Várias marcas de carros, motos e afins são facilmente reconhecidas por seus símbolos e mascotes corporativos, temos vários exemplos como o “Spirit of Ecstasy” da Rolls Royce. Neste contexto existe um simpático boneco criado a mais de 100 anos que é um dos mais populares, embora nem sempre lembrado (pelo menos no Brasil) pelo seu nome real, o “Bibendum” ou o “Michelin Man”.
A história desta mascote balofa começa um pouco por acaso, como a maioria das boas ideias...
Em fevereiro de 1893, André Michelin, dava uma palestra sobre o “inovador” produto chamado pneu na Sociedade dos Engenheiros Civis, explicando a importância dos pneus para uma viagem mais segura e confortável. Foi então que ele disse uma frase que acabou entrando para a história: "O nosso pneu bebe os obstáculos!".
Em 1894 na Exposição Universal e Colonial de Lyon, o seu irmão Edouard Michelin observa algumas pilhas de pneus na entrada do pavilhão, ele comenta com André que colocando braços e pernas aquilo viraria um boneco!
Os irmãos Michelin seguiram a vida, em 1897 Édouard observava os desenhos do cartunista Rossillon (assinava com o pseudônimo O'Galop) e uma imagem lhe chamou a atenção. Era um homem gordo levantando uma caneca que lhe devolveu a lembrança da pilha de pneus em Lyon, a imagem estava sob a frase em latim “Nunc est bibendum” (“Está na hora de beber”), semelhante com a frase de André “O pneu bebe os obstáculos”. Combinando as ideias estava definido o que viria a ser o “Michelin Man”.
O passo seguinte foi encomendar uma nova caricatura para O' Galop, o criador do desenho, em 1898 ele apresentou a primeira prova; um personagem formado de pneus, óculos inspirados nos de André Michelin, sentado atrás de uma mesa, segurando uma taça cheia de cacos de vidro e pregos e dizendo: "A sua saúde, nosso pneu bebe os obstáculos".
Muito louco esta história!
Se a imagem havia sido aprovada o personagem ainda não tinha um nome, mas também acabou definido meio ao acaso. Meses depois durante a corrida Paris-Amsterdã-Paris, o piloto Théry olhou para André Michelin e exclamou: “Olhe o Bibendum!”, pronto, estava criado o nome de um das mascotes mais carismáticos e bem humorados da publicidade mundial: Bibendum.
Ao longo dos anos a imagem do boneco passou por algumas mudanças, para manter-se alinhada com as exigências de marketing e o desenvolvimento da empresa, mas conseguiu sobreviver a todas as modas e tendências de marketing. Talvez seu grande trunfo seja ser facilmente alterado para se adequar ao país em questão, por exemplo, no Norte de África foi caracterizado como um beduíno torrado pelo sol adquirindo uma cor acinzentada.
Em 1905 foi feita uma encomenda para O´Gallop atualizar o personagem, nesta versão foi incluída uma lança em uma mão, o escudo na outra e passou a usar um capacete. A frase de acompanha o personagem mudou para "My strength is as the strength of ten because my rubber's pure" (“Minha força é a força de dez, pois minha borracha é pura”), ressaltando à superioridade Michelin em relação aos concorrentes.
A Michelin passou a usar massivamente o Bibendum nas suas estratégias de marketing, o boneco foi usado também para reforçar os valores da empresa, a alta qualidade dos produtos e muita proximidade com os clientes.
Em 1906 foi aberto um fábrica na Itália e no ano seguinte lançado o jornal “Il
Pneumatico Michelin - Consejos y Prodigios de Hombre Michelin” (“O pneu Michelin – Conselhos e Maravilhas do Homem Michelin”). Em 1925 foi apresentado na Indochina, em 1931 em Karlsruhe (Alemanha) em 1933 na Argentina, em 1934, em Espanha e Tchecoslováquia.
Bibendum continuou sendo adaptado às necessidades do momento, removendo e adicionando conteúdo e recursos. Após os anos 1920 parou de fumar charutos e cigarros no meio de uma epidemia de tuberculose, nos anos seguintes a sua imagem chegou a tornar-se um personagem muito mais atlético e ativo, até ser apresentado como um super-herói lutando contra o mal.
De fato o “Michelin Man” já não é apenas um logotipo para ser reconhecido pelos consumidores, podemos dizer que já está mais para um ícone pop. Já virou brinquedo, é protagonista de uma extensa coleção de livros especializados e chegou a participar em um curta-metragem que ganhou um Oscar.
Nos Estados Unidos, os americanos até hoje consideram o “Michelin Man” um verdadeiro cidadão do país. Os franceses o chamam carinhosamente de “Bib”. O boneco Michelin foi eleito o melhor logotipo do mundo pelo jornal “Financial Times” e pela revista “Report On Business” no ano 2000.
Um comentário:
Muito legal o conteúdo
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