22/09/2015

Clay Smith - Mr. Horsepower

A história da empresa do Pica-pau fumando charuto e com cara de mau é cheia de reviravoltas 😜, tudo começa com um cara chamado Pierre “Pete” Louis Bertrand nascido no México, em 1902. Pete cresceu na fazenda dos seus pais em Nebraska e era um arrojado piloto de corridas na Costa Oeste, terminou em oitavo lugar na liga “AAA Pacific Coast Sprint Car” em 1934, porém um grave acidente em 1935 mudou todo o seu destino. 
No período em que esteve no hospital conheceu Esther, uma enfermeira que cuidou de Pete e com quem se casou, ela teve forte influência na decisão de Pete abandonar (ah, estas nossas mulheres) as corridas. 
Pete decidiu parar de correr, mas não abandonou o mundo dos “hot rods” e corridas. Ele decidiu abrir uma empresa em Long Beach, Califórnia, afinal era lá onde o movimento hot rod dava os seus primeiros passos e os recordes começavam a ser quebrados nos desertos de sal. 
Logo os produtos de Pete começaram a fazer sucesso entre os rodder locais rivalizando com os produtos de Ed Winfield, mas infelizmente com apenas 40 anos Pete faleceu de pneumonia em 1942.
Poderia ser o fim da história e da empresa, mas um dos seus empregados decidiu comprar o negócio. Este cara era Clayton Sherman Smith e renomeou a empresa para “Clay Smith Cams”.
Clay Smith começou a sua carreira com Pete Bertrand vários anos antes, era jovem, muito inteligente e logo aprendeu tudo rapidamente. Smokey Yunick chegou a chama-lo do "mais inteligente mecânico do mundo", também tinha o título informal de "Gênio mecânico da América". No final dos anos 1940, Smith estabeleceu a sua empresa em Los Angeles e começou a construir motores que estabeleceram recordes mundiais. 
Em 1947, Smith se juntou com Bill Stroppe para preparar um hidroavião que bateu diversos recordes com um motor Ford de seis cilindros em linha, mesmo com os engenheiros da fábrica dizendo ser impossível atingir os resultados esperados. Isso fez Clay Smith ganhar reconhecimento nacional, tanto que ele e Stroppe foram contratados pela Ford para diversos projetos especiais, seus motores tinham grande potência e também conseguiam ser muito eficientes no consumo de combustível. Em 1950 os dois uniram-se e ganharam o “The Mobil Gas Economy Run”. 
Clay Smith
Smith esteve envolvido com diversas equipes nas 500 milhas de Indianápolis, em 1952 ele foi o mecânico-chefe do carro vencedor com Troy Ruttman, a parceria entre Smith e Stroppe também produziu os Lincolns da corrida “La Carrera Panamericana” que dominaram toda a prova de 1954.
Todo este sucesso chegou tão rápido quanto terminou, tragicamente. Em 1954 um carro de corrida pilotado por Rodger Ward bateu na reta em Du Quoin, Illinois, o carro desgovernado entrou nos boxes e acertou Clay matando-o. Clay era amigo, mentor e ex-chefe de equipe de Ward, este ficou tão abalado que quase desistiu da carreira após o acidente.
Após a morte de Smith, "Red" Wilson se casou com a sua viúva, Ruthelyn, e assumiu o controle da empresa. Mas, novamente o destino fez a empresa mudar de mãos quando Wilson morreu em um acidente de barco. Ruthelyn vendeu o negócio para o seu parceiro Howard Jerome na década de 1960. Foi então que George "Honker" Striegel assumiu a empresa em 1969 e desde então até hoje está no controle da “Clay Smith Engineering”. Striegel frequentava a loja de Clay no final dos anos 1950, então com 18 anos, mal sabia ele que o destino iria leva-lo a ser o dono da empresa.
A “Clay Smith Cams” é um negócio em operação há mais de 70 anos, a empresa é cheia de histórias de sucesso no mundo das corridas e a sua marca registrada, o pica-pau vermelho fumando um charuto, é um ícone mundialmente famoso entre os pilotos de carros e barcos. 
Na verdade essa imagem é uma caricatura do próprio Clay Smith, que tinha a cabeça cheia de cabelo vermelho e sempre mantinha um charuto na boca. Ele ficou conhecido com o apelido do próprio Clay Smith, Mr. Horsepower, sendo praticamente o mesmo nestes anos.
É uma empresa que entrega produtos de qualidade e ainda mantém fortes traços com suas origens, por exemplo, ainda usa máquinas manuais em vez de CNC para fabricar seus eixos de comando. A produção é pequena, entre 5.000 e 10.000 unidades de comandos de válvula por ano, fazem pouca publicidade e contam com a fidelidade de seus clientes para divulgar e vender seus produtos. Além dos comandos de válvula, produzem motores, bombas de combustível, distribuidores entre outras peças e componentes de alto desempenho 😀.

Um comentário:

Unknown disse...

Que matéria legal.