22/11/2014

Chaparral Cars

Se você tem mais de 40 anos talvez conheça apenas a série de TV com este nome, se tiver esta idade e não for um aficionado por automobilismo, talvez nem isso. 
Então, vamos tentar reparar este hiato e dar crédito a quem merece...
A Chaparral Cars foi uma fabricante e equipe americana de corridas, construíram carros de sucesso durante as décadas de 1960 até 1970, em especial na série CANAM. A empresa foi fundada em 1962 por Hap Sharp e pelo
Chaparral 1
lendário Jim Hall, o nome veio da combinação sonora de “Sharp” e”Hall”, na verdade “Chaparral” é nome de uma planta muito conhecida na Espanha.
Como equipe de corridas fez grande sucesso e inovação. 
O Chaparral 2 já utilizava a “inovadora” fibra de vidro, o Chaparral 2C utilizou um chassi de alumínio, foram eles que introduziram carros com defletores de ar, asas e o conceito de efeito solo (Chaparral 2J CANAM de 1966). Toda essa inovação garantia um visual único e marcante nos seus carros, além do espanto pela velocidade que eles atingiam.
Na verdade o Chaparral 1 foi construído por Troutman e Barnes, Jim Hall foi cliente entre 1957 e 1961, comprava modelos para correr até que decidiu se unir a Sharp para construir seus próprios carros em 1962, pediram permissão para Troutman e Barnes usar o nome de Chaparral.  Os carros produzidos projetados a partir daí foram chamados de “2”.
Chaparral 2D
Muitos modelos ficaram marcados na história do automobilismo, seja pela potência ou originalidade; o Chaparral 2F, 2H, 2G, 2D, 2E e o lendário Chaparral 2J. 
O modelo 2D foi a primeiro modelo de cabine fechada, projetado para corridas de endurance. Em 1966 um 2D venceu em 1000 km de Nürburgring com Phil Hill e Joakim Bonnier, modelo era equipado com um motor Chevrolet de 327 polegadas (5,3 litros) em liga de alumínio, capaz de produzir 420 cavalos em um carro de apenas 924 kg.
Chaparral 2J
O Chaparral 2J talvez seja o modelo mais famoso, mesmo com seus resultados tendo sido prejudicados por problemas mecânicos. Possuía duas ventoinhas na traseira para aumentar a estabilidade, sobretudo em curvas rápidas. O conceito, simples e curioso, se baseou em um aspirador de pó e alguns componentes aerodinâmicos que eram combinados para não deixar o ar escaparem por debaixo do assoalho do carro. Ventoinhas sugavam esse ar e o mandava para fora diminuindo a pressão sob o carro, esse sistema criava uma força descendente sobre o carro. Devido a sua aparência, o carro ficou conhecido como "Carro do Ventilador".
Jim Hall utilizou como poucos as suas habilidades de engenheiro, abordava os problemas de forma metódica junto aos parceiros como Chevrolet e Firestone, transformando em arte a afinação de um carro de corrida. Ele foi o responsável pelo primeiro sistemas de aquisição de dados que foram usados para pesquisa e desenvolvimento pela GM.
Além do sucesso nos campeonatos da SCCA/CASC Can-Am series nas décadas de 1960 e 1970, venceram as 500 Milhas de Indianápolis de 1980 com Johnny Rutherford l, a equipe deixou o automobilismo em 1982.
Na temporada CART de 1991, Jim Hall retornou as pistas em conjunto com VDS Racing, a equipe chamava-se Hall-VDS, mas competindo com chassis Lola T91/00 e motores Ilmor-Chevrolet Indy V8 perderam a magia inovadora que tanto marcou seus carros.


14/11/2014

Pininfarina

Battista "Pinin" Farina nasceu em Cortanze em 2 de novembro de 1893, segundo filho mais novo de uma família de onze irmãos. Nem todos sabem, mas “Pinin" significa "o pequeno" em dialeto de piemonte e não fazia parte do sobrenome da família, apenas em 1961 o então Presidente Italiano Giovanni Gronchi autorizou a junção do nome e apelido do fundador para "Pininfarina". Outra curiosidade é que o primeiro campeão mundial da F1 em 1950, Giuseppe Farina, era sobrinho de Battista e Giovanni, coisas de DNA...
Desde os 11 anos de idade Battista trabalhou na empresa do seu irmão Giovanni, “Stabilimenti Farina”, depois aos 27 anos, em 1920, Battista viajou aos Estados Unidos para conhecer o mais desenvolvido setor automotivo da época, conheceu Henry Ford e foi convidado para trabalhar em sua empresa, mas decidiu voltar para a Itália para fundar o seu próprio negócio.
Em Turim, em 22 de maio de 1930, nascia a “Società Anonima Carrozzeria Farina”, no começo o foco foi a fabricação artesanal de carrocerias especiais, algo relativamente comum na época porque alguns fabricantes produziam o projeto básico do carro (motor, chassis, freios e suspensões) e oficinas parceiras cuidavam do design e produziam as carrocerias.
Visando quebrar este paradigma e atender o maior número de clientes, foi estabelecido o primeiro grande envolvimento de Farina com uma montadora, a Lancia. Vincenzo Lancia já conhecia Battista desde o tempo em que este trabalhava na oficina do irmão, quando Battista decidiu investir no seu próprio negócio o apoio de Lancia foi fundamental, tanto como sócio minoritário tanto como cliente.
O resultado apareceu com o Lancia Dilambda (1930) e o Lancia Astura Bocca Cabriolet (1936). A colaboração prosseguiu com muitos projetos como o Aprilia (1947), modelo marcante porque tinha um coeficiente aerodinâmico de 0,47, algo impensável para a época!
Em 1936 foi estabelecida outra cooperação importante, agora com a Alfa Romeo, resultando modelos fantásticos como o Alfa Romeo 8C 2300 (1933), Alfa Romeo 1900 Sprint Coupé (1952) e o Giulietta Spider (1964), mais de 17.000 Giulietta e quase 10.000 Giulia provaram o sucesso e marcaram definitivamente a Pinifarina. 
Como toda a indústria européia a empresa foi muito afetada pela WWII, passaram por este período construindo ambulâncias e veículos para o exército. Após a derrota da Itália as empresas Italianas sofriam muitos boicotes, mas não para Battista, impedido de participar do Salão de 1946 ele e seu filho Sergio levaram um Alfa Sport 2500 e um Lancia Aprilia Cabriolet, estacionaram os carros na porta do Grand Palais onde ocorria o evento, chamando a atenção de todos que por lá passavam.
Uma forte cooperação com a Maserati foi iniciada em 1948, quando esta decidiu iniciar a produção em massa de veículos no pós-guerra, mas nos anos seguintes por conta da aproximação com a Ferrari esta parceria foi se distanciando.
É quase impossível separar a evolução (ou revolução) da Pininfarina da sua extensa colaboração desenvolvida com a Ferrari a partir dos anos 50. Este acordo foi conduzido pelo filho de Giovanni, Sergio Pinifarina, posteriormente o próprio Enzo Ferrari o nomeou diretor de projetos para todas as carrocerias da marca. Este casamento de sucesso resultou em mais de vinte modelos, desde o

Ferrari 212 Inter (1952), passando pela lendária Ferrari 250 (1959) e continua até os dias recentes com o modelo Ferrari SuperAmerica (2005).
Não foram apenas com montadoras italianas que a Pininfarina criou projetos de sucesso, em 1951 foi criada uma cooperação com a Peugeot para o desenho do Peugeot 403 e ao longo dos anos vários outros modelos da marca francesa. Uma nova fase de colaboração entre as duas empresas foi firmado a partir de 1992 com a família Peugeot 406.
O ano de 1961 marcou o afastamento de Battista da direção da empresa e ascensão de Sergio, que cuidava da criação, e do genro Renzo Carli responsável pelo setor administrativo.
Diversos outros acordos de cooperação com vários fabricantes permitiram a empresa participar de forma significativa no desenho e o desenvolvimento de inovações técnicas na própria mecânica dos automóveis. Por exemplo, o modelo Ferrari Dino Speciale apresentado em Paris em 1965 tinha motor central, fruto da sugestão da Pininfarina.
Em 1966, apenas um mês antes da morte de Battista, 3 de abril em Lausanne, foi inaugurado o Centro de pesquisa aerodinâmica com o primeiro túnel de vento da Itália.
Durante a sua carreira, Battista recebeu diversos títulos pelas suas contribuições ao país e ao design automotivo, entre eles o Légion d'Honneur das mãos do General De Gaulle, o Cavaliere del Lavoro e os de membro honorário da Sociedade Real de Artes de Londres e da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos de Turim, também recebeu o prêmio Compasso d'Oro e uma medalha de ouro do presidente da Itália pela suas realizações em prol da educação, cultura e a arte na Itália. Teve ainda graduação honoris causa na faculdade de arquitetura do Instituto Politécnico de Turim em 1963, a justificativa diz tudo: "Mestre inquestionável das técnicas de construção arquitetônicas de automóveis, Pininfarina tem um perfeito conhecimento desta tecnologia e da aerodinâmica automotiva. Tem um verdadeiro e prestigioso talento artístico, aliado à imaginação criativa dedicada à inovação".
A parceria com a Maserati retornou com força a partir da união das duas empresas no grupo FIAT, como a versão V do Maserati Quattroporte (2003) e o Maserati Gran Turismo (2007), o próprio Sergio admite que “Provavelmente não teríamos sobrevivido sem a ajuda da Fiat...”, o mundo mudou!
Na terra do Tio Sam também houve diversos projetos de sucesso com a GM no Buick Lido Coupé, o Cadillac Allanté e a concepção do protótipo Chrysler Chronos.  
Continuando a linhagem familiar, Andrea Pininfarina (26 de Junho de 1957 — Trofarello),neto do fundador da empresa, Battista PininFarina tornou-se o presidente do estúdio Pininfarina, infelizmente no dia 7 de agosto de 2008 Andrea foi vítima de um estúpido acidente de trânsito enquanto dirigia de Vespa para o seu escritório. Seu irmão Paolo foi então eleito presidente da empresa, o grupo chegou a empregar mais de 3.000 trabalhadores em fábricas na Europa, em Marrocos e na China.
O modelo atual de negócios se concentra na produção sob contrato que permitem maior do lucro, pelas condições econômicas mundial levou a empresa a se adaptar e hoje são cerca de 500 funcionários. Não são montados mais carros em grande escala desde 2010 e passou a explorar outras parcerias com indianos e chineses. A necessidade de sobrevivência provocou uma volta às raízes na manufatura de protótipos, carros sob encomenda e pesquisas em tecnologias sustentáveis. 
Aparentemente a estratégia vem funcionando!

Abaixo uma relação de muitos projetos fantásticos, certamente não estão todos os modelos, mas dá uma ideia da dimensão desta empresa para o design automotivo;
Nash Ambassador
1952; Ferrari 250, Nash Ambassador, Nash-Healey
1954; Lancia Aurelia B24 S, Maserati A6 GCS Berlinetta Sport
1955; Ferrari 410 Superamerica, Peugeot 403, Alfa Giulietta
1956; Austin A40 Farina
1957; Lancia Flaminia
1960; Peugeot 404
1964; Ferrari 275
1965; Ferrari Dino 206, MGB GT
1966; IKA-Renault Torino, Alfa Romeo 1600 Spider Duetto, Ferrari 330 GTC, Fiat 124 Spider, Fiat Dino Spider
Lancia Flaminia
1968; Ferrari Daytona, Peugeot 504
1971; Fiat 130 Coupe
1973; Ferrari 365 GT4 BB
1974; Lamborghini Countach (pelo grupo Bertone)
1975; Lancia Montecarlo, Rolls-Royce Camargue
1978; Jaguar XJ-S
1984; Ferrari Testarossa
1985; Alfa Romeo 75
1986; Peugeot 205 Cabriolet
Ferrari 275
1987; Alfa Romeo 164, Cadillac Allanté, Ferrari F40
1989; Ferrari Mythos
1994; Fiat Coupé
1997; Peugeot 306 Cabriolet, Peugeot 406 Coupé
1999; Peugeot 406 Berlina, Songhuajiang Zhongyi Hafei, Mitsubishi Pajero
2000; Daewoo Tacuma, Ferrari 550 Barchetta, Hispano Habit
2001; Citroën Osée
2002; Ferrari 575M Maranello, Ferrari Enzo, Daewoo Nubira
2003; Maserati Quattroporte
2004; Alfa Romeo Spider, Alfa Romeo GTV 
2005; Maserati Birdcage 75th
Ferrari Testarossa
2006; Volvo C70, Ferrari P4/5 by Pininfarina, Volvo C70
2007; Brilliance BS4, Chery A3, Chery A3 Sport, Ford Focus CC by Pininfarina
2008; Maserati GranTurismo, Ferrari California
2009; Ferrari 458 Italia
2011; Ferrari FF
2012; Ferrari F12 Berlinetta
2014; Ferrari Califórnia