12/01/2018

Efeito-solo (round 2 final)

Continuando nosso post sobre efeito-solo...
Na F1 o primeiro resultado vencedor de um carro com efeito solo veio em 1978 com o Brabham BT46B do Gordon Murray, que ficou conhecido como “Fancar” (carro-ventilador). Murray também utilizou um ventilador para sugar o ar e gerar enorme downforce, a medida que o motor subia rotação mais força de sucção era gerada.
O curioso foi que o BT46B correu só uma vez, vencendo facilmente o GP da Suécia com Niki Lauda, mas foi proibido de correr logo depois. Oficialmente a razão foi o perigo do ventilador jogar detritos nos carros que vinham atrás, mas também as outras equipes fizeram um forte lobby porque que o BT46B era tão superior que iria simplesmente aniquilar a competição, talvez por alguns anos.
Foi banido o "Fancar", mas não o efeito solo, logo veio o Lotus 78 projetado por Colin Chapman. O Lotus 78 foi o primeiro bólido com efeito solo a ser campeão mundial de F1 em 1978. 
O Lotus 78 conseguia uma grande vantagem frente aos demais mesmo não usando ventiladores, o segredo estava no fundo liso e na suspensão móvel, em alta velocidade o carro abaixava e o fundo plano, auxiliado por "minissaias", criava muito mais downforce do que os rivais. Mais uma tacada genial do mestre Chapman! 
Porém, nem tudo eram flores, os carros com efeito solo da época eram muito sensíveis as imperfeiçoes das pistas, se o carro estivesse em uma curva de alta velocidade e repentinamente o vácuo fosse “quebrado”, por uma ondulação por exemplo, o carro literalmente decolava trazendo muitos riscos aos pilotos.
Por isso as suspensões móveis e minissaias acabaram sendo banidas, mas ficou o assoalho plano. Para evitar que o regulamento fosse burlado foi instalada uma prancha de madeira debaixo do carro, ao final da corrida a espessura da prancha era verificada para provar que o carro não utilizou alguma artimanha durante a corrida para colar o carro no chão.
Anos depois os projetistas começaram a se valer de narizes altos, como o Benetton B193 de Rory Byrne. Neste conceito são criados vórtices de ar na parte da frente do carro, que selam parcialmente a abertura entre os sidepods e a pista. 
A medida que as velocidades em curva aumentavam perigosamente, novas restrições foram feitas nos regulamentos da F1, como a obrigatoriedade de narizes mais baixos.
Mesmo assim o efeito solo ainda existe através de algumas artimanhas mais sutis, mas com um resultado infinitamente menor do que antes.
Fatalmente, em breve, veremos alguma outra solução engenhosa em busca do tão sonhado efeito-solo, afinal os regulamentos até podem ser alterados, mas conceitos da física não mudam e a capacidade de gênios como Adrian Newey parecem não ter limites.
(o vídeo abaixo de Goodwood vale muito a pena ser visto e revisto).

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