20/07/2018

Rat Fink


No final dos anos 1950 Ed “Big Daddy” vendia sua arte em gravuras e camisetas “Weirdo”, nas feiras e exposições de automóveis na Califórnia.
Nesta época ele já era conhecido dentro do mundo hot Rod e da Kultura Kustom, mas quando a revista “Car Craft” publicou seus desenhos, na edição de agosto de 1959, Big Daddy virou uma celebridade.
Roth não se acomodou com o momento, foi pensando em novas formas de expressar a sua arte que teve a ideia de criar uma mascote...
Como seria este mascote?
Não sabemos se foi por acaso, mas foi a partir de um simples desenho em sua geladeira que ele criou o grotesco personagem chamado RAT FINK.
O personagem tomou forma de um rato verde e cinza, vestia um macacão vermelho com as iniciais "RF", frequentemente mostrado dirigindo carros ou motos insanas e customizados, tinha olhos esbugalhados e enlouquecidos, gordo, boca aberta, dentes afiados e passava a ideia de pouca preocupação com higiene pessoal...
Tudo contra a tendência conservadora da sociedade americana da época! 
Rat Fink chamava a atenção por representar o oposto do personagem queridinho da sociedade americana do pós-guerra; o Mickey Mouse. 
E era mesmo um verdadeiro “anti-herói”, uma evidente resposta de Roth contra as transformações “culturais” da época, das quais ele não concordava muito...
Se Ed "Big Daddy" Roth já era considerado um gênio na customização de carros, Rat Fink que lhe trouxe outro reconhecimento: fama. 
Após aparecer em um anúncio da revista Car Craft de julho de 1963, chamado de "A raiva na Califórnia", o mascote virou um sucesso entre os jovens americanos. Não demorou para o Rat Fink começar a aparecer em camisetas, carteiras, chaveiros, brinquedos, adesivos entre outros produtos lucrativos, mesmo sem nunca ter tido uma animação própria como a sua "antítese" Mickey Mouse.
Ed Roth ganhou um bom dinheiro com estes produtos, ainda em 1963 a Revell Model Company lançou um kit de plástico do personagem, a primeira série de produção foi vendida entre 1963 a 1965 e hoje é sonho de qualquer colecionador.
sucesso do Rat Fink encorajou Ed Roth a criar outros personagens (monstros), entre eles Drag Nut, Mother's Worry e Mr. Gasser, que também fizeram muito sucesso entre os anos 1960 e 1970. 
Esta forma de arte acabou sendo conhecida como “Monster Hot Rod” e em 2006 foi retratada no documentário de Ron Mann, chamado “Tales of the Rat Fink”.
Depois do kit do Rat Fink, a Revell lançou nos anos seguintes novos kits das outras criações de Roth, vários foram reeditados por muitos anos e ainda hoje são populares entre os aficionados de Hot Rod e Kustom Culture.
Aos poucos o Rat Fink foi ficando um pouco esquecido do grande público, mas na década de 1990 acabou “resgatado” no movimento grunge, aparecendo novamente na arte de álbuns, pôsteres de concertos e outros materiais promocionais.
Longa vida ao nosso rato preferido! 

10/07/2018

Bonneville Salt Flats (Parte 2)

Vamos continuar a nossa viagem por Bonneville, seus personagens e recordes...
Em 1947 as coisas começavam a voltar ao normal após o termino da guerra, John Cobb voltou para Bonneville com um renovado Railton-Special, em 16 de setembro ele fez uma passagem em 385,6 mph e outra de 403,1 mph, atingindo a média de 394,196 mph, um novo recorde mundial!
Em 1949 Bonneville atingiu outro patamar quando a SCTA (Southern Califórnia Timing Association) decidiu levar seus eventos de velocidade da Califórnia para Utah, agora não apenas “streamliners”, mas também uma legião de aficionados com seus hot rods Ford Coupé 32 e Highboy Roadsters tomaram conta das pistas de sal.
Apareceram novos corredores, que depois viraram lendas, como Vic Edelbrock, Bill Burke, DeanMoon e Alex Xydias e tantos outros.
Foi nesta época que surgiram os incríveis “lakesters” idealizados por Bill Burke, que eram carros feitos de tanques de combustível de aviões da segunda guerra. 
Em 1951, outro maluco chamado Alex Xydias (proprietário da famosa So-Cal Speed Shop) levou um lakester da equipe So-Cal aos 145,40 mph, o carro era alimentado por um motor V8 de 156 polegadas. No dia seguinte, trocaram o motor por um Mercury 259 e conseguiram chegar aos 181,08 mph! Uau!
Vic Edelbrock e sua equipe foram outros que também quebraram muitos recordes, em 1950 eles levaram um roadster alimentado por um motor Ford Flathead 259 polegadas a incríveis 146,36 MPH, uma marca sensacional para um roadster feito em “casa” e com baixo orçamento!
Dean Moon também teve um papel importante nesta época, seja construindo Hot Rods ou desenvolvendo peças de alta performance. Sua primeira peça a ser sucesso de vendas pedal em forma de pé 😳, a peça vendeu muito e Dean usava os lucros para desenvolver novas peças para ajudar a melhorar o desempenho dos carros, coisas do espírito hot rod...
Voltando aos recordes, a marca 394 mph estabelecida em 1947 por John Cobb ainda persistia, então um "rodder" americano chamado Mickey Thompson que decidiu quebrar a barreira dos 400 mph, Mickey hoje é considerado o criador do primeiro dragster.
Ele construiu um streamliner personalizado chamado de “Challenger I”, o carro era alimentado por quatro motores V8 Pontiac de 415 polegadas ligados a quatro transmissões Cadillac 1937. 
Em outubro de 1959 o "Challenger I" atingiu a velocidade de 363,48 mph, ainda longe dos 400 mph. 
No ano seguinte, Thompson melhorou a aerodinâmica e desempenho do motor, adicionou um compressor em cada motor chegando aos 750 HP,  rumou para Bonneville decidido a atingir o seu objetivo, assim em 09 de setembro de 1960 ele conseguiu incríveis 406,60 mph, tornando-se o homem mais rápido na Terra!
Porem, o feito de Mickey durou pouco, pois junto com os anos 1960 Bonneville entrava numa nova era: A era do jato!

08/07/2018

Don Yenko

Donald "Don" Frank Yenko nasceu no dia 27 de maio de 1927, Pensilvânia, o seu legado é cultuado pelos fãs da Chevrolet pela versões modificadas de carros da marca, para muitos são as melhores já feitas, tanto que são reconhecidas pela própria montadora. 
A relação de Don com a Chevrolet vem desde 1929 quando o seu pai, Frank Yenko, abriu uma concessionária Durant, em 1934 os Yenko abriram a sua primeira concessionária Chevrolet, em Bentleyville. Anos depois, em 1949, a família abriu a segunda concessionária Chevrolet em Canonsburg. 
Durante este período Don tirou breve de piloto, aos 16 anos, e serviu na Força Aérea, também finalizou seus estudos na “Penn State University” formando-se em Administração de Empresas. 
Aos 30 anos, em 1957, assumiu os negócios do pai e decidiu se especializar em produtos de performance para modelos Chevrolet, a sua proposta era os clientes comprarem as peças e os mecânicos da própria Yenko providenciarem a instalação. E assim foi até 1965, neste ano Yenko começou a comercializar seus próprios carros modificados. 
O primeiro modelo "Yenko" era uma versão apimentada do Chevrolet Corvair, chamados "The Stinger", os carros recebiam acessórios na carroceria, modificações na mecânica (direção, transmissões, suspensão, diferenciais) e nos motores, chegando a entregar até 240HP. 
Em 2 anos foram produzidos 187 Stingers que não foi nada mal, mas tudo de fato mudou em 1967.
Neste ano a Chevrolet lançou o Camaro e a Yenko começou a modificar a versão SS, criando o Camaro Yenko. A receita básica consistia em trocar o motor original L-78 de 396 polegadas (6.500 cm3) pelo L-72 de 427 polegadas (7.000 cm3), era o mesmo motor utilizado no Chevrolet Corvette, também eram acrescentadas modificações estéticas no interior e nas suspensões. 
Nesta época a Yenko também lançou outros modelos Chevrolet, baseados no Chevelle e no Nova, chamados “sYc" (Yenko Super Car), nestes carros os motores originais também eram trocados pelos L-72.
Com o declínio dos “muscle cars” a partir dos anos 1970, a Yenko mudou sua estratégia para o “Nova” conhecidos como “Yenko Deuce”, só que em vez de colocar o grande 427 passou a usar o potente 350 polegadas de 360 HP, mesmo motor dos novos Camaro Z28 e Corvette. 
Além do motor, o Yenko Deuce recebiam extensas modificações na suspensão, transmissão, eixo traseiro e, claro, a estética inconfundível com listras, logotipos e interiores chamativos. 
Com as novas mudanças de mercado, em 1972 foi lançado o “Yenko Stinger II”. A base do projeto era o Chevrolet Vega GT Hatchback e contava com spoilers, motor turbocompressor (155 hp) e várias modificações estéticas. 
Infelizmente a Yenko não contava com dificuldades com a certificação da
Agência de Proteção Ambiental dos EUA, assim o carro foi vendido sem o turbo compressor, embora o turbo fosse vendido separadamente na própria concessionária Yenko.
No mesmo ano a Yenko mudou novamente a estratégia dos seus negócios, decidiram parar de vender carros modificados e passaram a vender peças de desempenho por catálogo. 
A linha era extensa indo desde a estética até a modificação do motor, inclusive com uma versão do motor ZL-1 completa que Don Yenko conseguiu permissão da Chevrolet para produzir. Isso, não é para qualquer um!
O último modelo Yenko produzido foi baseado no Camaro Z Turbo, lançado em 1981, com motor 350 polegadas (5.700 cm3) com turbo compressor.
Talvez um pouco cansado ou pelas novas condições do mercado, Don Yenko decidiu vender a concessionária em 1982.
Em 5 de março de 1987 Don estava voando com seu Cessna 210 para Charleston, West Virginia, no momento do pouso ele perdeu o controle do avião e bateu em um morro, aos 59 anos Don Yenko faleceu com outros 3 ocupantes do avião.
Hoje os “Yenkos” estão entre os carros mais colecionáveis dos anos 1960, sobretudo entre os fãs da Chevrolet, os modelos originais bem conservados são vendidos por centenas de milhares de dólares.
Se Don Yenko quis tornar-se o “Carroll Shelby da Chevrolet”, com certeza ele conseguiu o que queria.
Detalhe, o Camaro azul que aparece em Velozes e Furiosos II é um Yenko, certamente não original porque ninguém é tão louco para destruir um carro desses, ou é?😕
  
MODELOS / ANO / PRODUÇÃO
Corvair Stinger / 1966 até 1969 / 115 unidades
Camaro Yenko / 1967 até 1969 / 316 unidades
Chevelle Yenko / 1969 / 99 unidades
Nova Yenko / 1969 até 1970 / 213 unidades
Vega Stinger II / 1971 a 1973 / 400 unidades
Camaro Turbo Z / 1981 / 19 unidades
  

04/07/2018

Nose Art

A origem da “nose Art” remonta a um tempo antigo, antes mesmo da criação dos primeiros aviões e automóveis, quando era usada para expressar a individualidade dos donos nas carruagens do séculos XVIII e XIX
No século XX virou hábito na personalização de viaturas de combate (barcos, tanques, helicópteros e principalmente aviões), o que não deixa de ser interessante, pois no meio militar a individualidade é muito restrita. 
Os primeiros a pintar seus aviões foram pilotos italianos e alemães durante a primeira guerra mundial, o primeiro registro conhecido foi um monstro marinho pintado em um hidroavião italiano em 1913. 
Depois vieram as bocas e dentes de felinos e tubarões pintados logo abaixo da hélice, a primeira “cara de tubarão” famosa foi pintada nos aviões (Sopwith Dolphin e o Roland C.II) do primeiro Grupo de Voluntários Americanos ou AVG, os Tigres Voadores.
"Cavallino rampante” do ás Francesco Baracca
A "nose art" passou a ser comum nos meios militares durante a Segunda Guerra mundial, apesar de ter sido proibida nos aviões e navios da U.S. Navy, as pinturas eram associadas a fatos importantes da vida e da personalidade dos tripulantes (no caso dos aviões), talvez por superstição ou apenas para quebrar as pressões. 
Muitas vezes os esquadrões, e não apenas um avião ou o piloto, adotavam símbolos ou faixas próprias além das insígnias oficiais, assim a identificação do avião era facilitada, imaginem a cena de centenas de B-17s iguais, identificados apenas pela diferença de números na cauda, decolando quase ao mesmo tempo para um ataque durante a WWII? 
Certamente criar traços individualizados nos aviões ajudava muito a equipe de terra e outros aliados.
Muitas vezes, a arte era concebida e produzida pelas equipes de terra e não pelos pilotos, mas também era comum a contratação de "artistas de verdade" para pintar os aviões, o pintor Don Allen foi um dos mais requisitados na WWII, ele cobrava US$35,00 por avião, o interessante era que, independente de ser um artista ou não, só usavam só os materiais que estavam disponíveis. 
Os nomes e temas usados nos aviões nem sempre eram apropriados aos padrões morais da época, mas dado todo o contexto ninguém ligava muito. A inspiração vinha de nomes e figuras de namoradas, esposas, caixa de fósforos, calendários, personagens de histórias em quadrinhos (os da Disney eram os favoritos), artistas, eventos da história da aeronave e, principalmente, pin-ups famosas (vale um post futuro só sobre isso). 
Alguns exemplos: "Swamp Angel" caiu em um pântano, “Patched Up Piece" foi reparado mais de uma vez, "Just Once More" um pedido dos tripulantes de um B-17 prestes a completar 25 missões para poder voltar para casa.
Depois da guerra da Coréia a Nose Art quase desapareceu dos aviões da USAF, mas reapareceu aos poucos durante a guerra do Vietnã, caiu em desuso novamente e agora está fazendo um retorno lento. É comum ver “nose art” nas forças militares de muitos países como Japão, Reino Unido, Canada, Alemanha e Rússia.
Fora do âmbito militar também encontramos a “nose art” em aviões civis, como no grupo Virgin ("Virgin Girls") e na companhia Alaska Airlines.
Mas, "nose art" é só para aviões? 
Não, O “cavallino rampante” símbolo do ás italiano Francesco Baracca foi uma nose art que ficou bem conhecida entre os amantes de carros, não pela origem, mas por ter sido adotada por tal de Enzo Ferrari como logotipo da sua marca.
Principalmente no final da década de 1940 dá para perceber a influência do estilo adotado nos aviões WWII nos primeiros hot rods, pode ficar meio confuso porque a aparência de um hot rods não tem muito a ver com aviões de guerra, mas notamos esta influência em diversos elementos visuais, tais como pinturas de chamas e bocas de tubarão pintadas no capô. 
Nas motos a “nose art” também esteve presente desde o pós-guerra, seja na pintura das motos ou inspirando a criação dos “patches” das centenas de clubes de motocicletas criados a partir desta época, essa influência não chega a ser uma surpresa, afinal muitos dos primeiros rodders e riders eram ex-pilotos ou veteranos de guerra.

01/07/2018

Hot Symphony - Cosworth DFV 3.0L

Eu gostei da série que começamos uns dias atrás, aqui vai o segundo post com o som do lendário Cosworth V8 da F1.
Dá para achar um monte de vídeos desta orquestra, mas escolhi um com um Fittipaldi F8C, da temporada de 1981.
Aumenta o som (dá uma saudade quando se compara com o som da F1 atual)...😖

Hot Dicas - Silodrome



Silodrome

Vai uma dica de um site interessante para quem gosta de motores, nem sei como descobri, mas como o próprio se intitula: Cultura da Gasolina!