04/08/2021

Luigi Segre

Luigi "Gigi" Segre
Dizem que são os alemães que fazem os melhores carros, isso pode até ser verdade, mas tem outra coisa não se discute; os Italianos (Ghia, Bertone, PininfarinaItaldesign, Zagato, Scaglietti) é que fazem os carros mais bonitos!
Agora vamos lembrar de um grande designer Luigi "Gigi" Segre.
Nascido em 8 de novembro de 1919, além de um grande designer, Gigi se diferenciou pelo seu talento nos negócios e engenharia, não foi por acaso que durante a sua gestão, entre 1953 e 1693, a Carrozzeria Ghia se tornou um das principais estúdios de design automobilístico do mundo.                           
Mario Boano
O começo da carreira de Gigi foi em outra área, no negócio de construção de seu pai em Nápoles, mas como tantos teve sua carreira e estudos interrompidos pela Segunda Guerra Mundial.
Em 1943, Segre tomou posição contrária as forças do eixo e participou da revolta civil que ficou conhecida como os “Quatro Dias de Nápoles”, mas foi além, se integrou as tropas dos EUA e tornou-se um contato oficial entre o OSS (Escritório de Serviços Estratégicos, um precursor da CIA moderna) e grupos partidários da resistência. 
Foi nesse período que Segre se tornou fluente no inglês, na cultura e nos costumes americanos, o que viria a ser um grande diferencial no futuro de sua carreira...      
Após o final da WWII, Segre se graduou em engenharia e foi contratado como gerente na Ford, depois mudou-se para a SIATA (Società Italiana Auto Trasformazioni Accessori) onde se aperfeiçoou em design automotivo com o fundador Giorgio Ambrosini. 
Em 1948, com apenas 29 anos, foi contratado por Mario Boano como diretor comercial para a Carrozzeria Ghia, com muita competência Segre elevou o faturamento da empresa de 10 milhões para 30 milhões de dólares em poucos anos e foi ocupando cada vez mais espaço na empresa. Entre 1949 e 1950 Segre também teve uma breve carreira de piloto, conquistando vitórias na classe Mille Miglia Turismo 1100 com um Fiat 1100, tendo como companheiro Gino Valenzano (1920-2011).
Aproveitando da sua fluência no inglês, Segre fez vários contatos nos EUA e conheceu Virgil Exner e K. T. Keller, respectivamente estilista-chefe e CEO da Chrysler. Como Boano não falava inglês, aos poucos foi sendo relevado a um papel secundário na própria empresa, isso foi um dos motivos dos graves problemas de relacionamento que viriam entre os dois.
Foi neste período que Segre também começou a negociar contratos com Volkswagen, Renault, Fiat, Volvo e outras grandes montadoras. 
Em 1953, a Ghia ajudou a Renault no projeto do Dauphine e se uniu a Wilhelm Karmann para, discretamente, trabalhar num novo carro para a Volkswagen, que estava embalada pelo sucesso do fusca e buscava um novo modelo mais sofisticado. 
No final do ano entregaram um protótipo, usando a base do Fusca, para Willhelm Karmann, que por sua vez apresentaria à Volkswagen. O projeto também teve participação de Mario Boano, Sergio Coggiola e Giovanni Savonuzzi, cada um levou parte do crédito do projeto, que virou um ícone de estilo: o Karmann-Ghia. 
A Volkswagen aprovou o projeto em novembro de 1953, o carro estreou nos salões de Paris e Frankfurt de 1955 e no Hotel Kasino em Westfalia, Alemanha, em 14 de julho de 1955, o carro vendeu mais de 445.000 unidades em 19 anos de produção, em vários países.
Gigi Segre se tornou amigo pessoal de Virgil Exner, ao ponto das famílias de ambos viajarem juntos pela Europa, Segre enviou a Exner um exemplar da primeira produção que Karmann Ghia, em gratidão.
Ao longo dos anos seguintes os problemas de relacionamento entre Segre e Boano se agravaram, Boano queria que a Ghia seguisse se concentrando no mercado italiano e Segre queria internacionalizar a empresa. No fim Segre tornou-se majoritário na empresa e conseguiu transformar a Carrozzeria Ghia numa empresa de design reconhecida mundialmente.
Segre e o amigo Virgil Exner
Em 1960, depois de modernizar a Ghia, Segre percebeu que continuar expandindo a empresa a faria perder a reputação de uma prestigiada oficina artesanal de design, por isso decidiu, em parceria com o amigo Olivetti (1889-1967), fundar a OSI (Officine Stampaggi Industriali), que utilizaria apenas os equipamentos e técnicas mais modernos para satisfazer as exigências dos clientes, mas sem prejudicar a reputação original da Carrozeria Ghia.
Na vida pessoal, em 1955 casou-se com Luisa de Berto e tiveram os filhos Edmondo (1957) e Silvio (1959). 
Esta história de sucesso foi interrompida, subitamente, com a morte de Luigi Segre aos 43 anos, em 28 de fevereiro de 1963, após uma remoção bem sucedida de pedras nos rins. Na época os médicos suspeitaram que Segre havia contraído uma infecção viral durante uma viagem de negócios ao Brasil, mas isso nunca foi confirmado. 
Ele deixou a esposa, Luisa e filhos, na época com 6 e 4 anos de idade. Logo depois a viúva decidiu vender a maior parte de empresa para Ramfis Trujillo (1929-1969) em 1965. O resto da história da Ghia está aqui.

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