19/03/2015

Hells Angels (Parte 2 - Final)


No início das suas atividades logo após a sua fundação, o HAMC era parecido com outras centenas de clubes de motociclistas, mas isso começou a mudar apenas alguns anos depois da fundação quando os "Angels" começaram a se diferenciar quando passaram a seguir critérios rígidos para admissão de membros, isso ajudou a manter muita discrição (ou sigilo?) sobre o que acontecia dentro do grupo e das suas sedes locais. Ainda hoje se leva anos para tornar-se um membro efetivo dos Hells Angels; 
Primeiro, o interessado torna-se um "Membro Ocasional" sendo convidado por outro membro efetivo para passar por uma fase de iniciação, ou seja, ficar um tempo participando dos eventos e se integrando com os demais membros, então o convidado pode virar um "Candidato-Associado". 
Após uma longa avaliação, cerca de dois anos, o "Candidato-associado" vai para a votação e só ganhará o direito a se tornar membro definitivo, ou "Distintivo Pleno", se for escolhido por unanimidade pelos membros do grupo local. Só depois de tornar-se "Distintivo Pleno" tem o direito de usar o distintivo e demais símbolos do grupo; Logotipo de caveira do Hells Angels, as palavras “Hells Angels” e a localização do clube local.
Os requisitos básicos dos candidatos são; 
1 - Ter licença de motorista.
2 - Se dono de uma moto.
3 - Ficha policial limpa (nos dias de hoje, antes isso não era requisito). 
4 - Jamais ter se inscrito para trabalho como policial ou agente penitenciário.
5 - Não ser um molestador de crianças!
Evidente que “ser dono de uma moto” entende-se uma Harley-Davidson, pois não são aceitas outras marcas. Existe também uma informação, que não consegui confirmar, que só são aceitos membros brancos porque o HAMC tem certas afinidades com organizações racistas. Novamente faço a ressalva que não consegui confirmar a veracidade, particularmente espero que seja mentira!
Estima-se que um membro dos Angels rode umas 20 mil milhas por ano (32 mil km). Aja bunda!
Nas duas décadas seguintes a sua criação os Angels conseguiram se consolidar no seu estado de origem e também em vários outros estados dos Estados Unidos. A partir de 1961 tornaram-se um grupo internacional com a aceitação de uma sede em Auckland, Nova Zelândia. 
Em julho de 1969, o HAMC alcançou a Europa com a aceitação de membros em Londres. O Brasil teve a primeira sede do grupo da América do Sul, no Rio de Janeiro em 1974. Para fechar o seu lado “globalizado” o HAMC chegou à África do Sul, em Johanesburgo em 1993. A Turquia foi o primeiro país muçulmano a se juntar ao clube em 2009.
O estilo de vida “selvagem” naturalmente leva a excessos de comportamento, algo difícil de controlar que se tornou impossível com o aumento do número de membros e sedes. Ao longo das décadas vários membros dos Angels foram acusados de envolvimento em arruaças, venda de drogas e porte ilegal de armas. Estes e outros delitos, até de maior gravidade, moldaram a fama que os persegue até hoje. 
O livro “Hell’s Angels: The Strange and Terrible Saga of the Outlaw Motorcycle”, publicado em 1966 pelo jornalista Hunter Thompson, ajudou a cristalizar esta imagem. No livro são retratados episódios e controvérsias que o autor presenciou durante o ano de convivência com o grupo. Os filmes “Wild Angels” (1966) e “Easy Rider” (1969), que imortalizou a canção "Born to be Wild", também ajudaram a consolidar a má fama.
Porém, o evento mais marcante associado aos Angels ocorreu em 1969, durante o festival de
música “Altamont Free Concert” que teve participação das bandas como Grateful Dead e Rolling Stones. Alguns membros dos Hells Angels foram contratados como seguranças (!?!?), este pessoal se envolveu em um grande tumulto que resultou na morte de um jovem negro durante o show dos Rolling Stones. Apesar da organização caótica e irresponsável, convenientemente, os Angels acabaram como responsáveis pelo trágico episódio.
Uma parte posterior desta história cita que alguns Angels organizaram um plano para assassinar o vocalista dos Rolling Stones, Mick Jagger, como vingança após o show. O assunto veio a tona após um ex-agente do FBI revelar, em entrevista para a BBC, que alguns membros queriam vingança porque Jagger dispensou os serviços do grupo após a confusão. 
Desde então a má fama persiste, tanto que em 2008 o Departamento de Justiça dos Estados Unidos declarou que ainda considerava os Angels como uma espécie de organização de crime organizado. Hoje existe a preocupação de, pelo menos, amenizar a imagem ruim, mas o clube paga o preço de não ter se preocupado de separar os fatos dos mitos, talvez até gostassem da controvérsia.
Nos dias de hoje muitos membros chegam a participar de causas humanitárias, nunca serão cavalheiros, mas também não são mais os mesmos fora da lei.
Ralph “Sonny” Barger, fundador da sede de Oakland, com mais de 70 anos ainda é uma espécie de porta-voz do grupo. O seu lema é muito simples: “Trate-me bem e vou te tratar ainda melhor, trate-me mal e vou te tratar pior ainda”, dizem (outra lenda?) que chegou a apontar uma arma para Keith Richards no mal fadado festival de Altamont, em 1969. 
Existem mais de 100 sedes ativas do HAMC espalhadas pelos 5 continentes, desta forma é considerado o maior moto clube do mundo, mas é difícil de mensurar com certeza quantos são os membros. 
A sede de São Paulo se reúne todo segundo domingo do mês no bairro de Santana, mas fica um aviso; se você acha que vai chegar lá e ir entrando para a patota, esqueça! O cuidado com o sigilo e descrição das atividades dos Hells Angels continuam intocados
Para saber mais http://www.hellsangels.com.br/ e http://affa.hells-angels.com.

Nenhum comentário: