas nem sempre é facilmente identificado, pois uma das suas principais características é justamente não ter regras de estética pré-estabelecidas.
O Brat Style mistura muitos elementos dos estilos Cafe racer e o Bobber, entre estes podemos destacar o visual (clean), com o mínimo de acessórios. 
Fazem parte da preferência, ou receita básica, dos customizadores; suspensões traseiras não rígidas, assento plano para piloto e garupa ou um assento solo abaixado, o guidão rebaixado e sem clip-ons e pneus mais "gordos" (não confundir com off-road) 

Para manter a postura, a maioria dos equipamentos não obrigatórios são removidos, tais como carenagens, enfeites cromados, para-lamas, etc.
Com o passar dos anos os customizadores começam a definir estilos / traços próprios, na escola japonesa, por exemplo, são preferidos os modelos de média cilindrada, principalmente as Yamaha XS650 e SR400. 
Com o renascimento da customização de carros e motos nos anos 2000, já vemos (principalmente nos EUA) lojas e oficinas especializadas no assunto para aqueles que querem um projeto pronto ou encontrar peças para desenvolver o seu próprio projeto mais facilmente.
Contudo, para nossa felicidade, ainda são maioria os que dizem não ter preço elaborar o seu próprio projeto do começo ao fim, muitas vezes sem saber direito onde vai chegar, mas saboreando cada etapa deste processo.
Coisa de "piralho"...

14/09/2020

Land Speed Racing

As "Land Speed ​​Racing" foram os primeiros capítulos da história do universo hot rod, e
ssas corridas começaram no sul da Califórnia na década de 1920 e existem até hoje.
Naquela época os pioneiros "hot rodders" procuravam desafios, aventura e maneiras de expandir a velocidade de seus carros, mas faltavam recursos e pistas de corrida.
Por outro lado, não faltava criatividade e força de vontade para contornar essas limitações, muitos rodders usavam até seus carros do dia a dia, como Ford modelos A e B de quatro cilindros, para correr e a alternativa para a falta de pistas foi correr nos lagos secos no deserto de Mojave. 
Eram locais que ofereciam o necessário para um carro (ou moto) atingir sua velocidade máxima; ficavam a poucas milhas das grandes cidades, eram abertos ao público e tinham longos trechos de superfícies planas e compactas.
“No início, eles apenas dirigiam seus carros de LA para os lagos secos, tiravam os para-lamas e corriam”, relato de Jim Miller, curador e historiador da American Hot Rod Foundation. 
Na verdade, o sucesso das corridas em lagos secos foram resultado da convergência de muitos fatores; proporcionou encontros de jovens amantes de carros, as dificuldades econômicas pós-depressão, época de uma juventude inquieta, o desafio de fazer disputas, tudo isso aos poucos foi sendo agregado como um estilo de vida.
O lago seco de Muroc, atualmente chamado de Rogers Dry Lake, a nordeste de Lancaster, foi o primeiro local a se tornar popular para disputas ainda nos anos 1920, depois vieram Harper, Rosamond, El Mirage e Bonneville.
Os primeiros eventos eram simples corridas entre 2 ou 3 carros (às vezes até 5), alinhados lado a lado e partindo até uma linha final, o vencedor era determinado por sua velocidade relativa, pois os carros eram "divididos" em grupos de acordo com a sua capacidade ou potência. Nem é preciso dizer que os critérios dessa divisão era motivo de muita controvérsia, ou picaretagem. 
Outra forma de competição eram as provas de quebra de recordes de velocidade, onde o que interessava era a velocidade bruta que um competidor conseguia atingir, utilizando todas as "armas" disponíveis. 
A medida que a popularidade e a velocidade das corridas aumentavam, as coisas ficaram perigosas demais e os acidentes com ferimentos graves cada vez mais frequentes, logo a situação chegou ao ponto da polícia ameaçar fechar tudo. 
Na tentativa de por ordem em tudo, antes de fosse tarde demais, os competidores começaram a ser organizar em clubes e associações.
No começo dos anos 1930 apareceram os grupos organizados, como o "Muroc Racing Association", tais grupos definiam regras e regulamentos para tornar as competições mais seguras e justas (por ex. carros classificados em classes: Roadster, Modified ou Streamliner). 
Em 1937, houve o impulso definitivo quando vários clubes da região de Los Angeles se fundiram e formaram o SCTA "Southern California Timing Association" (contamos sobre isso neste post), no ano seguinte já existiam 23 clubes só na California e o SCTA se tornou órgão de aprovação proeminente destas provas.
As corridas só foram interrompidas na época da Segunda Guerra Mundial por causa do racionamento de gasolina e o alistamento maciço de jovens (competidores). 
Com o final da guerra, e a volta dos soldados para casa, os fabricantes de automóveis voltaram a produzir carros com motores maiores e mais potentes e as disputas nos lagos secos voltaram mais fortes ainda.
Essas provas foram determinantes para consolidar o termo “hot rod” e se tornaram os principais eventos, reunindo mais de 200 carros e milhares de espectadores.
Nesta época surgiram muitos personagens e empresas que hoje são considerados lendas do universo hot rod, tais como; Alex Xydias, Bill Burke, Ed Iskenderian, Vic Edelbrock, Dean MoonSo-Cal Speed ​​Shop e tantos outros...
E não foi só isso, Muroc acabou se tornando um lugar "sagrado" para os recordes de velocidade, em 14 de outubro de 1947, Chuck Yeager partiu do Muroc Army Airfield e atingiu a primeira velocidade supersônica (Mach 1,07 ou 807,2 mph) com o avião-foguete Bell X-1.
Ao longo dos anos seguintes muitas tentativas de recorde mundial de velocidade em terra foram feitas em Bonneville, escolhido por ser um local de superfície mais apropriada, já os eventos "Land Speed ​​Racing" no deserto de Mojave continuam relevantes até os dias de hoje. Só em El Mirage ocorrem até 6 eventos por ano, de acordo com as condições de clima e terreno.
Passados mais de 70 anos, as corridas nos lagos secos e desertos continuam despertando fascínio, admiração e respeito dos amantes da velocidade. 
A história e a tradição das "land speed racing" está viva e, ao que parece, fica cada vez mais jovem com o passar do tempo!

01/10/2019

Mick Jagger e os Hells Angels

Não é exatamente uma novidade, mas existem  pessoas que ainda se impressionam com a "longevidade" dos Rolling Stones perante tantos excessos do passado; mulheres, bebidas, sexo, drogas, etc. 
E, pelo que parece, Mick Jagger é o maior sobrevivente de todos, afinal além da "vida louca" ele também sobreviveu a uma tentativa de assassinato por membros dos Hells Angels! 😱😱😱
Wtf! Como assim? 
Calma, vamos contar essa história que de tão doida até parece ser pura invenção, mas foi bem real e séria...
Essa bizarrice ocorreu no começo dos loucos anos 1970, a data é um pouco incerta porque até alguns anos atrás o fato era pouco conhecido. 
Naquela época os Stones viviam o auge de popularidade, apesar disso tentavam a todo custo desvincular a imagem da banda com o trágico festival de Altamont (contamos tudo isso aqui) e, do outro lado desta história, os Hells Angels nunca se conformaram por levarem toda culpa pela tragédia.

Essa situação alimentou um forte desejo de vingança dos capítulos dos Angels envolvidos no episódio, eles queriam a todo custo dar o troco pela falta de apoio e lealdade dos Stones ao MC após o festival.

Então pensaram; "O que vamos fazer para se vingar?
Essa é fácil, vamos matar o Mick Jagger!!" 😱😱
Para levar adiante essa maluquice, bolaram um plano para atacar Mick Jagger na sua casa de férias, que ficava na área de Hamptons em Long Island, Nova York. 
propriedade era muito bem vigiada por seguranças particulares, então para não serem notados os motoqueiros decidiram chegar de barco, zarpando de Long Island Sound. 
Motoqueiros se virando no alto mar??!?! Esse plano deve ter sido elaborado por algum gênio do MC... 
Bem, felizmente, as coisas realmente não deram certo. Logo após zarparem eles foram apanhados por uma tempestade, o barco em que estavam foi inundado e acabou virando, jogando os malucos ao mar e, até onde se sabe, todos sobreviveram.
Na época o FBI estava na cola dos MC 1%ers e os Hells Angels encabeçavam a lista, mas este caso não trouxe maiores complicações com a polícia porque o caso só foi descoberto em 1985, durante uma outra investigação sobre os Hells Angels
Mick Jagger, ao que se sabe, nem percebeu na época que sua vida correu perigo e até hoje não fala abertamente sobre o caso. 
Jagger em Altamont, sob a "segurança" dos H.A.
Por isso tudo muitos detalhes desta história absurda permanecem desconhecidos, ninguém foi preso porque não houve nenhum crime e nenhuma queixa.
Os Angels nunca mais tentaram nada contra os Stones ou outras bandas que estiveram em Altamont, inclusive, em 1972 o Angel que cometeu o assassinato de Meredith Hunter, Alan Passaro, foi absolvido por legitima defesa porque Hunter também estava carregando uma arma.
Definitivamente, fatos como esse marcaram o declínio do otimismo hippie dos "Swinging Sixties” da década de 1960... 🎵🎵
O fim da era do "love and peace" ou "making love not war". 🌈🌈

20/08/2019

Pensadores - Sonny Barger

No original em inglês...
"In terms of pure workmanship, personally I don't like Harleys. 
I ride them because I'm in the club, and that's the image, but if I could I would seriously consider riding a Honda ST1100 or a BMW. We really missed the boat not switching over to the Japanese models when they began building bigger bikes. 
I'll usually say "Fuck Harley-Davidson".".
Ou em bom português...
"Em termos de acabamento puro, pessoalmente eu não gosto de Harleys. 
Eu as monto porque estou no clube, e essa é a imagem, mas se eu pudesse, seriamente eu iria considerar montar uma Honda ST1100 ou uma BMW. Nós realmente sentimos falta do barco não mudar para os modelos japoneses quando eles começaram a construir bicicletas maiores. 
Eu iria dizer "Foda-se Harley-Davidson".".
Uau! 😱😱 
Confesso que quando li essa afirmação do Sonny Barger me surpreendeu tanto que resolvi até publicar, afinal, diziam que marca de moto era "assunto sagrado" para os grandes "Motorcycle clubs" nos Estados Unidos. 
Se você não entendeu, então leia estes posts: 1%er, The Big Four, The Hells Angels, The Outlaws, The Bandidos e The Pagans.
Eh, parece que o tempo amolece até os corações mais peludos...

16/08/2019

Digger

Embalado pelo sucesso do filme “Easy Rider” lançado em 1969, a customização de motocicletas se popularizou rapidamente no começo dos anos 1970, principalmente nos Estados Unidos.
Neste movimento muito estilos de customização apareceram, tais como Chopper, Bobber, Scrambler, Tracker, Custom e o assunto deste post: DIGGERS.
As primeiras motos customizadas no estilo “Digger” (escavadeira) também surgiram no início dos anos 1970, recebendo forte influência das motos dragsters, chamadas de "drag bikes". 
O mestre Arlen Ness, que infelizmente faleceu recentemente em 22 de março de 2019, é considerado por muitos o criador deste estilo, dizem que ele criou a sua primeira digger baseada numa Harley Sportster depois de participar de um evento de drag Racing...
Na verdade, não sabemos se isso é verdade e nem mesmo importa tanto, o fato é que Ness foi mesmo o principal responsável por desenvolver e divulgar o estilo, criando trabalhos fantásticos ao lado de outros consagrados customizadores como Dave Perewitz, Donnie Smith e Barry Cooney.
As versões da origem do nome “digger” também diverge, alguns dizem que foi pela semelhança do estilo destas motos com as "drags bikes" da época, que também chamadas de “digger”, outra versão sustenta que as motos eram tão baixas que pareciam mesmo estar escavando o chão, logo a associação pegou... 
A definição de uma moto customizada no estilo Digger também sofre distorções, como as Chopper e Bobber, aqui vão as principais características de um bom projeto;
1) O visual da moto precisa ser longo e baixo, para obter esta aparência a estrutura do chassis é alongada com “backbones”.
2) Normalmente, são utilizados garfos dianteiros alongados, tipo Springer.
3) Tanques de combustível longos em forma de diamante e hexágono.
4) Escapamento destacado e barulhento.
5) Rodas grandes, no estilo "drag race".
6) E o motor? São bem vindas combinações de super chargers, turbos ou carburadores de corrida.
7) Pintura, claro, exclusiva bem trabalhada, abusando das cores chamativas e grafismo personalizado. 
Por tudo isso, muitos customizadores exploram estas características ao máximo, ao ponto das pessoas se perguntarem “como é que o piloto consegue se equilibrar nisso?”, de fato essa receita normalmente sacrifica o ponto de equilíbrio e a dirigibilidade da moto, mas isso faz parte do barato...
A capa de março de 1971 da revista Street Chopper foi a primeira revista especializada a mostrar uma Digger, durante a década de 1970 outras revistas deram muito espaço para o estilo em suas capas, as diggers eram as grandes estrelas de eventos como o Daytona Bike Week e Sturgis Rally
Porém, aos poucos, a partir da década de 1980 o estilo perdeu boa parte de sua notoriedade, ficando praticamente restrito aos concursos de customização. Não houve exatamente um motivo para tal, talvez parte desde "esquecimento" venha justamente da dificuldade de se usar uma moto digger no dia a dia ou simplesmente foi uma mudança de moda.
A boa notícia é que, gradativamente, nos últimos anos parece haver um resgate do espaço das diggers no universo da customização. 
Recentemente a empresa da família de Arlen Ness lançou um “kit” de chassis para montar motos Digger, além da consolidação de novos customizadores que fazem projetos neste estilo, tais como a OCC (da série de TV American Chopper).
Aqui ficamos na torcida, para nós, esse estilo é o maior barato.

10/08/2018

Altamont, 1969

Quando abordamos algumas histórias dos clubes de motocicletas mais notórios, como os Hells Angels, e seus personagens, como "Sonny" Barger), citamos os acontecimentos de Altamont como decisivos para cristalizar a má fama dos MC perante a opinião pública e a justiça americana.
Mas, o que de fato aconteceu em Altamont?
O “The Altamont Speedway Free Festival" foi um grande festival de rock realizado em 6 de dezembro de 1969, com detalhes interessantes: entradas e bebidas gratuitas (!!!). 
Olhem só o nível da lista de artistas envolvidos no show: Santana, Jefferson Airplane, Crosby, Stills, Nash & Young... 😍😍
Quer mais?!?! Ainda teve o Grateful Dead (responsáveis pela organização) e os Rolling Stones (responsáveis pela produção) fechando a noite. Uhu! 😝😝
O festival foi idealizado para ser uma espécie de “Woodstock West”, mas não foi tão "paz e amor" assim...
Antes de falar dos acontecimentos do festival vamos lembrar um pouco do contexto da época, fica mais fácil para entender toda a repercussão. O movimento "hippie" estava no seu ápice após Woodstock, mas apesar de todo apelo "paz e amor" junto à juventude, os "hippies" enfrentavam fortes críticas da conservadora sociedade americana, que não queria saber de viver na base do “paz, amor, sexo, drogas e muito rock’n’roll”👅. 
Veremos adiante que o saldo final de Altamont foi um prato cheio para estes críticos!
Voltando ao festival... Os problemas de organização já começaram na dificuldade em definir um local para o show, o Altamont Speedway acabou sendo escolhido de última hora e restou pouco tempo para preparação da infraestrutura. 
O local ficava no condado de Alameda, 90 km ao leste de San Francisco, faltavam banheiros, tendas médicas e o palco ficou pequeno e mal colocado, num lugar baixo, deixando os músicos totalmente expostos perante mais de 300 mil participantes.
Ficou a preocupação, como garantir a ordem e a segurança das bandas? 
Simples! Coloquem os Hells Angels para isolar e proteger o palco!!😳😳
Apesar de ser uma ideia de jerico, a decisão não era bem uma novidade porque os Stones já tinham utilizado os “serviços” dos Hells Angels, foi no famoso show do Hyde Park, o último antes da morte de Brian Jones em 3 de julho. Além deles, o Grateful Dead e o Jefferson Airplane também já tinham utilizado os “serviços” dos Angels em outros shows.
Em Altamont foram convocados os Angels do capítulo de Oakland, liberados por um tal "Sonny" Barger. 
O show começou com Santana e até que estava indo tudo bem, mas com cerveja grátis para todos não demorou para o pessoal dos Hell Angels ficarem bêbados, a multidão também foi ficando mais agitada e imprevisível e não demorou muito para começarem os tumultos próximos ao palco, nisso um dos Angels foi derrubado, e aí...😱
A resposta dos Hells Angels não podia ser outra a não ser farta distribuição de porrada para todo lado, sobrou até para Marty Balin, vocalista do Jefferson Airplane (veja vídeo), o guitarrista Paul Kantner ironicamente agradeceu aos Angels por derrubar Balin e um dos motociclistas pegou o microfone e começou a discutir com ele (surreal!). Sinal que viria coisa mais séria...
Por falta de segurança o Grateful Dead decidiu não se apresentar, isso deixou a multidão mais irritada e para salvar o dia (ou a pele de todos) os Stones, que iriam fechar a noite, decidiram antecipar a sua apresentação.
Se a chegada dos Stones à Altamont já tinha sido complicada, Mick Jagger foi agredido, o show já começou no meio do caos! 
Desde as primeiras músicas Mick Jagger tentava acalmar a multidão (dá para imaginar isso?!?!), quando eles cantaram “Sympathy for the Devil” o tumulto aumentou e a banda pediu para os Angels controlarem a situação novamente, porém quando veio “Under My Thumb” o pau comeu de vez. 
Nisso um rapaz  ensandecido chamado Meredith Hunter, de apenas 18 anos, tentou invadir o palco e acabou tomando um “corretivo” dos Angels, Meredith saiu e voltou pouco tempo depois com um revólver, um Angel chamado Alan Passaro percebeu e com sua faca partiu para cima de Hunter esfaqueando o rapaz, a briga causou mais pânico e um corre corre generalizado ferindo muita gente. Hunter chegou a ser atendido, mas morreu ali mesmo. 
O saldo final do festival ainda teve mais 3 pessoas mortas: duas por acidentes de carros, provocados pela bebedeira e drogas, e um afogamento de um rapaz com overdose de LSD.
Além das 4 mortes foram registrados inúmeros casos de carros roubados, grandes danos a propriedade e centenas de lesões corporais, no fim os Stones terminaram o seu show e tiveram que sair do local de helicóptero.
Todo esse caos acabou sendo retratado no documentário "Gimme Shelter" (1970) dirigido por Albert Maysles, David Maysles e Charlotte Zwerin, a revista Rolling Stone descreveu o show como o "pior dia de todos os tempos do rock and roll, 6 de dezembro, um dia em que tudo deu muito errado".
Dizem que o festival de “Woodstock”, realizado em agosto do mesmo ano, marcou o início de uma fase importante da contra-cultura, mas “Altamont” pouco tempo depois marcou o começo do fim de tudo. Uau!
Os organizadores do festival nunca admitiram que contrataram os Hells Angels para fazer a segurança do palco, dizem que o acordo era apenas para vigiarem os geradores, já os Angels sustentam que foram contratados por US$500 em cervejas e o acordo foi feito numa reunião entre Sam Cutler e Rock Scully, staffs do Grateful Dead, e Pete Knell, membro da filial do Hells Angels em São Francisco. 
No jogo do empurra-empurra, o dono do Altamont Speedway, Dick Carter, também se defendeu dizendo que contratou centenas de seguranças apenas para proteger a sua propriedade e não para garantir a segurança do público, pelo qual ele não era o responsável.
O documentário “Gimme Shelter” retratou os Stones como vítimas e não co-responsáveis pela organização caótica, afinal eles eram a segunda banda mais importante do momento. 
Assim, ficou fácil culpar os Hells Angels por toda a confusão, 
Era evidente que os Angels frequentavam os shows de rock para se divertir e beber, e que não tinham o mínimo preparo para garantir a segurança de ninguém, nem deles mesmos...
Por fim, se desde o final da década de 1950 os motorcycle clubs eram mal vistos em geral, após os eventos de Altamont viraram verdadeiros "inimigos públicos", passando a enfrentar aumento da repressão das autoridades. Na prática Altamont foi só a gota que faltava, porque o envolvimento real de alguns com o crime não era exatamente uma novidade.
E os Angels? Eles ficaram muito contrariados por terem sido considerados os grandes responsáveis pela tragédia de Altamont, chegando ao ponto de, dizem, bolar um plano para se vingar de Mick Jagger pela falta de apoio dos Rolling Stones após o show.

05/05/2018

The Big Four

Após o “Hollister Riot”, em 1947, muitas ocorrências ilegais começaram a serem atribuídas aos Motoclubes nos Estados Unidos, mesmo algumas vezes injustas ou exageradas, é fato que na década de 1960 houve um aumento do envolvimento de MCs com atividades ilícitas...
Nesta época novos motoclubes foram formados, alguns dissidentes de outros, os novos MC costumavam criar alianças com outros mais antigos, resultando em muitas batalhas territoriais.
A situação foi se agravando ao ponto de chamar a atenção da opinião pública e das autoridades dos Estados Unidos. Em 1970, foi aprovada nos Estados Unidos a lei federal “Racketeer Influenced and Corrupt Organizations (RICO)” contra o crime organizado, esta lei também acabou sendo usada contra os MC considerados infratores. 
Com base na lei RICO o FBI (Federal Bureau of Investigation) nos Estados Unidos e o Serviço de Inteligência Criminal do Canadá fizeram diversas investigações, processos e prisões contra vários clubes de motocicleta e seus membros. 
Quatro destes MC acabaram se destacando pelo seu “histórico” de envolvimento em contravenção e brigas eles ficaram conhecidos como “Big Four”: Hells Angels, The Pagans, The Outlaws e os The Bandidos
Os MC considerados "fora da lei" também são conhecidos como “1%ers”, pois não são sancionados pela American Motorcyclist Association (AMA) e não aderem às regras de conduta desta associação. 
Posteriormente a Procuradoria Geral da Califórnia também incluiu os motoclubes “Mongols” e “VAGOS” no topo desta lista de “celebridades”. Ao longo deste tempo o FBI afirma que os “Big four” (ou alguns dos seus membros) estiveram envolvidos em muitos crimes como tráfico de drogas e armas, tráfico de bens roubados e extorsão, além de graves episódios de luta por território ou pelo controle de pontos de venda de drogas. 
Entre as diversas investigações podemos citar uma operação de três anos do FBI denominada como “Rough Rider”, em 1985 ela culminou na apreensão de US$ 2 milhões em drogas e armas (inclusive armas antitanque). Foram envolvidos cerca de 1.000 agentes do FBI e detidos 133 supostos membros dos Hells Angels acusados de extorsão, tráfico de drogas ou venda ilegal de armas, a investigação também desmantelou operações em capítulos locais do MC que enviavam o dinheiro ilegal para a sede nacional dos Hells Angels.
No final dos anos 1990, no Canadá, houve um aumento substancial em atividades criminosas ligadas a Motorcycle clubs; 150 assassinatos, 84 atentados a bomba 😳e 130 casos de incêndio criminoso. As autoridades atribuíram como causas as disputas territoriais relacionadas ao tráfico de drogas e entre MCs, em especial aos Hells Angels.
Um outro grave acontecimento ocorreu em 27 de abril de 2002 no Harrah's Casino em Laughlin, Nevada, conhecido como “River Run Riot” foi um violento confronto entre os Hells Angels e os Mongols resultando em 3 mortes.
Em outubro de 2008, o FBI anunciou o fim de uma operação secreta de seis meses contra tráfico de drogas que envolveu, outra vez, o “Mongols Motorcycle Club”. Foram expedidos 160 mandados de busca e 110 mandados de prisão.
Talvez o pior episódio dos conflitos entre MC ocorreu em 17 de maio de 2015, em Waco, Texas, na ocasião vários motoclubes, incluindo os The The Bandidos e Cossacks, estavam reunidos no restaurante Twin Peaks para um encontro regular de motoqueiros. Repentinamente foi iniciada uma briga seguida de um tiroteio e a polícia de Waco, com uma equipe da SWAT, que estava monitorando a reunião revidou contra os motoqueiros. O final trágico computou nove motociclistas mortos, sete deles membros do “Cossacks Motorcycle Club” e outros dezoito feridos.
No meio destas controvérsias os motoclubes se defendem, alegando que a maioria dos casos foram ocorrências isoladas e de responsabilidade de alguns membros, não sendo uma prática deliberada dos MC e por isso eles não podem ser tratados como organizações criminosas. 
Esta alegação até pode ser verdade, por outro lado, existe a percepção das autoridades que os MC não se preocupam com ações efetivas para banir os associados “foras da lei” dos seus clubes.
De fato, mesmo considerando que qualquer atividade ilícita deve ser combatida com o rigor da lei, é difícil comparar um motoclube com uma organização mafiosa, nas organizações criminosas o crime e a violência são apenas meios para se chegar no lucro, nos MC ainda que estejam impregnados por maus elementos, os valores básicos do clube e a irmandade entre os seus membros deveria ser o mais importante. 
Mas, como as autoridades alegam, os MCs pouco ou nada fazem para eliminar os maus elementos dos clubes, então ficamos neste círculo vicioso de difícil solução...
Eh, saudades do tempo em que episódios como o “Hollister Riot” era o que de mais grave poderia existir.😔

03/05/2018

Bobber

A customização de motocicletas vem desde a década de 1920, quando o estilo “Cut Down” apareceu nos Estados Unidos. O objetivo das modificações era dar um visual mais moderno, melhorar o desempenho ou simplesmente dar mais personalidade para a motocicleta. O “cut Down” consistia basicamente em remover o para-lama dianteiro, encurtar a traseira e remover acessórios para aliviar o peso da motocicleta e melhorar o desempenho. 
O motociclismo se consolidava nos Estados Unidos, em 1933, a AMA criou um campeonato nacional das corridas de Classe C, participavam basicamente motocicletas Indian Daytona Scout, Harley-Davidson WLDR e WR, o visual das motos de pista lembrava muito o estilo “cut down”. 
Corridas "C Class" em 1935
Pouco depois desta época as motos britânicas começaram a chegar no mercado Americano, além de serem mais rápidas e leves, tinham estilo próximo ao “cut down”, assim logo começaram a dominar a cena das corridas e rachas, deixando os donos Harleys e Indians desesperados. 
Este pessoal tentou reagir, começaram a modificar o quadro, abaixar o selim e encurtar a distância entre eixos das suas motos, tirando o máximo de peso possível para se manterem competitivos. As motos modificadas desta forma passaram a serem conhecidas como “bob job”, bobbing era um termo usado em corridas de cavalo, onde os treinadores cortavam (to bob) o rabo de um cavalo.
Logo após a Segunda Guerra Mundial, os milhares de soldados americanos tentavam retomar suas vidas e deixar os traumas da guerra para trás, alguns tiveram dificuldades em se readaptar e adotavam os Moto Clubes como estilo de vida, aproveitando as milhares de motocicletas excedentes de guerra que foram vendidas muito barato.
O estilo “bob job” caiu no gosto deste pessoal para deixar as motos mais leves e rápidas, não existia muito glamour, geralmente as customizações eram feitas na garagem de casa com ferramentas e materiais simples: adeus aos pesados para-lamas, proteções, luzes indicadoras, mas mantendo o quadro da moto original.
Paralelamente aos primórdios dos "hot rod", a customização de motocicletas foi se desenvolvendo e o estilo minimalista passou a dar espaço para grandes modificações decorativas; muita cromagem, pintura especiais, pinstriping etc. Em 1946, Kenny " Von Dutch" Howard começou a colocar tanques de gasolina menor, guidões erguidos e canos de escapamento virados para cima na parte traseira, este estilo caiu no gosto dos entusiastas e logo virou uma espécie de padrão para os “bob-jobs”.
O estilo evoluiu nos anos 1950 e 1960, vários “sub estilos” passaram a ser aceitos de acordo com o gosto dos seus donos, chegando até influenciar alguns fabricantes como Harley-Davidson e a Honda.
O termo “Bob Job” (to bob, deixar mais curto em inglês) acabou sendo popularizado e encurtado para “bobber”, nos dias atuais dominam a cena de customização de motocicletas ao lado do estilo “choppers”, de garfo alongado que surgiram no final dos anos 1960. A principal diferença entre os dois estilos é que os Bobbers usam quadros originais, enquanto os Choppers usam quadros modificados, mas choppers é assunto para outro post...
O estilo “bobber” continua em destaque porque são bastante fáceis de criar a partir de motocicletas originais, demanda baixo orçamento e alguns construtores não tem receio de utilizar peças antigas ou de segunda mão. 
Nos anos 1990 aos poucos a customização de motocicletas e a kultura kustom retomaram sua popularidade, muito em função de programas de TV, as “bobbers”, apesar de se apresentarem mais requintadas, estão de novo no topo do gosto dos amantes das motocicletas.

12/01/2018

Hollister Riot

Aqui no blog já falamos de histórias dos famosos clubes de moto 😠(Hells Angels, Pagans, Outlaws e Bandidos) que são os considerados os “1%ER”, mas ainda não havíamos falado da origem deste termo... 
Essa história começa entre 3 e 6 de julho de 1947 na pequena cidade de Hollister, Califórnia, onde anualmente a AMA (American Motorcyclist Association) organizava o “Gypsy Tour motorcycle rally “.
Era um evento criado para ser apenas um encontro festivo entre motociclistas, mas os fatos ocorridos naquele ano chocaram a sociedade americana e, ao longo do tempo, desencadearam muitas outras coisas na história do mundo das 2 rodas. Tudo isso acabou ficando na história como o “Hollister Riot”.
As coisas começaram a sair do controle quando cerca de 4.000 motociclistas (10% mulheres) chegaram para participar da festa, era um número muito maior do que o esperado pelos organizadores.
Literalmente, os participantes “tomaram conta” da pequena cidade, buscando os shows, socializar e, como não, beber além da conta causando agitação e baderna. 
Veremos que, perante todo o potencial de confusão, ao final do evento os danos foram muito menores do que poderiam ser, ainda assim a repercussão negativa foi enorme!
Para entender o porquê de tanta repercussão negativa, temos que olhar com atenção o momento pelo qual passava a sociedade americana, dominada como nunca por valores conservadores. 
Muitas famílias e ex-combatentes viviam algum trauma pós Segunda guerra mundial, isso significava tolerância zero para confusão ou dificuldades de readaptação a uma vida “normal”.
Inúmeros veteranos sentiam dificuldades em se reajustar a vida civil, fosse por falta de aventura, da adrenalina ou dos seus “irmãos” de armas, muitos de fato nunca conseguiram superar seus horrores e traumas.
Indiretamente, esse sofrimento fortaleceu os clubes de motocicletas, entidades que "ofereciam" aventuras, perigos e camaradagem, além de existir farta e barata oferta de motocicletas excedentes das forças militares. 
E o evento "Gypsy Tour" em Hollister? Já ocorria anualmente desde a década de 1930, só foi cancelado durante a 2ª guerra mundial, com o objetivo oficial de promover o turismo no dia quatro de julho, o Memorial Day. 
Outros eventos semelhantes ocorriam em toda a América, mas Hollister era considerado um dos melhores por ser realizado numa cidade muito pequena (cerca de 4.500 pessoas) que o tratava como o "grande acontecimento do ano".
Voltando a 1947, os principais MCs da época estavam presentes: “The Pissed Off Bastards of Bloomington”, “The Booze fighters”, “The Market Theater Commandos”, “Top Hatters Motorcycle Club” e o “Galloping Goose Motorcycle Club”. 
A estrutura da cidade se mostrou totalmente despreparada para atender número de pessoas que chegavam, os 21 (!) bares não suportaram tanta gente e logo o pessoal começou a andar de moto completamente bêbados, jogar garrafas de cerveja nas janelas, tirar rachas e outras confusões menores. Não haviam hotéis também, logo os motoqueiros passaram as noites dormindo pelas calçadas e gramados.
A “imensa” força policial da cidade, composta por apenas 7 policiais, tentou parar com a bagunça montando barricadas, usando gás lacrimogênio e prendendo o máximo de embriagados possível, os bares fecharam duas horas antes do tempo, mas mesmo assim a agitação continuou até o término do evento, deixando muita sujeira e garrafas de bebidas vazias para trás.
Muitos moradores até sustentaram que não houve de fato uma depredação generalizada, os motociclistas apenas estavam extravasando sem causar grandes danos. O saldo final foram cerca de 50 pessoas presas, a maioria por embriaguez e perturbação da paz, também foi contabilizado 60 feridos sendo 3 em estado grave, mas nenhum morador da cidade esteve envolvido nestes incidentes.
Porém, os incidentes em Hollister foram, logicamente, explorados de maneira exagerada e sensacionalista pela imprensa americana, relatando que os motociclistas "assumiram o controle da cidade" instaurando um verdadeiro "pandemônio". O jornal “San Francisco Chronicle” descreveu o evento com os títulos "Havoc in Hollister" e "Hollister's Bad Time", comparando a atos de terrorismo. 
Uma foto tirada por Barney Peterson, repórter do SF Chronicle, retratando um motociclista bêbado (Eddie Davenport, dos Tulare Riders motorcycle club) em cima de uma moto cercado de garrafas de cerveja virou o símbolo do “caos”. 
A tal foto foi publicada pela revista Life, na edição de 21 de julho de 1947, transformando o assunto em escândalo nacional, afinal a Life era um dos principais meios de comunicação nos Estados Unidos na época. 
Algumas testemunhas sustentaram, porém, que a foto foi encenada, outros defenderam Peterson dizendo que nada foi arranjado, interessante que o jornal SF Chronicle relatou o tumulto e não publicou a foto, mesmo Peterson sendo seu repórter. 
Independente desta discussão, o resultado foi toda a opinião pública americana se voltar contra quem estivesse em cima de um veículo de 2 rodas. 
A repercussão negativa foi tamanha que a AMA foi obrigada a divulgar uma declaração dizendo que não tinham envolvimento com os ocorridos em Hollister, dizia o comunicado: "o problema foi causado por um por cento que mancham a imagem pública de motocicletas e motociclistas, logo 99% dos motociclistas são cidadãos bons, dignos e respeitadores da lei". 
Nascia assim o termo “1%er”!!!
O curioso é que atualmente a AMA sustenta não ter registro de ter emitido tal declaração, mesmo assim o termo “one-percenter” ainda é amplamente utilizado para descrever os clubes e motociclistas foras da lei. 
No fim das contas, o tumulto de 1947 não teve mesmo graves efeitos sobre a cidade, tanto que o evento continuou sendo realizado anualmente na cidade. 
Em 1997 foi realizada a comemoração do 50º aniversário, o resto ficou na história.

05/01/2018

What´s your name? Viúva Negra

Lançada em 1973 e produzida até 1993, a Yamaha RD 350 marcou época nas ruas e nas pistas, inclusive pelo polêmico apelido que recebeu: Viúva Negra.
A designação RD vem de “Road Developed”, traduzindo para algo como “feita para disputas”, no Brasil o modelo fez muito sucesso entre 1974 e 1976, quando o mercado foi fechado para importações de carros e motos. 
O modelo importado tinha o tradicional motor de 2 tempos de apenas 347 cm3 e 3,8 mkgf de torque, era uma moto muito potente desenvolvendo 39 cv a 7.500 rpm, com apenas 143 kg de peso atingia a velocidade máxima de 166 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em torno de 7 segundos, deixava para trás até algumas motos maiores.
Era quase uma moto de competição feita para andar nas ruas, mas o que a tornava desafiadora era a sua curva de torque, em baixa rotação era quase nula, mas a partir de 5.000 rpm ocorria uma “explosão” de potência. Além de acelerar forte e encarar bem as curvas rápidas, a estupida curva de potência da moto exigia muita habilidade para lidar com os freios e o motor 2 tempos nas reduções e retomadas. 
Estas características não eram nada simples de domar, principalmente no mercado brasileiro onde não eram oferecidos outros modelos com as mesmas características, tais exigências levaram muita gente boa para o chão, infelizmente com várias vítimas fatais. 
Daí a origem do seu apelido e por ele ter ficado cada vez mais forte.
Em 1986 a moto passou a ser produzida no Brasil, mas já sem tanta bestialidade e com muitas mudanças visuais, incluindo uma carenagem semi-integral (urgh!). 
Difícil dizer se o apelido ajudou ou prejudicou as vendas da moto, o fato é que ajudou a criar um mito, afinal ser dono de uma viúva negra era também sinônimo de ser um piloto hábil e corajoso.
Coisas do bicho homem....

22/12/2017

Kustom Kulture

A “Kustom Kulture” ou cultura custom (escrita com C ou K) é um movimento de múltiplas faces iniciado nos Estados Unidos, não houve uma data especifica, não houve um fundador, as coisas simplesmente começaram a acontecer ao longo da década de 1940... 
O termo é derivado das palavras “Custom” (personalizado) e “Culture” (cultura) ou, traduzindo ao pé da letra, a “cultura da personalização”. 
Na verdade, para definir e entender a Kustom Kulture temos que ter um olhar mais amplo porque é um movimento que aborda inúmeras tendências: arte visual (aerografia e pinstriping), carros, motos, moda, tatuagens e música, chegando a influenciar até no estilo de vida dos seus simpatizantes, tais como rockers e as pin-ups. 
A Kustom Kulture também influenciou ou originou inúmeros outros movimentos culturais e comportamentais, conhecidos como subculturas, alguns destes se tornaram independentes outros não, o interessante é que até hoje a cultura da customização vem se desenvolvendo e mudando, porém sem perder sua essência inicial.
Muita gente, principalmente no Brasil, associa indevidamente a Kustom Kulture apenas aos “hot rods”, de fato ambos estiveram sempre muito ligados, mas como dissemos a KK tem muito mais. 
O “hot roding” ganhou força na década de 1940, após crises financeiras e o final da segunda guerra mundial os jovens americanos tinham recursos financeiros e materiais escassos para curtir as suas paixões e reencontrar os seus propósitos. Na época os carros proporcionariam a desejada liberdade, então para driblar esta situação eles mesmos passaram a construíram e pilotar seus carros e motos. 
Também buscavam novas formas de se expressar através do jeito de ser vestir, no estilo de música e arte.
Falando em arte, na KK todos viravam “artistas” pintando e modificando suas maquinas de acordo com sua vontade e personalidade, tudo para externar a sua rebeldia contra o “status quo” da época. 
Talvez no fundo os jovens tentavam apenas reerguer suas vidas e afastar seus traumas do pós-guerra.
Falando dos carros, os “Hot Rods” normalmente eram modelos das décadas de 1920 a 1940, baratos e abundantes, modificados para correr, principalmente nos desertos de sal da Califórnia e nas praias dos sul da Flórida. 
As rodas eram trocadas por outras mais largas, os motores eram trocados por outros maiores ou preparados, a suspensão rebaixada, o visual era incrementado com tetos rebaixados e as pinturas customizadas usando novas técnicas como metalflake, candys e pinstriping (dependendo dos recursos do dono).
Acontecia algo semelhante com os amantes das motos, nesta época os modelos Harley-Davidson e Indian eram abundantes e baratas vendidas como sobras de guerra, seus donos (ex-soldados) retiravam todos os itens não essenciais deixando-as mais leves, com estilo despojado e agressivo, que ficou conhecido como “Bobber”. Podemos dizer que os “Motorcycle clubs” de hoje tiveram influências ligadas ao kustom Kulture, mas depois seguiram outros caminhos...
Ainda falando de motos, algo semelhante acontecia com outro movimento na Europa, em especial no Reino Unido, chamado “cafe racer”. Por lá os jovens modificavam as motos (normalmente das marcas Norton, BSA e Triumph) para tirar corridas entre os cafés.
Grandes artistas, do pincel e da mecânica, tiveram origem ou foram ligados ao Kustom Kulture, nomes como Kenny “Von Dutch” Howard, Ed “Big Daddy” Roth, Dick Dean, Gene Winfield, Indian Larry, Dean Jeffries, Robert Mitchun, George Barris e outros, o trabalho destes influenciou muito a indústria automobilística. A kustom kulture também acabou fomentando outros negócios, como empresas de autopeças de Dean Moon e Barney Navarro, e em outras áreas como a Von Dutch Originals, multinacional de roupas que nasceu da inspiração de Kenny Howard.
A partir da década de 1950 a kultura Kustom se aproximou da contracultura norte-americana defendendo princípios como liberdade, estilo, sexo e movimento. Também começaram a aparecer outros estilos de customização como o “lead sled”, “gassers” e os ”Lowriders”, estes usavam geralmente modelos Chevrolet Impala, instalando kits hidráulicos na suspensão para alterar a altura do carro, fez muito sucesso com as subculturas de latinos na periferia das grandes metrópoles americanas.
Na década de 1960 e 1970 tivemos os "mods" e "rockers", depois vieram os "skinheads", os "punks" e "heavy metal", nos anos 1980 o "rockabilly" e em 1990 o "psychobilly", com cada tribo sempre adicionando seus próprios ideais e padrões estéticos, fazendo da “Kustom Kulture” um espaço colaborativo em constante transformação.
Se no final da década de 1990 a “Kultura Kustom” parecia estar sendo gradativamente esquecida, nos últimos tempos está havendo um renascimento, ainda pouco explicado. 
Será que as pessoas se cansaram de estar cada vez mais atreladas a questões materiais e de cultura de massa?
Não é nossa pretensão fazer um estudo social, o que importa é poder curtir o caráter e a essência da cultura “Kustom”; ser homogêneo e heterogêneo, abrigando em harmonia uma grande diferença de estilos e atitudes.