09/10/2015

Cosworth (Round 1)

Afinal, qual foi o motor de maior sucesso na história da F1?
A resposta é relativa. Alguns apontam a Ferrari por ser o motor mais vitorioso da F1 com (até agora) 223 vitórias desde 1951 (222 da própria equipe e uma vitória da Toro Roso, primeira de Sebastian Vettel em Monza, 2008), outros apontam para outro motor que ganhou “apenas” 179 GPs, porém equipou 67 equipes diferentes por 48 temporadas; COSWORTH
A empresa responsável por esta obra prima mecânica foi criada em 1958 por dois ex-funcionários da Lotus Engineering, Mike COStin e Keith
Costin e Duckworth
DuckWORTH (10/08/1933 – 19/12/2005), o acrônimo dos sobrenomes dos fundadores formou o nome da empresa. 

Inicialmente as instalações da empresa ficavam em Shaftsbury Mews, próximo a Londres, mas logo se mudaram para instalações maiores onde começaram o desenvolvimento do seu primeiro motor chamado de Mk1, um 4 cilindros baseado no motor Ford 105E do Anglia.
A Cosworth, inicialmente, manteve forte envolvimento com a equipe do ex-patrão de Mike e Keith, Colin Chapman. Na época a Lotus era o principal cliente e tinha exclusividade em algumas gerações de motores, podemos dizer que sem a Lotus a Cosworth não teria recursos financeiros para dar certo. 
Em 1960 veio a primeira vitória de um carro com motor Cosworth, quando Jim Clark com um Lotus 18 ganhou uma corrida de Fórmula Junior em Goodwood. Em 1964 houve uma nova mudança para instalações maiores em Northampton, cidade onde a empresa está até os dias de hoje.
Devido às mudanças de regulamento da F1 para a temporada de 1966 os motores seriam de três litros, a principal fornecedora Coventry Climax decidiu se retirar e muitas equipes partiram em busca de novos fornecedores, Colin Chapman estava entre eles.
Sem muitas opções confiáveis, Chapman acionou os seus velhos amigos Mike e Keith. A partir do projeto FVA, um motor Ford de quatro cilindros, 1.600 cm3 e 16 válvulas da Formula 2, foi estabelecida a base do motor de 3 litros, fundindo dois blocos em V. O nome do novo motor foi DFV (Double Four Valve). O novo motor DFV estreou na temporada de 1967 conseguindo vencer na F1 logo na sua primeira corrida, no GP da Holanda, novamente com a lenda Jim Clark.
Outra versão do projeto chamada FVC, de 1.800 cm3, foi usada com sucesso em campeonatos de carros esportes. 
O Cosworth DFV não era exatamente um motor revolucionário, mas estabeleceu novos padrões de eficiência e confiabilidade, se por um lado não tinha tanta potencia quanto os rivais de 12 cilindros, por outro era mais leve e tinha melhor relação peso x potência, ele possibilitava mais opções aos projetistas. O bloco era completamente fundido em alumínio e apresentava grande rigidez, essa característica foi determinante no projeto vencedor de Chapman para a F1, o Lotus 49. O modelo 49 foi o primeiro carro da F1 onde o motor era parte da estrutura do carro, dispensando o subchassi, o habitáculo do piloto, motor, câmbio e suspensão formavam uma estrutura única, porém mais rígida e leve. O Lotus 49 venceu 2 campeonatos de construtores da F1 (1968 e 1970) e do 2 títulos de pilotos (Graham Hill, 1968 / Jochen Rindt, 1970), o motor Cosworth DFV foi parceiro fundamental nestas conquistas.
O DFV também trazia outros diferenciais importantes como quatro válvulas por cilindro acionadas por duplo comando de válvulas e injeção direta mecânica, as versões iniciais entregavam aproximadamente 225 HP a 9.000 RPM, fez um par perfeito com caixas de câmbio Hewland de 5 velocidades. 
Lotus 49 e Jim Clark
A partir de 1968 o DFV deixou de ser exclusivo da Lotus e passou a ser oferecido para outras equipes, o resultado foram 155 vitórias em 15 temporadas dominando a F1 até 1971, naquela época era comum ver um grid composto quase que unicamente por motores Cosworth (exceção a Ferrari). 
Por tudo isso o DFV com as suas evoluções é considerado o motor de maior sucesso na F1 de todos os tempos.
O motor empurrou 12 de 15 títulos mundiais de F1 entre 1968 e 1982, vários dos maiores pilotos de todos os tempos foram campeões com o DFV; Jackie Stewart, Emerson Fittipaldi, Mario Andretti, James Hunt e Nelson Piquet.
Este período de glórias levou a Cosworth a ser reconhecida como a maior fabricante de motores de competição não apenas para a F1, mas em todo o mundo.  
Uma passagem interessante, apesar de não ter sucesso, na história da Cosworth foi a tentativa de projetar um carro completo de F1. A “aventura” ocorreu em 1969, o carro foi desenhado por Robin Herd e tinha como grande novidade tração nas quatro rodas! 
O carro utilizou uma transmissão projetada por Keith Duckworth e era alimentado por uma versão de magnésio do DFV. Entre outros desafios técnicos, o motor foi ligado em 180 graus e a embreagem instalada na frente para se conectar com um diferencial central. O eixo traseiro foi instalado na parte de trás do motor.
Cosworth 4WD
Logos nos primeiros testes o carro (além de feio!) mostrou sérios problemas de dirigibilidade e aderência, principalmente pela distribuição desigual de peso. Apesar do cenário pessimista conseguiram persuadir Jackie Stewart a fazer testes com o carro, depois de algumas voltas ele sentenciou que o carro era um fracasso. Mesmo com tudo isso contra, a Cosworth levou o carro para o GP Britânico de 1969 com Trevor Taylor, mas depois das primeiras voltas de treino ele foi discretamente retirado. Quando Herd saiu da Cosworth para formar a equipe Mach o projeto foi cancelado de vez.
Mas a história de sucesso da empresa não parou por ai... 

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