17/06/2014

Restauração ou Restomod?

Restaurar um carro antigo no seu estado original ou modernizar? 
Esta é uma velha discussão entre aficionados e restauradores, mas que provavelmente só terá solução no mesmo dia em que descobrirmos quem foi melhor; Senna ou Piquet?!?!?
Discussão de certo ou errado, questão de gosto ou heresia a parte, a decisão final dependerá de alguns fatores básicos; o gosto pessoal (que não se discute, no máximo lamenta-se), finalidade de uso e poder financeiro (fator fundamental) do proprietário.
Porém, paixões a parte, o conceito de RESTOMOD (ou Resto-Modding) tem se firmado bastante e já não é tão mal visto pelos puristas, pelo menos em alguns casos...
Os projetos de RESTAURAÇÃO e RESTOMOD são bem distintos e com diferenças importantes, tanto na execução como no resultado final. Vale ressaltar que o RESTOMOD não deve ser confundido com modificações pontuais, construção de Hot Rods, réplicas e similares. 
Então, vamos as diferenças básicas entre eles;
RESTAURAÇÃO; Basicamente, consiste em pegar um carro clássico e reforma-lo com o máximo de peças originais de fábrica, respeitando as características originais do ano e modelo do carro.
O processo e materiais, tintas por exemplo, utilizados na restauração devem ser o mais próximo possível do que foi utilizado na fabricação do carro. 
Para conseguir êxito, o resultado final do carro precisa ser como quando ele foi fabricado (funilaria, sistemas elétricos, suspensão, mecânica, detalhes de acabamento, etc), mantendo suas características, desempenho e "defeitos" originais.
RESTOMOD; Nos projetos deste tipo utilizamos todos os avanços da tecnologia ao longo dos anos para melhorar o desempenho, conforto e a segurança de um carro clássico.
Porém, a ideia é manter ao máximo personalidade ou aparência original do carro. 
No final do processo, o carro terá a aparência original, mas com partes e sistemas mecânicos substituídos pelos mais modernos e de melhor desempenho, portanto o desempenho será, em tese, bem melhor que o original.
Vale abrir um parênteses aqui, também é crescente a tendência de adaptar kits de motores elétricos em carros clássicos. Essa parece ser uma tendência que veio para ficar.
E quanto custa?
Questões financeiras e paixões a parte, na restauração temos o desafio de buscar informações que garantam a originalidade do carro, dependendo do modelo ou da marca nem sempre isso é fácil, confiável ou barato.  
Mas... Esta é a melhor parte, segundo muitos entusiastas!!!
Já no restomod, pelo projeto “aceitar” conceitos mais amplos, o desafio está em melhorar o carro sem descaracterizar demais a sua identidade ou segurança, ou seja, mais ou menos a mesma diferença entre algo "elegante" e "brega"... 
Portanto, cuidado, a linha sempre será muito tênue!
Então, como tomar a decisão? 
Ai sim, voltamos a origem de nossa crise existencial, aqui vão algumas perguntas para você refletir, esperamos ajudar a tomar a decisão correta;
1) Qual dos projetos (peças e mão de obra) é mais barato?
Sempre temos que considerar o estado de partida do projeto e o modelo do carro ou moto.
Mas, se é para manter um carro original, não espere gastar pouco!
Um carro ou moto clássica, totalmente restaurado, na maioria das vezes custará muito mais que outro exemplar original, ainda não restaurado. 
Prepare-se também para demandar muito tempo e se arriscar para encontrar todas as peças necessárias, além de profissionais e serviços de qualidade.
Também não quer dizer que o restomod será mais barato, o céu é o limite para investir em engine swap, rodas e pneus importados, etc...
O problema de contar com profissionais de qualidade pode até ficar mais crítico, porque uma "adaptação" mecânica sempre está sujeita a ser refeita até ficar em ordem. 
2) O modelo vale a pena ser restaurado? 
A resposta é depende! 
Novamente, considere que o estado geral (principalmente estrutural) do carro precisa ser muito bem avaliado, é péssimo começar e perceber que entrou numa roubada irrecuperável.
mercado de carros antigos, mesmo no Brasil, valorizou muito e a tendência é manter-se assim, uma vez que procura é grande, mas isso não elimina a necessidade de uma pesquisa de quanto valerá o modelo após restaurado.
Você deve administrar bem a equação custo x benefício durante o processo...
Outro fato é se o carro ou moto "suporta" um banho de tecnologia e potência num projeto de restomod. Exemplo, eu já cheguei a ver uma Romi-Isetta com motor Suzuki Hayabusa, nem preciso falar mais nada...
3) Qual será o valor final de mercado do carro / moto?
Mesmo que não exista a intenção de recuperar o valor investido na restauração (aqui entra a história ou armadilha do "valor sentimental"), o valor de revenda geralmente só compensará o investimento se o modelo do carro for raro ou com alta procura de no mercado. 
Esta é uma questão primordial para aqueles que tratam a assunto como um investimento, o que não é o caso da maioria.
4) Qual o meu objetivo final (forma de uso) com o carro / moto?
O que você quer fazer com o seu carro ou sua moto após o término do projeto?
Exposição, passear raramente, longos passeios, curti-lo muitas vezes na semana ou deixar na garagem e andar raramente.
Nada pior do que sair com a família num domingo ensolarado e o carro restaurado te deixar na mão, quando a esposa começa a reclamar ou tirar o sarro...sinal de alerta!
Se isso acontecer, prepare-se para a patroa questionar cada centavo que você gastou nesta "porcaria velha"...
No caso de um carro restomod, mesmo perdendo a originalidade, certamente ele terá um desempenho melhor e com mais confiabilidade, com a vantagem da aparência externa como original.
5) Manutenção
Avalie a dificuldade e custo de manutenção, mão de obra especializada e como conseguir as peças originais para manter tudo em ordem.
Lembre-se, isso é uma novela eterna (das boas, é claro), mas cuidado se você é daqueles que compra o carro e sua preocupação com manutenção é só ligar para a concessionaria vir pegar o carro no guincho...
CONCLUSÃO: As duas opções são legais por razões diferentes, então a decisão muitas vezes acaba mesmo dependendo de fatores muito pessoais, tais como gostos ou história do dono com o carro.
Independentemente da opção escolhida, trate o seu projeto como uma experiência única, curta cada etapa, cada peça encontrada e cada problema resolvido. 
Sempre vão aparecer dificuldades, não desanime, resultados abaixo do esperado e um problema em cima do outro serão frequentes. 
Tudo bem, não desista! 
Lembre-se, o caminho é tão gratificante quanto o resultado final e esse é o verdadeiro barato da coisa, pelo menos na visão deste blog.
Ah, só para complicar ainda mais a sua decisão, veja alguns exemplos do que empresas especializadas em RESTOMOD podem fazer; 
Porsche Singer: singervehicledesign.com

03/06/2014

Veja como é "fácil e barato" importar um carro antigo

O mercado de antigos está aquecido, isso não é novidade e não vemos muitos sinais que este cenário vai mudar. Então porque não importar um carro antigo?
Excelente! Para você não perder mais tempo em busca do seu sonho mostramos algumas dicas do processo de importação, certamente você vai se encorajar e amanhã mesmo começará a buscar o seu carro dos sonhos em sites ou com amigos nos EUA e Europa...
Ah, e para o serviço ficar completo no final do post temos uma simulação de impostos para comprar um carro na faixa de US$30.000,00.
Leia e mãos a obra! Veja como aquele Camaro, Corvette, Jaguar ou Porsche dos seus sonhos nunca esteve tão perto!!!
Mas, atenção! Não caia na tentação de trazer um carro por terra via Argentina ou Paraguai, a "estratégia" já está ficando manjada e tem gente perdendo carros (dos sonhos) por ai... (jaguar-com-documentacao-irregular-e-apreendido).
GUIA-RÁPIDO-E-FÁCIL-DE-IMPORTAÇÃO-SEM-MISTÉRIO
1) A importação é permitida para Veículos de competição, veículos clássicos/antigos/históricos com mais de 30 anos, doações e veículos herdados. O carro precisa estar em condições de rodagem, não é permitido desmontar o carro e trazê-lo em peças ou partes.
2) Solicite uma fatura "pro forma", são detalhes da negociação sem efetuar o pagamento. Precisa constar dados do veículo (marca, modelo, cor, ano de fabricação, lista de equipamentos, número do chassis e do motor). Também é necessário indicar país de origem, portos de embarque e destino.
Acabou? Quase! Incluir os dados do termo de venda internacional, preço da compra, valor do frete e fechamento do câmbio para pagamento. 
Oba! Vou embarcar aman... calma! Ainda temos alguns cadastros, licenças, certificados, etc...
3) Como o valor excede a cota de importação para pessoa física (US$3.000,00), é necessário fazer um registro de importador no Sistema Ambiente de Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros da Receita Federal (vulgo “RADAR”). Basta preencher um requerimento (2 vias), reconhecer firma, cópia do CPF, RG, certificação digital e-CPF.
4) Faça uma procuração para ser representado na Receita Federal. 
Detalhe 1; Fique esperto se a sua declaração de Imposto de Renda não for compatível com o valor do carro, se não for esqueça ou terá algumas dores de cabeça para explicar o que é inexplicável!
Detalhe 2; A aprovação do registro no sistema RADAR = 2 meses! (sou profissional de TI, como eu queria que os meus projetos tivessem essa exigência).
Detalhe 3; O registro é válido apenas para uma importação, importar outro carro?  Faça tudo de novo!
5) Faça a requisição ao DENATRAN do Certificado de Adequação ao Trânsito (CAT) para certificar o chassi (VIN) e o motor na fatura pro forma, senão você não conseguirá licenciar o carro no Brasil.
6) Agora que você está todo feliz e pimpão com o registro no RADAR e o CAT na mão (rimou!), solicite a Licença de Importação ao Departamento de Operações de Comércio Exterior. A solicitação é feita no do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) pelo site da Receita Federal.
7) Pronto! Com a Licença de importação na mão (na outra mão está o RADAR e o CAT, lembra?) chegou a hora de pagar o carro e o transporte para o Brasil.
Não podemos mandar os dólares por fax, a operação para envio de moeda estrangeira deve ser registrada e realizada por instituição bancária autorizada. Vá ao banco, negocie uma taxa de câmbio e o banco enviará o valor correspondente em moeda estrangeira ao vendedor no exterior
(Evidente que o vendedor ainda estará te esperando de braços abertos, com o carro reservado para você!).
8) Com a licença de importação OK podemos contratar o transporte (aéreo, marítimo ou terrestre), após o embarque, rapidamente em até 60 dias, o carro chegará ao destino.
9) Você vai precisar de alguém na origem para cuidar das licenças de exportação e do processo de frete internacional, por isso é recomendável contratar um Agente de Carga para cuidar da preparação, liberação alfandegária e envio do carro.
10) É necessário o CAT (passo 5) para liberar o carro. É um documento rápido de ser expedido, em torno de 40 dias, por isso é melhor esperar pela sua emissão antes de embarcar o carro. Do contrário o carro ficará retido no porto/aeroporto, certamente será muito bem cuidado (até vão encerar para você), mas serão cobradas as diárias de armazenamento da carga na alfândega.
11) Depois do embarque o agente precisa enviar ao Brasil a fatura comercial em 5 (cinco, five) cópias assinadas e carimbadas e os demais documentos obrigatórios conforme o meio de transporte.
12) O possante chegou? Na alfândega apresente os 1.236 documentos originais de exportação/importação, você precisará contratar um despachante aduaneiro para registro da Declaração de Importação e nacionalização do carro.
13) Os fiscais alfandegários conferem a mercadoria (justo no passo 13), além das taxas que você pagou chegou a hora de pagar alguns "impostos" - veja a simulação abaixo;
  • 35 % de Imposto de Importação (II);
  • Entre 37 e 55% de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), varia de acordo com a cilindrada (entre 7% e 25%) mais 30 % para veículos importados;
  • ICMS que varia entre 17% e 19% de acordo com a UF;
  • 11,6% de PIS/Cofins.
14) Com os "poucos" impostos pagos, cadastre o carro na Base de Informática Nacional (BIN), onde são inseridos os dados complementares para que ele possa ser registrado (RENAVAM).
15) Licenciar em qualquer Detran do País, pagar Seguro Obrigatório/DPVAT, licenciamento anual e o emplacamento do veículo (não reclame, carros de mais de 30 anos não pagam IPVA!).
OK, em apenas 90 dias (no mínimo) o seu sonho estará na sua garagem, matando seus vizinhos de inveja! Então o que está esperando?  
Para ajuda-lo selecionamos alguns sites para você encontrar o seu carro, ligue "dja"!Classic CarsAuto Trader ClassicsOld Cars e Old Ride.