Existem muitas formas e estilos de customizar um carro, já falamos um pouco disso (aqui, aqui e aqui), umas das mais clássicas é o Lead Sled ou "trenó de chumbo" traduzindo ao pé da letra.
Voltando ao final da década de 1940 e início de 1950, as técnicas de customização da época não utilizavam materiais como plástico e fibra de vidro, na verdade alguns destes ainda nem existiam. O principal material utilizado na época para encher espaços e modificações nas carrocerias era o chumbo, era um metal de fácil manipulação (derretimento), custo e disponibilidade.
Para alinhar e retirar as ondulações das folhas de metal os funileiros, ou artesões, aqueciam as barras de chumbo com maçaricos de oxigênio-acetileno e preenchiam os espaços.
O que hoje chamamos de "solda" ainda não era o material de fio que conhecemos, por isso as barras variavam de tamanho e era possível preencher variados formas, espaços e comprimento.
Se por um lado os processos de moldagem de metal eram mais simples, por outro exigiam muito mais talento para ter um resultado final fino, o funileiro precisa ter total controle do calor e domínio sobre a posição de onde se trabalhava, sem esta aptidão era difícil de chegar a um acabamento liso e uniforme.
Daí podemos entender o termo “mestre” atribuído para o trabalho de alguns caras como Gilbert "Gil" Ayala ou Ian Roussel atualmente.
Os modelos preferidos para este estilo customização são os Ford 1949, Mercury Eight anos 1949, 1950 ou 1951 e os Cadillacs de 1959.
Assim chegamos a origem do nome do estilo, “lead” (chumbo) referência ao peso extra adicionado aos carros pelo uso do material e “sled” (trenó) pela sensação de que estes carros passavam deslizando pelas ruas.
Com a evolução dos materiais o chumbo foi gradativamente substituído por massas plásticas e fibra de vidro, assim ficou mais fácil trabalhar nas alterações das carrocerias, mas o estilo ficou consolidado no universo hot rod até os dias de hoje.
Para ser um legítimo “lead sled” o carro precisa reunir algumas, se não todas, das características abaixo:
Chopped: O teto precisa ser recortado e rebaixado, geralmente removendo de quatro a seis centímetros das colunas A, B e C, depois unindo o teto de volta ao corpo do carro.
Channeled: Cortar a parte inferior da carroceria para abaixar todo a conjunto do carro sob o chassi, pelo menos com 6 centímetros de rebaixamento.
Francês / Frenched / Frenching: Embutir os faróis, luzes traseiras, placas, antenas de rádio, enfim, tudo para criar um visual limpo e exótico.
Emblemas: Todos os emblemas originais são removidos, ou seja, remover qualquer coisa que atrapalhe o visual limpo e aerodinâmico, prejudicando a aparência suave do carro. O processo de remoção de emblemas, guarnições é conhecido como "shaving”.
Acabamento: Necessário remover os acabamentos e forrações de fábrica, a ordem é sempre buscar linhas elegantes e sexys.
Calhas e fechaduras: Remover todas as calhas e trilhos para escoamento da água do teto e laterais do carro. Também são removidas as alças das portas e fechaduras, instalando interruptores elétricos em partes discretas, normalmente embaixo dos para-lamas ou painéis basculantes.
Grades: a grade original precisa ser fortemente modificada. Em muitos casos são substituídas por modelos de outros anos, modelos customizados, de outros modelos da marca ou até de outras marcas.
Para fechar o post um exemplo de um belo lead sled deslizando pelas ruas;