17/02/2017

Zora Duntov

No natal de 1909 nasceu na Bélgica Zachary Arkus, filho de judeus russos, seu pai era engenheiro de mineração e sua mãe estudante de medicina. A família voltou para Leningrado e logo depois seus pais se divorciaram, sua mãe casou-se novamente com Josef Duntov. O seu pai e o seu padrasto tinham boa relação, tanto que ele e o irmão Yura assumiram o sobrenome de Arkus-Duntov.
Em 1927, mudou com a família para Berlim onde começou a trabalhar como condutor de bondes, logo se envolveu com corridas de motocicletas, mas por pressão de seus pais que achavam muito perigoso decidiu comprar um carro de corrida (!), onde começou o seu envolvimento com carros. 
Formou-se na Universidade Tecnológica de Charlottenburg, em 1934, e começou a escrever artigos de engenharia para a revista “Auto Motor und Sport”. Conheceu Elfi Wolff, uma dançarina do famoso salão de dança em Paris “Folies-Bergere” e se casaram em 1939, viveram juntos por mais de 55 anos. No começo da segunda Guerra Mundial, “Zora” Duntov e seu irmão Yura se juntaram à Força Aérea Francesa para lutar contra as forças do eixo, após a rendição da França eles conseguiram fugir dos nazistas para Nova York. 
Nos Estados Unidos, os irmãos Duntov abriram uma empresa de engenharia chamada “Ardun Mechanical” (o nome veio de ARkus e DUNtov), fizeram sucesso fabricando peças de alumínio, como o cabeçote Ardun, que resolviam os crônicos problemas de superaquecimento dos motores Ford Flathead V8, além de extrair mais de 300 CV de potencia destes motores. Nada mal para a época...
Duntov e o Allard J2
A empresa cresceu chegando a ter mais de 300 funcionários e muito prestígio no mercado, mas decisões financeiras erradas provocaram o fechamento do negócio. Zora voltou para a Inglaterra, em 1950, para trabalhar com Sydney Allard no desenvolvimento de um novo carro esportivo, o J2. Eles competiram, no caso de Zora também como piloto, nas 24 Horas de Le Mans em 1952 e 1953, mas o sucesso veio pilotando um Porsche 550 RS Spyder de 1.100 CC onde venceu na sua classe nos dois anos seguintes.
Em 1953, visitando o “Motorama” no hotel Waldorf-Astoria em Nova York acabou se apaixonando pela estrela do show, o Corvette. Apesar de adorar o estilo ele não gostou nada da mecânica, que usava um acanhado motor 6 cilindros. Então decidiu mandar uma carta ao engenheiro-chefe da Chevrolet, Ed Cole, dizendo que adoraria trabalhar em um carro tão bonito, faz algumas críticas e aproveitou para enviar trabalhos técnicos, como suas propostas de um novo método analítico de determinar a velocidade máxima de um carro. 
A história lembra o embate entre Ferruccio Lamborghini e Enzo Ferrari, só que neste caso o final foi diferente! 
O engenheiro Maurice Olley ficou tão impressionado com o material de Duntov que o convidou para vir a Detroit, em 1 de maio de 1953, Zora Arkus-Duntov começou a trabalhar na Chevrolet como engenheiro assistente.
Com talento de sobra Duntov logo se tornou o diretor de alto desempenho da Chevrolet, ele ajudou a transformar a cara conservadora da empresa para algo mais jovem, mas ele sempre manteve seus olhos sobre o Corvette. 
Em 1955, ele foi o maior responsável por introduzir um novo v8 small block no Corvette, transformando-o em um esportivo capaz de desafiar Porsche, Ferrari, Maserati e Mercedes-Benz. O protótipo de pré-produção estreou na subida de montanha de Pikes Peak, em 1956, cravando o recorde para carros de produção em série, no mesmo ano ele levou o Corvette para Daytona Beach e atingiu 150 MP/h em uma milha. 
Nos anos seguintes Zora promoveu uma série de inovações no Corvette; um modelo com carroceria de magnésio (para correr em Le Mans), injeção de combustível e foi o primeiro a utilizar freios a disco nas quatro rodas em um carro americano de série. 
Seu longo envolvimento (ou paixão?) com o Corvette lhe valeu o apelido "Pai do Corvette", até hoje isso leva a muitos pensarem erroneamente que ele foi criador do Corvette, mas na realidade esta honra cabe a Harley Earl. 
CERV I
Em 1960, criou e construiu o CERV I (Chevrolet Engineering Research Vehicle), um carro de corrida de estilo “Indy” de cockpit aberto apresentado no “Riverside International Raceway”. Em 1963 o Corvette foi completamente remodelado, o desempenho foi melhorado com novos motores e Zora afirmou que “a Chevrolet finalmente construiu um Corvette que lhe deixaria orgulhoso de conduzir ao lado dos grandes esportivos da Europa”. 
Em 1 de dezembro de 1968, ele foi nomeado engenheiro-chefe do programa Corvette, um sonho que estava perseguindo deste 1955. Agora ele tinha total responsabilidade nos projetos e desenvolvimento do Corvette, do chassis até a carroceria. 
Zora continou trabalhando na Chevrolet até se aposentar em 1975, mesmo “aposentado” continuou influenciando nos projetos do Corvette até a sua morte em Grosse Point, Michigan, no dia 21 de abril de 1996. As suas cinzas foram enterradas no Museu Nacional de Corvette. 
Para ter ideia da real importância de Zora Duntov para a indústria automotiva americana, bastar lembrar a citação que consta no seu obituário feito pelo vencedor do Prêmio Pulitzer, George Will; "se você não lamenta sua morte, você não é um bom americano".
Homenagens e prêmios recebidos por Zora Arkus-Duntov:
  • Recorde de subida de Pikes Peak, 1955
  • Recorde no “Daytona flying mile”, 1956
  • Nomeado para o Hall da fama do “SEMA Auto Show”, 1972
  • Nomeado para o Hall da fama do automóvel, 1991
  • Nomeado para o hall da fama do “International Drag Racing”, 1994
  • Nomeado para o hall da fama do “National Corvette Museum”, 1998

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