27/02/2017

Hot Poster - Targa Florio

Para alguns não existem mais corridas como antigamente, isso sinceramente eu não sei, mas poster promocionais iguais aos antigos não existem (me desculpem os artistas).
Explico, sempre tive uma grande admiração pelos poster que promoviam as corridas antigas, eles por si só transmitiam uma incrível sensação de competição, desafio e emoção. 
Por isso inauguramos esta nova série com alguns posters da TARGA FLORIO.
(Importante: As escolhas seguiram apenas o gosto deste blog, portanto não esqueçam: Gosto é gosto e não se discute...).

17/02/2017

Zora Duntov

No natal de 1909 nasceu na Bélgica Zachary Arkus, filho de judeus russos, seu pai era engenheiro de mineração e sua mãe estudante de medicina. A família voltou para Leningrado e logo depois seus pais se divorciaram, sua mãe casou-se novamente com Josef Duntov. O seu pai e o seu padrasto tinham boa relação, tanto que ele e o irmão Yura assumiram o sobrenome de Arkus-Duntov.
Em 1927, mudou com a família para Berlim onde começou a trabalhar como condutor de bondes, logo se envolveu com corridas de motocicletas, mas por pressão de seus pais que achavam muito perigoso decidiu comprar um carro de corrida (!), onde começou o seu envolvimento com carros. 
Formou-se na Universidade Tecnológica de Charlottenburg, em 1934, e começou a escrever artigos de engenharia para a revista “Auto Motor und Sport”. Conheceu Elfi Wolff, uma dançarina do famoso salão de dança em Paris “Folies-Bergere” e se casaram em 1939, viveram juntos por mais de 55 anos. No começo da segunda Guerra Mundial, “Zora” Duntov e seu irmão Yura se juntaram à Força Aérea Francesa para lutar contra as forças do eixo, após a rendição da França eles conseguiram fugir dos nazistas para Nova York. 
Nos Estados Unidos, os irmãos Duntov abriram uma empresa de engenharia chamada “Ardun Mechanical” (o nome veio de ARkus e DUNtov), fizeram sucesso fabricando peças de alumínio, como o cabeçote Ardun, que resolviam os crônicos problemas de superaquecimento dos motores Ford Flathead V8, além de extrair mais de 300 CV de potencia destes motores. Nada mal para a época...
Duntov e o Allard J2
A empresa cresceu chegando a ter mais de 300 funcionários e muito prestígio no mercado, mas decisões financeiras erradas provocaram o fechamento do negócio. Zora voltou para a Inglaterra, em 1950, para trabalhar com Sydney Allard no desenvolvimento de um novo carro esportivo, o J2. Eles competiram, no caso de Zora também como piloto, nas 24 Horas de Le Mans em 1952 e 1953, mas o sucesso veio pilotando um Porsche 550 RS Spyder de 1.100 CC onde venceu na sua classe nos dois anos seguintes.
Em 1953, visitando o “Motorama” no hotel Waldorf-Astoria em Nova York acabou se apaixonando pela estrela do show, o Corvette. Apesar de adorar o estilo ele não gostou nada da mecânica, que usava um acanhado motor 6 cilindros. Então decidiu mandar uma carta ao engenheiro-chefe da Chevrolet, Ed Cole, dizendo que adoraria trabalhar em um carro tão bonito, faz algumas críticas e aproveitou para enviar trabalhos técnicos, como suas propostas de um novo método analítico de determinar a velocidade máxima de um carro. 
A história lembra o embate entre Ferruccio Lamborghini e Enzo Ferrari, só que neste caso o final foi diferente! 
O engenheiro Maurice Olley ficou tão impressionado com o material de Duntov que o convidou para vir a Detroit, em 1 de maio de 1953, Zora Arkus-Duntov começou a trabalhar na Chevrolet como engenheiro assistente.
Com talento de sobra Duntov logo se tornou o diretor de alto desempenho da Chevrolet, ele ajudou a transformar a cara conservadora da empresa para algo mais jovem, mas ele sempre manteve seus olhos sobre o Corvette. 
Em 1955, ele foi o maior responsável por introduzir um novo v8 small block no Corvette, transformando-o em um esportivo capaz de desafiar Porsche, Ferrari, Maserati e Mercedes-Benz. O protótipo de pré-produção estreou na subida de montanha de Pikes Peak, em 1956, cravando o recorde para carros de produção em série, no mesmo ano ele levou o Corvette para Daytona Beach e atingiu 150 MP/h em uma milha. 
Nos anos seguintes Zora promoveu uma série de inovações no Corvette; um modelo com carroceria de magnésio (para correr em Le Mans), injeção de combustível e foi o primeiro a utilizar freios a disco nas quatro rodas em um carro americano de série. 
Seu longo envolvimento (ou paixão?) com o Corvette lhe valeu o apelido "Pai do Corvette", até hoje isso leva a muitos pensarem erroneamente que ele foi criador do Corvette, mas na realidade esta honra cabe a Harley Earl. 
CERV I
Em 1960, criou e construiu o CERV I (Chevrolet Engineering Research Vehicle), um carro de corrida de estilo “Indy” de cockpit aberto apresentado no “Riverside International Raceway”. Em 1963 o Corvette foi completamente remodelado, o desempenho foi melhorado com novos motores e Zora afirmou que “a Chevrolet finalmente construiu um Corvette que lhe deixaria orgulhoso de conduzir ao lado dos grandes esportivos da Europa”. 
Em 1 de dezembro de 1968, ele foi nomeado engenheiro-chefe do programa Corvette, um sonho que estava perseguindo deste 1955. Agora ele tinha total responsabilidade nos projetos e desenvolvimento do Corvette, do chassis até a carroceria. 
Zora continou trabalhando na Chevrolet até se aposentar em 1975, mesmo “aposentado” continuou influenciando nos projetos do Corvette até a sua morte em Grosse Point, Michigan, no dia 21 de abril de 1996. As suas cinzas foram enterradas no Museu Nacional de Corvette. 
Para ter ideia da real importância de Zora Duntov para a indústria automotiva americana, bastar lembrar a citação que consta no seu obituário feito pelo vencedor do Prêmio Pulitzer, George Will; "se você não lamenta sua morte, você não é um bom americano".
Homenagens e prêmios recebidos por Zora Arkus-Duntov:
  • Recorde de subida de Pikes Peak, 1955
  • Recorde no “Daytona flying mile”, 1956
  • Nomeado para o Hall da fama do “SEMA Auto Show”, 1972
  • Nomeado para o Hall da fama do automóvel, 1991
  • Nomeado para o hall da fama do “International Drag Racing”, 1994
  • Nomeado para o hall da fama do “National Corvette Museum”, 1998

04/02/2017

Indian Larry

Um dos assuntos preferidos deste blog é a customização de carros e motos,
sempre que possível reverenciamos os grandes gênios desta arte. Nesta oportunidade vamos falar de um dos maiores na customização de motocicletas, Larry DeSmedt ou como era conhecido “Indian Larry”.
Nascido em 28 de abril de 1949, Cornwall on Hudson, estado de Nova Iorque, Larry teve uma juventude muito conturbada, ainda na adolescência foi preso mais de 30 vezes por envolvimento com drogas, assaltos e roubos. Quando tinha 18 anos participou de um assalto frustrado a um banco e levou um tiro na cabeça, sendo preso em seguida. 
Justamente durante a sua estada na prisão ele começou a mudar o seu comportamento, teve acesso à biblioteca da prisão e virou um leitor voraz. Conseguiu terminar o ensino fundamental, mas desistiu do curso superior para se dedicar a sua grande paixão, as motocicletas.
Ao sair da prisão procurou se relacionar com pessoas mais corretas, foi quando conheceu um cara legal chamado Ed Roth e passou a pintar carros para ele, depois conheceu outro cara bacana chamado Von Dutch com quem fez diversos trabalhos. Esta convivência o influenciou a tornar-se mais do que um mecânico competente, ele virou um artista da customização.
A origem do apelido veio justamente por tornar-se um especialista em motos Indians, ele foi o responsável por colocar Nova York no cenário das customizações, na época totalmente dominada pelo pessoal da Califórnia.  Em 1991 ele abriu a sua loja no Brooklyn chamada “Gasoline Alley”.
Acabou ficando famoso pelo seu estilo old-school, misturando características choppers e de motos de corrida, e por suas manobras que fazia sobre as suas motos (surfar sobre o banco era a principal delas), uma ideia não tão boa como veremos a frente.
No seu currículo também temos participações em corridas de motocicletas, filmes, vídeos, televisão e revistas. Larry conseguiu ser uma grande atração da mídia e com isso arrebatar uma grande legião de fãs. Foi destaque do show “Motorcycle Mania” com Jesse James.
Indian Larry participou de quatro episódios da série “Biker Build-Off” do Discovery Channel, estava filmando a sua famosa manobra de surfar sobre o banco quando, infelizmente, sofreu um acidente e veio a falecer logo em seguida, ele tinha apenas 55 anos de idade. Dessa forma tão estupida, no dia 30 de agosto de 2004, em Charlotte na Carolina do Norte, o mundo das motos perdia um dos seus maiores talentos de todos os tempos.
Após a sua morte seus amigos e sócios Bobby e Elisa Seeger deram continuidade aos seus negócios: uma linha de peças exclusivas, roupas especializadas e a oficina de customização, que anos mais tarde foi rebatizada para “Indian Larry Motorcycles”.
A empresa continua criando motos personalizadas conforme o estilo de Indian Larry, mas já sem a magia que somente o grande gênio das motocicletas Indian tinha.
Para saber mais: https://indianlarry.com/

Bibendum (Michelin Man)

Várias marcas de carros, motos e afins são facilmente reconhecidas por seus símbolos e mascotes corporativos, temos vários exemplos como o “Spirit of Ecstasy” da Rolls Royce.  Neste contexto existe um simpático boneco criado a mais de 100 anos que é um dos mais populares, embora nem sempre lembrado (pelo menos no Brasil) pelo seu nome real, o “Bibendum” ou o “Michelin Man”.
A história desta mascote balofa começa um pouco por acaso, como a maioria das boas ideias...
Em fevereiro de 1893, André Michelin, dava uma palestra sobre o “inovador” produto chamado pneu na Sociedade dos Engenheiros Civis, explicando a importância dos pneus para uma viagem mais segura e confortável. Foi então que ele disse uma frase que acabou entrando para a história: "O nosso pneu bebe os obstáculos!". 
Em 1894 na Exposição Universal e Colonial de Lyon, o seu irmão Edouard Michelin observa algumas pilhas de pneus na entrada do pavilhão, ele comenta com André que colocando braços e pernas aquilo viraria um boneco!
Os irmãos Michelin seguiram a vida, em 1897 Édouard observava os desenhos do cartunista Rossillon (assinava com o pseudônimo O'Galop) e uma imagem lhe chamou a atenção. Era um homem gordo levantando uma caneca que lhe devolveu a lembrança da pilha de pneus em Lyon, a imagem estava sob a frase em latim “Nunc est bibendum” (“Está na hora de beber”), semelhante com a frase de André “O pneu bebe os obstáculos”. Combinando as ideias estava definido o que viria a ser o “Michelin Man”.
O passo seguinte foi encomendar uma nova caricatura para O' Galop, o criador do desenho, em 1898 ele apresentou a primeira prova; um personagem formado de pneus, óculos inspirados nos de André Michelin, sentado atrás de uma mesa, segurando uma taça cheia de cacos de vidro e pregos e dizendo: "A sua saúde, nosso pneu bebe os obstáculos". 
Muito louco esta história!
Se a imagem havia sido aprovada o personagem ainda não tinha um nome, mas também acabou definido meio ao acaso. Meses depois durante a corrida Paris-Amsterdã-Paris, o piloto Théry olhou para André Michelin e exclamou: “Olhe o Bibendum!”, pronto, estava criado o nome de um das mascotes mais carismáticos e bem humorados da publicidade mundial: Bibendum. 
Ao longo dos anos a imagem do boneco passou por algumas mudanças, para manter-se alinhada com as exigências de marketing e o desenvolvimento da empresa, mas conseguiu sobreviver a todas as modas e tendências de marketing. Talvez seu grande trunfo seja ser facilmente alterado para se adequar ao país em questão, por exemplo, no Norte de África foi caracterizado como um beduíno torrado pelo sol adquirindo uma cor acinzentada.
Em 1905 foi feita uma encomenda para O´Gallop atualizar o personagem, nesta versão foi incluída uma lança em uma mão, o escudo na outra e passou a usar um capacete. A frase de acompanha o personagem mudou para "My strength is as the strength of ten because my rubber's pure" (“Minha força é a força de dez, pois minha borracha é pura”), ressaltando à superioridade Michelin em relação aos concorrentes.
A Michelin passou a usar massivamente o Bibendum nas suas estratégias de marketing, o boneco foi usado também para reforçar os valores da empresa, a alta qualidade dos produtos e muita proximidade com os clientes.
Em 1906 foi aberto um fábrica na Itália e no ano seguinte lançado o jornal “Il
Pneumatico Michelin - Consejos y Prodigios de Hombre Michelin” (“O pneu Michelin – Conselhos e Maravilhas do Homem Michelin”). Em 1925 foi apresentado na Indochina, em 1931 em Karlsruhe (Alemanha) em 1933 na Argentina, em 1934, em Espanha e Tchecoslováquia.
Bibendum continuou sendo adaptado às necessidades do momento, removendo e adicionando conteúdo e recursos. Após os anos 1920 parou de fumar charutos e cigarros no meio de uma epidemia de tuberculose, nos anos seguintes a sua imagem chegou a tornar-se um personagem muito mais atlético e ativo, até ser apresentado como um super-herói lutando contra o mal.
De fato o “Michelin Man” já não é apenas um logotipo para ser reconhecido pelos consumidores, podemos dizer que já está mais para um ícone pop. Já virou brinquedo, é protagonista de uma extensa coleção de livros especializados e chegou a participar em um curta-metragem que ganhou um Oscar.
Nos Estados Unidos, os americanos até hoje consideram o “Michelin Man” um verdadeiro cidadão do país. Os franceses o chamam carinhosamente de “Bib”. O boneco Michelin foi eleito o melhor logotipo do mundo pelo jornal “Financial Times” e pela revista “Report On Business” no ano 2000.