31/03/2016

Bill France SR (Parte 2 - final)

Hora de continuar a nossa história sobre Bill France SR. Após a criação da NASCAR, a organização contratou Erwin "Cannonball" Baker para ser o seu primeiro comissário de corridas, apenas dias depois já realizavam a sua primeira corrida no circuito de praia/rua em Daytona Beach e de cara atraíram um público de mais de 14.000 pessoas, o vencedor foi  o piloto Red Byron. France compartilhava a ideia de que os fãs gostariam mais de comprar carros que ganhassem corridas, mas ele sabia que a retomada da produção das montadoras americanas após a segunda guerra ainda seria lenta, então decidiu restringir os modelos que poderiam participar das corridas aos Fords e Chevrolets feitos antes de 1940 e alguns poucos novos Buicks.  
Buscando aumentar a divulgação de sua categoria Bill France organizou uma corrida de exibição em Miami no mês de fevereiro de 1949, em junho realizaram a primeira corrida no estado da Carolina do Norte em uma pista oval de terra em Charlotte, o evento oferecia US$5.000,00 de prêmios e atraiu 33 competidores, foi registrado um público estimado de 13.000 pessoas, acima de qualquer expectativa da NASCAR. 
Apesar de alguns problemas com entendimento das regras e muitos recursos dos perdedores, a corrida foi um sucesso e ajudou a NASCAR a promover no mesmo ano mais duas etapas na Carolina do Norte e também na Pensilvânia, uma na Flórida, Nova York e Virginia, o nome da série mudou para “Grand Nationals” e em 1949 Red Byron com um Oldsmobile era coroado como o primeiro campeão da NASCAR, Lee Petty ficou em 2º lugar, seguidos por Bob Flock, Curtis Turner e Jack Smith. 
Em 1950 o ex-piloto Harold Brasington construiu em Darlington um circuito oval de 1,25 milhas que causou surpresa por ser totalmente pavimentado, junto com o seu amigo Bill France organizaram uma corrida de 500 milhas com carros “Stock car”. A corrida inaugural da pista, a primeira da NASCAR em uma pista pavimentada, ofereceu prêmios de US$25.000,00 e recebeu mais de 80 inscrições, a largada teve 75 carros alinhados em 25 linhas com três carros lado a lado. O autódromo tinha 9.000 lugares e todos foram rapidamente tomados e obrigou a organização a acomodar mais 6.000 pessoas na parte interna da pista. A prova teve mais de 6 horas de duração e o vencedor foi Johnny Mantz com um Plymouth 1950 (que pertencia ao próprio Bill France).
Em 1953, France sabia que a NASCAR precisava de uma pista permanente e com melhor estrutura continuar atraindo as grandes multidões, como nas primeiras corridas na praias em Daytona. Então, em 4 de abril de 1953, ele propôs a criação de um novo “Superspeedway” chamado de “Daytona International Speedway”. 
O projeto previa uma pista de 2,5 milhas (4,0 km) e estaria pronto em 1956, a tempo de hospedar o que se tornaria o novo grande evento da NASCAR a “Daytona 500”. De fato o autódromo só estreou em 1959, mas desde então a corrida de 500 milhas marca o início do campeonato da NASCAR.
O futuro da NASCAR começou a ser consolidado definitivamente em 1956, naquele ano a série teve 56 corridas e tornava-se uma série nacional em vez de uma série regional. O sonho de “Big Bill” se concretizava, mas ele não se deu por satisfeito e em 1969 era aberto o oval mais rápido dos Estados Unidos, o “Talladega Superspeedway” no estado do Alabama.
Bill France foi o presidente e CEO da NASCAR  até 1972, em 1971 a J.R. Reynolds tornou-se o patrocinador principal e o nome da série mudou de "Grand National" para "Winston Cup". Em 1972 todas as pistas de terra foram definitivamente abandonadas do calendário e as corridas passaram a ter no mínimo 100 milhas de extensão, isso marcou o início da era moderna da categoria que hoje é uma das mais importantes do mundo.
“Big Bill” como era conhecido passou a direção da NASCAR para o seu filho Bill France JR, ele ajudou a instituir o “International Motorsports Hall of Fame” e foi indicado na primeira turma em 25 de julho de 1990. 
Bill France faleceu em 7 de junho de 1992 na sua casa em Ormond Beach, ele sofria do mal de Alzheimer. 
Prêmios e distinções;
  • “International Motorsports Hall of Fame” em 1990.
  • “Motorsports Hall of Fame of America” em 1990.
  • “Automotive Hall of Fame” em 2004.
  • Membro do “National Motor Sports Press Association (NMPA) Hall of Fame” de Darlington, Carolina do Sul.
  • “Daytona Beach Stock Car Racing Hall of Fame” em 1992.
  • “ NASCAR Hall of Fame” em 23 de maio de 2010.

28/02/2016

What´s your name? (Estados Unidos)


Vamos continuar com o nosso giro pelos nomes das maiores montadoras mundo afora, já falamos disso aqui e aqui, agora é a vez do pais com o maior número de montadoras de todos os tempos...


NOME
FUNDAÇÃO
ORIGEM DO NOME
AMC
1954
Sigla
Abreviação de "American Motors Corporation" foi criada pela fusão da Nash e Hudson
Buick
1903
Sobrenome
Sobrenome do fundador David Dunbar Buick
Cadillac
1902
Sobrenome
O nome é referência ao fundador de Detroit, Antoine Laumet de La Mothe, conhecido como "Sieur de Cadillac"
Chevrolet
1911
Sobrenome
Leva o sobrenome de um dos seus fundadores, William Durant e Louis CHEVROLET
Chrysler
1924
Sobrenome
A marca leva o sobrenome do fundador Walter Percy Chrysler.
Desoto
1928
Sobrenome
Fundada por Walter Chrysler, a marca era uma homenagem ao explorador espanhol Hernando de Soto
Dodge
1914
Sobrenome
Fundada pelos irmãos John e Horace Dodge, a empresa inicialmente virou "Dodge Brothers"
Duesenberg
1913
Sobrenome
Fabricante de automóveis de luxo fundada pelos irmãos August Duesenberg e Frederick Duesenberg
Freightliner
1942
Simbologia
Foi criada quando a empresa de transporte "Consolidated Freightways" decidiu produzir seus próprios caminhões
Ford
1903
Sobrenome
O nome da empresa leva o sobrenome do principal acionista Henry Ford, que abriu a empresa com mais onze sócios.
General Motors
1908
Simbologia
Holding proprietária de algumas das principais marcas automotivas Americanas: Cadillac, Chevrolet, Buick, Oldsmobile, entre outras.
GMC
1909
Sigla
Era a divisão de caminhões da General Motors Company, foi chamada inicialmente de General Motors Truck Company
Harley-Davidson
1903
Sobrenome
O nome da empresa é a junção dos sobrenomes dos fundadore: Arthur Davidson e William S. Harley.
Hudson
1909
Sobrenome
O nome da empresa feio do fundador Joseph L. Hudson
Indian
1901
Simbologia
A empresa produzia o modelo "American Indian", então o fundador George M. Hendee decidiu adotar apenas Indian para facilitar o reconhecimento em novos mercados
Jeep
1941
Acrônimo
A origem do nome vem da pronúncia (em inglês) da sigla G.P (General Purpose), utilizada para identificar modelos de uso geral e uso militar
Lincoln
1917
Combinação
O nome da empresa é uma homenagem ao presidente Abraham Lincoln.
Mack
1900
Sobrenome
Empresa de caminhões e ônibus, foi fundada como Mack Brothers Company
Mercury
1939
Simbologia
O nome foi derivado do mensageiro dos deuses na mitologia Romana.
Nash
1917
Sobrenome
A Nash Motors foi fundada por Charles W. Nash, ex-presidente da General Motors
Oldsmobile
1897
Combinação
A Olds Motor Vehicle Company foi fundada por Ransom E. Olds, é a marca mais antiga dos Estados Unidos ainda em operação.
Packard
1899
Sobrenome
A empresa leva o sobrenome de um dos fundadores James Ward Packard, William Doud Packard e George L. Weiss
Pontiac
1926
Simbologia
O nome de um famoso chefe indígena líder de uma rebelião contra os Ingleses. A marca foi descontinuada pela GM em 2010
Plymouth
1928
Simbologia
A inspiração do nome da marca veio de "Plymouth Cordage Company" uma empresa textil que produzia um fio popular entre os agricultores
Saleen
1983
Sobrenome
A marca leva o sobrenome do fundador Steve Saleen, fabrica e customiza carros super-esportivos
Studebaker
1852
Sobrenome
Sobrenome da família dos fundadores, os irmãos  Studebaker: Henry,  Clement, John Mohler, Peter Everst e Jacob Franklin
Tesla
2003
Simbologia
Desenvolve apenas veículos elétricos, o nome da marca é uma homenagem ao inventor Nikola Tesla




























21/02/2016

Vittorio Jano

Vittorio Jano nasceu 22 de Abril de 1891 como Viktor János em San Giorgio Canavese, em Piemonte na Itália, era descendente de imigrantes Hungaros. Aos 18 anos depois de se formar no “Instituto Professionale Operaio” em Turim, começou a sua carreira na fabricante de carros e caminhões "Società Torinese Automobili Rapid", em 1911 foi trabalhar na FIAT sobre a tutela do designer Carlo Cavalli, em 1921 chegou a ser o chefe de uma equipe de design. Em 1923 decidiu deixar a companhia para trabalhar na Alfa Romeo em Milão, onde se tornou engenheiro chefe substituindo Giuseppe Merosi, Merosi havia projetado o Alfa Romeo P1 que havia sido uma decepção e a Alfa precisava reagir e depositou suas fichas no jovem e promissor engenheiro.
O piloto de testes Luigi Bazzi, que havia trabalhado com Jano na Fiat, teve grande influência na decisão da Alfa, vale lembrar que naquela época a Fiat era uma das maiores e mais avançadas fábricas de carros do mundo. 
Alfa Romeo P2
Foi na Alfa Romeo que Vittorio desenhou o seu primeiro grande projeto de motor, um 8 cilindros em linha para ser usado no chassis P2 de carros de grande prêmio, o carro foi um sucesso e levou a Alfa Romeo a vencer o primeiro campeonato do mundo de "Grand Prix cars" em 1925. 
Com a decisão da Fiat de se retirar das competições o P2 inaugurou um longo período de sucesso para a casa de Milão, até de maneira humilhante para os concorrentes. 
Lembramos que naquela época o automobilismo muito vezes significava uma competição nacionalista e não embate esportivo. Dizem que durante o GP da Bélgica em 1925 em SPA a Delage era a equipe favorita local, mas durante a corrida acabaram retirando os seus carros e a competição virou um desfile da Alfa Romeo, com os pilotos Antonio Ascari e Campari. O público local ficou enfurecido e começou a vaiar a Alfa, então Jano respondeu chamando os seus carros para os boxes e enquanto estes eram reabastecidos, limpos e polidos a equipe almoçava tranquilamente aos olhos da multidão. Ao final do “serviço” os Alfas voltaram para a corrida e venceram sem dificuldades...
Alfa Romeo P3
Jano chegou a trabalhar com o engenheiro Ferdinand Porsche e também na concepção de motores de aeronaves, caminhões e ônibus. Em 1932 ele produziu o lendário modelo P3 que ganhou várias corridas para a Alfa com o ás Tazio Nuvolari e também pela “Scuderia Ferrari” quando ainda utilizavam modelos Alfa Romeo, em 1933. O P3 apresentou muitas inovações como o motor construído em torno de dois blocos de quatro cilindros, cada um com o seu supercharger e cardans duplos que permitiram a banco do piloto ficar mais baixo no chassi. Além de um grande carro, a equipe também contava com os serviços dos melhores pilotos da época, Nuvolari e Caracciola.
Jano também desenvolveu vários motores para utilização fora das pistas para a Alfa Romeo, entre eles várias séries de média e pequena capacidade com 4, 6 e 8 cilindros em linha. Na verdade muitos destes motores eram baseados no projeto básico do P2, cujo conceito estabeleceu a arquitetura clássica dos motores Alfa por épocas: utilização de ligas leves, câmaras de combustão hemisféricas, duplo comando de válvulas com as fileiras de válvulas no cabeçote, entre outros.
Em 1936 ele projetou o Alfa Romeo 12C usando o motor V12, apesar de toda a expectativa o carro não teve muito sucesso. Uma das explicações deste fracasso foi a saída de Jano da Alfa Romeo para a Lancia em 1937, ele mudou para ser o engenheiro de desenvolvimento chefe após a morte de Vicenzo Lancia.
Lancia D50
A segunda guerra e a consequente derrota da Itália deixou a recuperação da indústria mais lenta do que outros países. Jano ficou na Lancia e focou nos projetos nos carros de Grand Prix, entre eles o Lancia D50 de 1954. Tal qual o 12C o D50 tinha grande potencial, mas a morte de Alberto Ascari em 1955 e grande acidente de Le Mans em 1955 afetou a estratégia de Lancia para as corridas.
Foi assim que Enzo Ferrari assumiu o programa da Lancia e Jano fez parte deste esforço. Jano era muito próximo a Alfredo “Dino” Ferrari e tinha neste um dos seus principais incentivadores, os projetos dos motores V6 e V8 de Jano levou ao abandono dos antigos motores projetados por Lampredi e Colombo.
Dino V6
Após a morte do seu amigo Dino, o motor V6 de Jano foi o escolhido para ser a base do primeiro projeto de carro com motor central da Ferrari em 1966 que virou uma homenagem ao filho de Enzo, o Dino 206. A contribuição de Jano foi significante nos motores Ferrari, sejam motores V6, V8 e depois os V12 e ainda formam a base de vários modelos usados até hoje.
Infelizmente o final da história pessoal de Jano não foi tão gloriosa quanto o seu trabalho, tal como Enzo Ferrari ele também perdeu o seu único e amado filho. Após este episodio a sua saúde foi ficando debilitada, já gravemente doente acabou se suicidando em Turim no dia 13 de março de 1965.

18/02/2016

The Outlaws


Nos Estados Unidos a A.M.A. (American Motorcycle Association) define regras de comportamento e conduta para Moto Clubes associados, isso foi um esforço para brecar a escalada de violência associada aos MC durante os anos 1960 e 1970, os clubes que não seguem estas regras são considerados como “outlaws”. Essa proximidade de nomes e conduta reforçou a fama de um dos mais antigos grupos de motociclistas em atividade, o “The Outlaws Motorcycle Club”. 
A reunião inaugural para criação do “McCook Outlaws Motorcycle Club” aconteceu em 1935 no Matilda´s Bar que ficava na antiga Rota 66 em McCook, um subúrbio do sudoeste de Chicago, Illinois. O MC atravessou o período da Segunda Guerra Mundial sem grandes atividades, após o término do conflito grande parte de seus membros passou a ser formada por ex-combatentes que buscavam recuperar a motivação pela vida e superar os traumas pós-guerra. 
Em maio de 1946 foi realizado um grande evento no Soldier Field, em Chicago, que marcou o "renascimento" do clube.
Ao longo de sua história os “Outlaws” desenvolveram grandes rivalidades com outros MC e em especial com os seus arquirrivais os “Hells Angels”. Os membros dos Outlaws usam bastante a expressão “ADIOS” cujo real significado não é “adeus” em espanhol, mas “Angels Die In Outlaw States". Tal quais os “Hell Angels” os “Outlaws” também tem seu lema: "Deus perdoa, Outlaws não", dispensa comentários...
Em 1950 o clube saiu de McCook para Chicago e decidiram mudar o nome de "McCook Outlaws" para "Chicago Outlaws". O logotipo do clube era uma motocicleta alada e foi alterado para uma pequena caveira com o nome do clube estampados com letras no estilo Old English. Em 1954 foram adicionados pistões cruzados reforçando o espírito fora da lei do grupo, uma versão final foi redesenhada em 1959.
Em 1964 os "Gipsy Outlaws" no estado de Milwaukee tornaram-se o segundo capitulo oficial do clube, em julho de 1967 era criado o primeiro capítulo na Flórida, não se sabe ao certo o número de membros ativos dos diversos capítulos dos "Outlaws", mas parece que número de associados não é o que define a relevância e atitude do grupo. 
Tradicionalmente o clube só aceita homens e as motocicletas tem que ser de fabricação americana, com cilindrada mínima, mas na Europa são aceitas motocicletas de outras marcas, desde que com o estilo correto. 
Fora dos Estados Unidos os “Outlaws” tem presença marcante em países como Nova Zelândia, Russia, Japão e diversos países da Europa. No Reino Unido os “Outlaws” surgiram com a junção de diversos MC menores em 1992, mas o capítulo da França é considerado o primeiro capítulo oficial aberto na Europa em 1993. Hoje os “Outlaws” se tornaram o maior MC no Reino Unido, com mais membros do que os “Hells Angels” local.
A proximidade com o crime e os excessos também foi marcante na história do grupo.
O FBI chegou a colocar o líder mundial dos “Outlaws” Taco Bownan como um dos dez mais procurados fugitivos do FBI. Bowman está na prisão desde 1999 acusado por três assassinatos, ele foi preso quando agentes federais e a SWAT invadiram a sede do grupo em Daytona Beach, Flórida, à procura de drogas, armas e contrabando.
Em 2007 Frank Rego Vital da cidade de Roberta, Georgia, membro dos “Outlaws” foi baleado e morto por dois membros do “Renegades MC” em um tiroteio no estacionamento de um clube de strip. Já em Chicago em 2008 a sede dos “Outlaws” foi invadida por agentes do FBI e uma equipe da SWAT, que utilizou até veículos blindados na invasão.
Em agosto de 2009, 15 membros do capítulo "Outlaws Philadelphia" foram presos por tráfico de drogas, entre os presos estavam alguns líderes do grupo Thomas "The Boss" Zaroff Jr. e Charles "Panhead" Rees. 
Em julho de 2012 os US Marshalls invadiram a sede de Indianópolis e prenderam 42 membros acusados de crimes como fraude postal e lavagem de dinheiro. 
Esses são só alguns exemplos, ocorreram muitos outros casos de violência e condenações em vários capítulo nos Estados Unidos e em outros países, em novembro de 2008 no Reino Unido, sete membros do capítulo de Warwickshire foram condenados à prisão perpétua por assassinato.
Polêmicas a parte, em 2005 o “Outlaws MC” celebrou o seu 70º aniversário, hoje os “Outlaws” continuam como um dos maiores clubes da motocicleta em todo o mundo, um dos “Big four” como explicamos aqui...

17/02/2016

Carrozzeria Scaglietti

Acho que já ficou evidente a preferência deste blog pelo design italiano de carros, já falamos um pouco disso aqui, aqui e aqui. Agora vamos falar de outro gênio do design e de sua empresa de criação de sonhos, Sergio Scaglietti e a sua Carrozzeria Scaglietti.
Sergio nasceu em Modena em 9 de Janeiro de 1920 e desde criança era fascinado por carros, apenas após a morte de seu pai, em 1933, encontrou trabalho em um fabricante de carrocerias. 
Em 1939 conheceu Enzo Ferrari e ali começava uma profunda relação profissional e de amizade entre Sergio e Enzo e suas empresas. Naquela época Enzo era proprietário da promissora “Scuderia Ferrari” e ainda corria com carros da Alfa Romeo.
O encontro entre os dois foi uma daquelas obras do acaso, um acaso que mudou a história dos automóveis. O encontro ocorreu na oficina onde Scaglietti trabalhava como funileiro e prestava serviços para a Ferrari, certa ocasião Scaglietti fez várias mudanças em um Alfa Romeo de 12 cilindros da equipe, deixando suas linhas mais aerodinâmicas e futuristas. Ferrari ficou fascinado e começou a recomendar o trabalho de Scaglietti para outros pilotos e equipes.
Ferrari 250 Monza
Em 1947 a Ferrari passou a fabricar suas próprias carrocerias para os seus carros e a parceria com Scaglietti se fortaleceu, o primeiro trabalho desta fase foi o 500 Mondial. Os negócios prosperaram e em 1951 era fundada a Carrozzeria Scaglietti. 
Nesta época Scaglietti atendia praticamente com exclusividade à casa de Maranello, os modelos desenhos exclusivamente por eles recebiam o logo Scaglietti & C e os projetos de outros studios executados por eles não tinham nenhuma menção, por muito tempo grandes projetos da Ferrari foram construídos por Scaglietti a projetados por PininFarina.
Ferrari 250 Testa Rosa
Em 1959 os filhos de Scaglietti, Oscar e Claudio, começaram a trabalhar na empresa do pai. A parceria com a Ferrari continuou até 1975 quando a Ferrari adquiriu a participação majoritária da Carrozeria. Ao longo da história, dos anos 1950 até 1970, a Carrozzeria Scaglietti participou dos mais importantes modelos Ferrari e até de algumas outras marcas. 
A lista de projetos é impressionante:

  • 1955 Ferrari 410 Sport, Ferrari 500 Mondial Series II, Ferrari 250 GT Tour de France (apenas construção da carroceria)
  • 1954 Ferrari 750 Monza
  • 1956 Ferrari 290 MM, Ferrari 860 Monza
  • 1957 Ferrari 250 California Spider (co-participação)
  • 1958 Ferrari 250 Testa Rossa
  • 1959 Chevrolet Corvette Scaglietti Coupe
  • 1962 Ferrari 250 GTO (co-participação)
  • 1968 Ferrari 365 Daytona (co-participação)
Em 1997 a Ferrari decidiu incorporar a marca nos modelos dos seus carros, mas em 2003 veio a maior homenagem quando foi lançado o modelo 612 chamado de Ferrari 612 Scaglietti, o projeto foi inspirado no modelo 375 MM que foi outra criação de Sergio na década de 1950.
Scaglietti morreu em sua casa Modena em 20 de Novembro de 2011, apesar da marca não estar sendo tão explorada, talvez por questões comerciais,  as suas criações ou verdadeiras obras de arte estão eternizadas.