30/08/2021

George Barris (Parte 1)

Aqui no Blog adoramos falar dos ícones do mundo da customização (Ed Roth, Alexander Brothers, Bill Hines, Gene Winfield, Dick Dean, Dean Jeffries, Kenny Howard e tantos outros), 
mas faltava falar daquele que, talvez, tenha ido mais longe neste universo...
Em 20 de novembro de 1925, em Chicago, Illinois, nascia Geoge Salpatas, filho de uma família de imigrantes gregos. A mãe de George morreu quando ele tinha 3 anos, então seu pai decidiu manda-lo junto com o irmão Sam para viver com os tios em Roseville, Califórnia.
Com apenas 7 anos George começou a fazer modelos de carros e aviões com madeira de balsa, aos 9 já tinha vencido vários concursos patrocinados por lojas de hobby da região. Os irmãos Barris sempre tiveram interesse por artes plásticas, com apoio da família chegaram a fazer sucesso em apresentações de canto em teatros e em rádios locais.
Apesar do sucesso precoce nunca deixar de ajudar no negócio familiar, um restaurante grego. Em 1938 quando os irmãos chegaram ao ensino médio conseguiram o primeiro carro, um Buick 1925, que foi um reconhecimento dos tios ao trabalho dos irmãos.
Não demorou, porém, para eles promoverem algumas "mudanças" no carro, George modificou os para-lamas e Sam pintou o carro de laranja e azul com listras diagonais de várias cores. Sem eles planejarem este foi o primeiro carro personalizado da "Barris Kustoms"
No mesmo ano eles decidiram vender o Buick customizado e investir em outro carro, um Ford Model A Cabriolet 1929. O carro recebeu uma nova pintura e vários acessórios, depois veio um Ford Roadster 1932 e não pararam mais. 
Com o interesse (e talento) pela customização aumentando, os irmãos criaram um clube para proprietários de veículos personalizados, o "Kustoms Car Club". George também frequentava a Brown's Body Shop, um loja em Roseville onde assumia pequenos trabalhos sob a mentoria de Harry Westergard.
Em 1942 a WWII chegava ao auge e os irmãos Barris decidiram largar o trabalho para se alistaram no Exército, Sam foi aceito e George recusado. 
Desapontado, George tentou a marinha mercante e aos 18 anos se mudou para Los Angeles aguardando ser designado para um navio e, porque não, ficar mais perto das "cultura dos carros". 
Ele nunca chegou a ser designado para um navio... sorte nossa!
Neste período George trabalhava na "Jones's Body, Fender & Paint Shop", ele não estava feliz porque era uma oficina de reparos e não de customização, por isso decidiu abrir a sua própria loja no final de 1944 na Imperial Highway, Bell, Califórnia. 
Bob Hirohata
Com o final da guerra, após ser dispensado, Sam Barris se uniu novamente ao irmão para criarem novos projetos de customização, com esses trabalhos em 1946 criaram a "Barris Kustoms".
O trabalho Barris Kustoms logo atraiu a atenção de clientes da indústria cinematográfica, eles foram contratados para desenvolver diversos projetos para executivos, estrelas de cinema e para utilização nos filmes. 
Também nesta época se tornaram amigos de Robert E. Petersen, fundador das revistas Hot Rod e Motor Trend e, mais tarde, do Petersen Auto Museum. 
Em janeiro de 1948 os irmãos Barris venceram o seu primeiro "Hot Rod Exposition Show" no National Guard Armory em Los Angeles, o prêmio foi fundamental para consolidar a Barris Kustoms e possibilitar a ampliação dos negócios para novas instalações na Avenida Compton, 7674.
Em agosto de 1951, George foi estudar design automotivo na Europa, visitando Itália, Alemanha e França. Neste mesmo ano um cliente viu um Mercury customizado (carro pessoal de George) e encomendou algo parecido, o projeto ficou conhecido como "Bob Hirohata's 1951 Mercury" sendo mostrado no salão GM Motorama em 1952, onde ofuscou a concorrência. 
Ala Kart
Depois veio a pickup Ford Model A 1929 chamada "Ala Kart" vencedora do AMBR (America's Most Beautiful Roadster) por duas vezes, além de diversas aparições em filmes no cinema e televisão. 
Sam Barris decidiu deixar o negócio de customização em 1956, pois sentia que deveria se dedicar mais a sua família. George seguiu determinado, se casou em 1958 com Shirley Nahas, que teve participação fundamental na promoção da empresa, agora chamada de Barris Kustom Industries, e na organização de exposições pelo país.
Tal qual outros customizadores de sucesso na década de 1950, George começou a licenciar seus projetos para fabricantes de miniaturas e brinquedos como Aurora, Revell, MPC e AMT, consolidando o nome Barris por todos os cantos dos Estados Unidos. A pickup Ala Kart foi um dos kits mais populares da AMT na época.
A esta altura, George Barris já era considerado uma celebridade. Na 12ª edição anual do National Roadster Show, realizada de 22 a 28 de fevereiro de 1960, foi criado o "hall da fama do Roadster" dedicado aos melhores da customização e construção de carros personalizados. Os primeiros indicados foram; Joe Bailon,
Ezra Ehrhardt, Romeo Palamides, Gordon Vann, Harold Casaurang, Robert E. Petersen, Wally Parks, Walt Moron e, obviamente, George Barris. 
Juntamente com outros ícones da personalização (Gene Winfield, Dean Jeffries e os Alexander Brothers) George foi corresponsável pelos carros de produção para "Custom Car Caravan" e "Lincoln & Mercury's Caravan of Stars", que foram exposições itinerantes organizadas pela Ford para atrair compradores mais jovens e apresentar futuros conceitos.
Apesar de todo esse sucesso em exposições e com seus projetos de customizações, foi no cinema que George Barris virou lenda. 
Como? Contaremos em Breve.

11/08/2021

Hot Poster - Vanderbilt Cup

Fazia tempos que não colocávamos um post sobre os posters de divulgação das corridas, então voltamos a série com um dos eventos pioneiros do mundo das corridas, a Copa Vanderbilt!
Infelizmente no mundo digital atual perdemos essa forma de arte, sim tempos atrás divulgar um evento esportivo era arte, e só conferir...





04/08/2021

Luigi Segre

Luigi "Gigi" Segre
Dizem que são os alemães que fazem os melhores carros, isso pode até ser verdade, mas tem outra coisa não se discute; os Italianos (Ghia, Bertone, PininfarinaItaldesign, Zagato, Scaglietti) é que fazem os carros mais bonitos!
Agora vamos lembrar de um grande designer Luigi "Gigi" Segre.
Nascido em 8 de novembro de 1919, além de um grande designer, Gigi se diferenciou pelo seu talento nos negócios e engenharia, não foi por acaso que durante a sua gestão, entre 1953 e 1693, a Carrozzeria Ghia se tornou um das principais estúdios de design automobilístico do mundo.                           
Mario Boano
O começo da carreira de Gigi foi em outra área, no negócio de construção de seu pai em Nápoles, mas como tantos teve sua carreira e estudos interrompidos pela Segunda Guerra Mundial.
Em 1943, Segre tomou posição contrária as forças do eixo e participou da revolta civil que ficou conhecida como os “Quatro Dias de Nápoles”, mas foi além, se integrou as tropas dos EUA e tornou-se um contato oficial entre o OSS (Escritório de Serviços Estratégicos, um precursor da CIA moderna) e grupos partidários da resistência. 
Foi nesse período que Segre se tornou fluente no inglês, na cultura e nos costumes americanos, o que viria a ser um grande diferencial no futuro de sua carreira...      
Após o final da WWII, Segre se graduou em engenharia e foi contratado como gerente na Ford, depois mudou-se para a SIATA (Società Italiana Auto Trasformazioni Accessori) onde se aperfeiçoou em design automotivo com o fundador Giorgio Ambrosini. 
Em 1948, com apenas 29 anos, foi contratado por Mario Boano como diretor comercial para a Carrozzeria Ghia, com muita competência Segre elevou o faturamento da empresa de 10 milhões para 30 milhões de dólares em poucos anos e foi ocupando cada vez mais espaço na empresa. Entre 1949 e 1950 Segre também teve uma breve carreira de piloto, conquistando vitórias na classe Mille Miglia Turismo 1100 com um Fiat 1100, tendo como companheiro Gino Valenzano (1920-2011).
Aproveitando da sua fluência no inglês, Segre fez vários contatos nos EUA e conheceu Virgil Exner e K. T. Keller, respectivamente estilista-chefe e CEO da Chrysler. Como Boano não falava inglês, aos poucos foi sendo relevado a um papel secundário na própria empresa, isso foi um dos motivos dos graves problemas de relacionamento que viriam entre os dois.
Foi neste período que Segre também começou a negociar contratos com Volkswagen, Renault, Fiat, Volvo e outras grandes montadoras. 
Em 1953, a Ghia ajudou a Renault no projeto do Dauphine e se uniu a Wilhelm Karmann para, discretamente, trabalhar num novo carro para a Volkswagen, que estava embalada pelo sucesso do fusca e buscava um novo modelo mais sofisticado. 
No final do ano entregaram um protótipo, usando a base do Fusca, para Willhelm Karmann, que por sua vez apresentaria à Volkswagen. O projeto também teve participação de Mario Boano, Sergio Coggiola e Giovanni Savonuzzi, cada um levou parte do crédito do projeto, que virou um ícone de estilo: o Karmann-Ghia. 
A Volkswagen aprovou o projeto em novembro de 1953, o carro estreou nos salões de Paris e Frankfurt de 1955 e no Hotel Kasino em Westfalia, Alemanha, em 14 de julho de 1955, o carro vendeu mais de 445.000 unidades em 19 anos de produção, em vários países.
Gigi Segre se tornou amigo pessoal de Virgil Exner, ao ponto das famílias de ambos viajarem juntos pela Europa, Segre enviou a Exner um exemplar da primeira produção que Karmann Ghia, em gratidão.
Ao longo dos anos seguintes os problemas de relacionamento entre Segre e Boano se agravaram, Boano queria que a Ghia seguisse se concentrando no mercado italiano e Segre queria internacionalizar a empresa. No fim Segre tornou-se majoritário na empresa e conseguiu transformar a Carrozzeria Ghia numa empresa de design reconhecida mundialmente.
Segre e o amigo Virgil Exner
Em 1960, depois de modernizar a Ghia, Segre percebeu que continuar expandindo a empresa a faria perder a reputação de uma prestigiada oficina artesanal de design, por isso decidiu, em parceria com o amigo Olivetti (1889-1967), fundar a OSI (Officine Stampaggi Industriali), que utilizaria apenas os equipamentos e técnicas mais modernos para satisfazer as exigências dos clientes, mas sem prejudicar a reputação original da Carrozeria Ghia.
Na vida pessoal, em 1955 casou-se com Luisa de Berto e tiveram os filhos Edmondo (1957) e Silvio (1959). 
Esta história de sucesso foi interrompida, subitamente, com a morte de Luigi Segre aos 43 anos, em 28 de fevereiro de 1963, após uma remoção bem sucedida de pedras nos rins. Na época os médicos suspeitaram que Segre havia contraído uma infecção viral durante uma viagem de negócios ao Brasil, mas isso nunca foi confirmado. 
Ele deixou a esposa, Luisa e filhos, na época com 6 e 4 anos de idade. Logo depois a viúva decidiu vender a maior parte de empresa para Ramfis Trujillo (1929-1969) em 1965. O resto da história da Ghia está aqui.