16/09/2017

Lead Sled

Existem muitas formas e estilos de customizar um carro, já falamos um pouco disso (aqui, aqui e aqui), umas das mais clássicas é o Lead Sled ou "trenó de chumbo" traduzindo ao pé da letra.
Voltando ao final da década de 1940 e início de 1950, as técnicas de customização da época não utilizavam materiais como plástico e fibra de vidro, na verdade alguns destes ainda nem existiam. O principal material utilizado na época para encher espaços e modificações nas carrocerias era o chumbo, era um metal de fácil manipulação (derretimento), custo e disponibilidade.
Para alinhar e retirar as ondulações das folhas de metal os funileiros, ou artesões, aqueciam as barras de chumbo com maçaricos de oxigênio-acetileno e preenchiam os espaços. 
O que hoje chamamos de "solda" ainda não era o material de fio que conhecemos, por isso as barras variavam de tamanho e era possível preencher variados formas, espaços e comprimento.
Se por um lado os processos de moldagem de metal eram mais simples, por outro exigiam muito mais talento para ter um resultado final fino, o funileiro precisa ter total controle do calor e domínio sobre a posição de onde se trabalhava, sem esta aptidão era difícil de chegar a um acabamento liso e uniforme. 
Daí podemos entender o termo “mestre” atribuído para o trabalho de alguns caras como Gilbert "Gil" Ayala ou Ian Roussel atualmente.
Os modelos preferidos para este estilo customização são os Ford 1949, Mercury Eight anos 1949, 1950 ou 1951 e os Cadillacs de 1959.
Assim chegamos a origem do nome do estilo, “lead” (chumbo) referência ao peso extra adicionado aos carros pelo uso do material e “sled” (trenó) pela sensação de que estes carros passavam deslizando pelas ruas.
Com a evolução dos materiais o chumbo foi gradativamente substituído por massas plásticas e fibra de vidro, assim ficou mais fácil trabalhar nas alterações das carrocerias, mas o estilo ficou consolidado no universo hot rod até os dias de hoje.
Para ser um legítimo “lead sled” o carro precisa reunir algumas, se não todas, das características abaixo:
Chopped: O teto precisa ser recortado e rebaixado, geralmente removendo de quatro a seis centímetros das colunas A, B e C, depois unindo o teto de volta ao corpo do carro.
Channeled: Cortar a parte inferior da carroceria para abaixar todo a conjunto do carro sob o chassi, pelo menos com 6 centímetros de rebaixamento.
Francês / Frenched / Frenching: Embutir os faróis, luzes traseiras, placas, antenas de rádio, enfim, tudo para criar um visual limpo e exótico.
Emblemas: Todos os emblemas originais são removidos, ou seja, remover qualquer coisa que atrapalhe o visual limpo e aerodinâmico, prejudicando a aparência suave do carro. O processo de remoção de emblemas, guarnições é conhecido como "shaving”.
Acabamento: Necessário remover os acabamentos e forrações de fábrica, a ordem é sempre buscar linhas elegantes e sexys.
Calhas e fechaduras: Remover todas as calhas e trilhos para escoamento da água do teto e laterais do carro. Também são removidas as alças das portas e fechaduras, instalando interruptores elétricos em partes discretas, normalmente embaixo dos para-lamas ou painéis basculantes.
Grades: a grade original precisa ser fortemente modificada. Em muitos casos são substituídas por modelos de outros anos, modelos customizados, de outros modelos da marca ou até de outras marcas.
Para fechar o post um exemplo de um belo lead sled deslizando pelas ruas;

09/09/2017

Playlist Route 66 - Bonus Track

Já fechamos a nossa playlist para viajar pela rota 66, mas decidimos colocar mais um incentivo para começar a programar a sua viagem pela Rota 66...
  
If you ever plan to motor west,
Travel my way, take the highway, that's the best.
Get your kicks on Route 66.

It winds from Chicago to L.A.
More than 2000 miles all the way,
Get your kicks on Route 66.

Now you go through Saint Louie,
And Joplin, Missouri,
And Oklahoma City looks mighty pretty, you'll see...
Amarillo...
Gallup, New Mexico,
Flagstaff, Arizona,
Don't forget Winona,
Kingman, Barstow, San Bernadino.

Won't you get hip to this timely tip
When you make that California trip?
Get your kicks on Route 66.

Won't you get hip to this timely tip
When you make that California trip?
Get your kicks on Route 66...
Get your kicks on Route 66...
Get your kicks on Route 66!

Agora, só precisa escolher com quem você quer ouvir; Nat King Cole, Rolling Stones, Van Morrison, The Strypes e Depeche Mode...





02/09/2017

Dick Dean

Vamos falar de mais um importante designer e customizador do mundo Hot Rod; Richard Dean Sawitskas, ou simplesmente Dick Dean. Nasceu em 9 de fevereiro de 1933 em Wyandotte, Michigan, estudou desenho na “Theodore Roosevelt High School” e tinha como "grande" sonho de vida ser um modelista na Ford.
Seu pai, Vick Sawitskas, tinha uma revenda Nash onde Dick trabalhava e aprendeu as técnicas de funilaria, o trabalho também lhe trouxe muita frustração porque Dick acreditava que não existia nenhuma “liberdade criativa”. Aos 16 anos, em 1949, Dick comprou um Hupmobile 1941 por US$25,00, seu pai então o deixou modificar o carro como quis, ele trabalhou no carro por 2 anos até finaliza-lo. Para aumentar o seu rendimento ele fazia trabalhos extras de “pin striping” e rebaixava tetos, na época essas formas de customização ainda eram novidade e poucos dominavam tais técnicas. 
Após terminar o ensino médio mudou-se para Pasadena, Califórnia, para estudar no “Art Center College of Design” com o famoso designer automotivo Strother MacMinn.
Como muitos na sua idade seguiu a carreira militar, entrou na Força Aérea e serviu na guerra da Korea como operador de rádio. Em 1954, casou-se com Jeanne Schrader que conheceu durante o ensino médio.
Retornou para o Michigan após deixar a força aérea em 1956, trabalhou numa usina de aço até alugar um pequeno imóvel onde começou a personalizar carros por conta própria, a South End Kustoms. Manteve o negócio com muito custo até conhecer George Barris no Detroit Autorama de 1959.
Dean apresentou um Ford Hardtop, laranja e branco, 1957 chamado de “Orange Peel”, Barris adorou o carro e ofereceu um emprego para Dean na sua oficina em Los Angeles. Assim, em 1960, Dick Dean começou a trabalhar com George Barris com um salário de US$ 175,00 por semana.
Dragula
Em Los Angeles, Dean construiu a mais variada gama de veículos; dragsters, carros para estabelecer recordes de velocidade (como o “Goldenrod” e “Challenger” para Mickey Thompson), carros customizados, etc. Ele também trabalhou para Jack Ryan, da Mattel, por vários anos projetando miniaturas como ​​como "Blaze the Wonder Horse", “V-RROOM!” e o triciclo “X-15”.
Com George Barris construíram carros notáveis como o “Surf Woody” (projetado por Tom Daniel), X-PAK 400 e carros para a televisão e o cinema como “Munster Koach” e “Dragula” para o seriado “The Munsters” e carros para “Beverly Hillbillies” e “Mannix”.
Em 1966 ele trabalhou com outro gênio, Dean Jeffries, em vários carros de TV como o “Black Beauty” para o Besouro Verde e o “Monkeemobile” para seriado “The Monkees”.
SHALAKO
No final da década de 1960 Dick customizou muitos bugies com carrocerias de fibra de vidro (em especial Meyers Manx) e chassis VW com mecânica a ar, até que em 1968 criou o seu próprio modelo de produção, o Shalako. O Shalako foi capa de 7 revistas nacionais de carros, tinha portas de asa de gaivota e um para-brisa baixo e plano, depois foi criado um modelo chamado Shala-Vette, com nariz longo e portas convencionais.
Em 1985, Dean construiu a limusine mais longa do mundo com seu filho, Keith, o carro foi encomendado por Jay Ohrberg para uso promocional, o projeto foi construído em duas partes para poder ser despachado em contêineres para a Europa. O lado triste deste projeto foi que Dick sofreu um acidente e perdeu três pontas de dedos da mão esquerda, apesar disso ele continuou construindo outros carros e réplicas para Ohrberg.
Shala-Vete
Até a sua aposentadoria, em 2005, Dick Dean continuou construindo carros e trabalhou muitas vezes com Dean Jeffries, entre as suas criações podemos citar os carros da Death Race 2000 (1975), o Ford Explorer para Jurassic Park, o ECTO-1 de Ghostbusters e os carros do filme de James Bond “diamantes são eternos” o filme Flintstones. Muitos carros estão em exposição permanente no “Petersen Automotive Museum” em Los Angeles. 
Dick viveu com sua esposa Jeanne até a sua morte, em 10 de julho de 2008, deixou 6 filhos e muitos amigos como George Barris, Dean Jeffries, Gene Winfield e Bill Hines.
A sua oficina "South End Kustoms" continua em atividade sob a direção do seu Segundo filho Keith (Kid Dean). Ao longo de uma carreira de mais de 50 anos Dick Dean ficou conhecido como “sultan of chop” (algo como o sultão do corte), estima-se que tenha cortado mais de 1.000 carros, cerca de 400 destes foram Mercurys 1949 a 1951.
Entre os inúmeros prêmios e homenagens, ele foi indicado para 13 vezes para “Halls of Fame”, entre eles:
1963 - NHRA Rod & Custom Winter nationals Award of Excellence
1988 - Grand National Roadster Show Hall of Fame
1995 – Prêmio Theodore Roosevelt High School
1998 - Kustom Kemps of America Hall of Fame
1990 - AAAA Hall of Fame
2004 - San Francisco Rod, Custom, and Motorcycle Show Hall of Fame
2008 - Darryl Starbird's National Rod & Custom Car Hall of Fame

01/09/2017

Hot Poster - 1000 KM Spa

O nome da corrida já mudou, o traçado do circuito mudou, o formato da competição mudou (500km, 1000km, 6hs,...), as categorias (carros) que participam mudaram... 
Mas a magia desta corrida nesta pista fantástica não muda, deste 1953!!

26/08/2017

Nikolaus August Otto

Os novos tempos dos motores elétricos e tecnologias hibridas se aproxima, por isso nós os amantes dos carros barulhentos precisamos nos acostumar com esta nova forma de curtir a nossa paixão. Enquanto este tempo, inevitável, não chega vamos lembrar de um pioneiro na criação dos motores como conhecemos: Nikolaus August Otto.
Nascido em Holzhausen an der Haide, Alemanha, em 10 de Junho de 1832, o engenheiro, físico e inventor alemão é considerado o pai do motor a gasolina de combustão, também conhecido como motor de quatro tempos ou motor de ciclo de Otto.
Otto iniciou a sua carreira profissional aos 16 anos como vendedor de alimentos na cidade de Colônia, logo se maravilhou com as novas tecnologias que surgiam para movimentar motores, como o vapor e os motores movidos a gás natural (carvão) de Jean-Joseph-Étienne Lenoir (1822-1900), que em 1859 anexou o seu motor a um carro (carroça?), mas o motor era muito
Construiu seu primeiro protótipo de motor a gás em 1861. Passou os cinco anos seguintes desenvolvendo o seu projeto, até que seu “motor de gás atmosférico” finalmente ganhou a medalha de ouro na Exposição de Paris e na Feira de Hannover de 1867, era um motor de 2 tempos feito a partir dos conceitos do motor de Lenoir e foi construído em sociedade com Gottlieb Daimler e Eugen Langen.
Neste intervalor, em 1864 formou a empresa “N.A. Otto & Cia“ com o industrial alemão Eugen Langen, em 1876 eles conseguiram apresentar um motor de explosão interna com novo conceito, de 4 tempos de funcionamento, bem mais eficiente que o anterior. Dizem que as melhores invenções vêm ao acaso, verdade ou não, Otto descobriu que o poderia melhorar a eficiência dos motores comprimindo a mistura do combustível e do ar antes de iniciar a queima, nascia o conceito do ciclo de Otto ou ciclo de quatro tempos.
A invenção foi patenteada em 1877 e em poucos anos venderam mais de 35.000 motores, no entanto, em 1886, a patente DRP 532 foi invalidada pelos competidores argumentando que as propostas de Otto na verdade foram copiadas de um artigo obscuro do engenheiro francês Alphonse-Eugène Beau de Roche.
Otto nunca chegou a ter contato com esse material, a partir da quebra da patente dois engenheiros que trabalhavam na empresa de Otto, Wilhelm Maybach e Gottlieb Daimler abriam uma nova empresa chamada Daimler (já ouviram falar?) e começaram a produzir automóveis com motores de ciclo Otto a partir de 1890.
A empresa “N.A. Otto & Cia” seguiu com suas operações em Colônia na Alemanha, em 1893 foi aberta uma filial na Filadélfia, EUA, fabricando motores até 1915, a empresa existe até hoje conhecida como “Deutz AG”.
Ainda existe um único exemplar dos primeiros motores de Otto em funcionamento na América Latina, ele pertence ao acervo da Escola de Engenharia da UFRGS. O motor foi utilizado originalmente como gerador de energia para fins acadêmicos, depois ficou abandonado até 1991. Quando estava prestes a virar sucata um grupo de alunos restaurou o motor. O trabalho batizado de “Resgate de uma era” levou quase um ano e hoje está em exposição no museu da Universidade.
Nikolaus Otto faleceu em Colônia, 26 de Janeiro de 1891, ele foi casado com Anna Gossi e tiveram sete filhos, um dele foi Gustav Otto que tornou-se um respeitado construtor de aviões.
Mas, como funciona a invenção de Otto? Neste post falamos um pouco do conceito.