Aqui no blog já falamos de umas coisas estranhas, como uma fábrica com uma pista de testes no telhado, mas que tal transportar os carros da fábrica para o mercado EM PÉ (na vertical)?!?!?!
Parece piada, mas foi sério, mais uma bizarrice dos loucos anos 1970...
Voltando no tempo, até o final dos anos 1960 os vagões padrão para transporte de automóveis novos nos EUA tinham 15 metros, cada vagão levava em média quatro sedãs em 2 níveis (2 carros em cima e 2 carros embaixo).
Era um modelo de transporte que garantia traslados seguros, mas não era eficiente, pois o peso da carga transportada ficava muito abaixo da capacidade de carga total dos vagões
Ainda que o tamanho dos vagões evoluíram para 27 metros, podendo levar até quinze automóveis em racks de três níveis, o peso máximo de carga por vagão nunca conseguiu ser plenamente aproveitado.
Ou seja, nunca foi um meio de transporte 100% eficiente!
Foi nesta época que a Chevrolet começou a desenvolver o VEGA, um modelo médio para ter grande penetração no mercado. Para ter sucesso no projeto, uma das premissas era manter o custo do novo carro em torno de US$2.000,00.
Para chegar nesse resultado a GM adotou diversas novidades, foi um dos primeiros projetos que considerou toda a cadeia produtiva, não apenas o desenvolvimento do carro e a linha de montagem.
Analisando os custos de transporte, o valor do frete de um vagão da fábrica de Lordstown para a costa oeste (maior distância entre a fábrica e lojas) chegava a US$4.800,00, no caso do VEGA, um subcompacto, seria possível colocar 18 carros no vagão, mas mesmo assim o custo do transporte seria caro para a proposta de preço final do VEGA.
Para resolver este problema os engenheiros da GM e da Southern Pacific Railroad quebraram a cabeça e chegaram numa solução "inteligente", o sistema VERT-A-PAC.
No sistema VERT-A-PAC os carros seriam colocados verticalmente em um auto-rack especial, a ideia era chegar a 30 automóveis no mesmo vagão de 27 metros e atingindo os custos de transporte desejados.
Porém, um problema "resolvido" causou "novos" problemas...
Os carros deveriam ser entregues prontos, com fluidos e óleos, para o cliente sair dirigindo da concessionária, mas com o carregamento vertical haveria vazamentos e outros problemas.
Os engenheiros tiveram que desenvolver diversas adaptações; um defletor de óleo de motor especial para impedir que o óleo vazasse no primeiro cilindro, baterias com tampas de enchimento modificadas para evitar vazamentos, tubo de drenagem do carburador para drenar gasolina para o recipiente de vapor e até um novo recipiente do lavador de para-brisa.
Novos espaçadores foram instalados para evitar danos aos suportes do motor e da transmissão, que tinham de ser removidos quando os carros fossem descarregados.
Então, com o transporte resolvido, como o carro saiu-se no mercado?
Apesar do forte apelo popular no lançamento em 1971, ao longo dos anos seguintes o VEGA ganhou uma MÁ reputação de confiabilidade; ferrugem, segurança e baixa durabilidade do motor foram prejudicando gradativamente suas vendas (por US$2.000,00 alguém esperava muito mais?).
Por fim, em 1977 o VEGA saiu do mercado e com ele o sistema VERT-A-PAC foi abandonado.
Mesmo sendo mais barato, o motivo principal foi que este sistema acabou ficando especializado demais para ser usado com qualquer outro modelo...
Ou seja, foi o sistema VERT-A-PAC foi vítima das suas próprias "qualidades".
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