15/04/2018

Ed Iskenderian

Por volta de 1910 a família armênia Iskenderian migrou para os Estados Unidos, estavam fugindo de conflitos na Turquia e acabaram se estabelecendo no norte da Califórnia, onde começaram a cultivar uvas para a indústria vinícola da região. Em 1921, em Tulare, nascia o filho Ed destinado a ser um enólogo no futuro, porém, para a nossa sorte os céus tinham outros planos para ele...
Após geadas pesadas destruírem suas plantações, a família mudou-se para Los Angeles onde começaram a vender sapatos. Ed frequentou a “Polytechnic High School”, em Los Angeles, onde aprendeu mecânica e fez o seu primeiro projeto um roadster Ford Model T, se especializando em customização de motores.
Depois de se formar começou a trabalhar como aprendiz de mecânico, adquiriu habilidade e experiência, desde o começo de sua carreira chamava atenção pelos seus esforços pela qualidade e perfeição. 
Por volta de 1933, Ed começou a frequentar os lagos secos da Califórnia para ver os amigos correrem. Hoje ele explica que na época não havia revistas de carros ou muita literatura técnica disponível, por isso teve que aprender com os colegas mais velhos, na prática, daí a sua grande admiração e amizade por Ed Winfield. 
Em 1939, Ed Iskenderian começou a ajudar um jovem piloto da Flórida chamado Don Garlits, foi o primeiro patrocínio corporativo para uma equipe de corrida, nesta época que ele recebeu o apelido de “Isky” o "Camfather". 
Em 1942, Ed atingiu 120 mph no lago seco em El Mirage com um hot rod, mas veio a Segunda Guerra Mundial e interrompeu a sua carreira. Ed decidiu se alistar no “Army Air Corps”, servindo no Comando de Transporte Aéreo no Pacífico. Após a Guerra Ed voltou para as corridas, mas nesta época eram comuns dificuldades com fornecedores e recebimento de peças, foi então que decidiu começar a produzir os seus próprios virabrequins (árvores de cames).
Utilizando sua experiência na fabricação de ferramentas, Ed conseguiu converter uma máquina universal em uma retifica para produzir virabrequins.
Iskenderian começou a vender seus produtos através de anúncios na revista Hot Rod, estava feliz vendendo em torno de 5 unidades por semana faturando US$20,00! 
Logo, passou a vender para as “speed shops” e meses depois recebeu o contato de um homem da Carolina do Norte que participava de um campeonato novo, organizado por uma tal de NASCAR. Haviam interessados em peças para motores Ford V8 “flathead” e a partir daí o seu negócio decolou. A Iskenderian saiu de 2 funcionários para cerca de 60 pessoas poucos meses depois, Isky sempre teve receio de que algum engenheiro copiasse seus projetos, mas na prática ninguém conseguia superar a sua experiência prática.
No final dos anos 1950 a empresa de Ed foi a pioneira na utilização de computadores no design dos virabrequins, os seus “5-Cycle” e “Polydyne Profile 505 Magnum” tornaram-se famosos, a “Isk Racing Cams” também foi pioneira na utilização virabrequins hidráulicos nas corridas.
Apesar de estar focado nas corridas, Isky nunca deixou de dar atenção para as ruas e os entusiastas, em 1963, ele e outros pioneiros da indústria, criaram a "Speed Equipment Manufacturers Association", depois conhecida como "Specialty Equipment Market Association" ou simplesmente "SEMA". Ed foi o seu primeiro presidente nos anos de 1963 e 1964, que foram considerados cruciais para o estabelecimento da indústria de customização. 
Talvez, nem em seus melhores sonhos, Isky nunca teria imaginado que a SEMA chegaria onde chegou. Sorte nossa de novo!
Com a mudança do mercado que passou a dar valor para economia além do desempenho, novas linhas de comandos de válvulas foram lançadas como as “SuperCams” e as “MegaCams”. 
Com mais de 90 anos de idade Ed ainda continua em atividade, mas passou o controle das operações para os seus filhos Ron e Richard, a sua empresa continua sediada em Gardena, Califórnia, empregando mais de 100 especialistas e oferecendo comandos de válvulas para carros de corrida em categorias ovais, off road, drag racing, monster trucks, carros de rua e barcos. Isky também é autor de centenas de artigos técnicos sobre preparação mecânica. 
Por suas importantes contribuições para a indústria automotiva e de hot rod recebeu muitos prêmios e reconhecimento, em 1985 ele foi indicado como membro do "Legends of Performance" da Chevrolet, foi introduzido no hall da fama da SEMA, em 2012 Iskenderian recebeu o prêmio "Robert E. Peterson Lifetime Achievement", no “Hot Rod & Restoration” em Indianapolis.
Definitivamente, o nome Ed Iskenderian é uma lenda entre os pilotos e entusiastas de todo o mundo.

07/04/2018

BMW Art Car

Para a galera deste blog carros (e motos, barcos, etc) são obras de arte, ponto final, não tem muita dúvida ou discussão.
A BMW levou esse assunto às vias de fato com o seu projeto “BMW Art Car”.
O projeto começou em 1975 através de uma ideia do leiloeiro e piloto francês Hervé Poulain, ele iria participar das 24hs de Le Mans daquele ano com um BMW 3.0 CSL e chamou o seu amigo e artista americano Alexander Calder para pintar o carro.
O resultado, da pintura de Calder e não da corrida de Poulain, foi um sucesso e com o apoio da BMW foi continuado. Em 1976 foi a vez do artista nova-iorquino Frank Stella, depois uma série de trabalhos de artistas pop: Roy Lichtenstein, Andy Warhol e Robert Rauschenberg. 
FRANK STELLA
As obras de arte são bem diversificadas, indo do impressionismo e surrealismo até a pop art, fazendo uma bela junção entre o mundo dos carros e o mundo das artes.
Obras de arte são feitas para se apreciar em alguma parede de museu?  
Nada disso! 
Os carros de corrida sempre acabam participando de alguma corrida tradicional, como as 24 horas de Le Mans ou 24 horas de Daytona, alguns deles até tiveram bons resultados.
ROY LICHTENSTEIN
Em mais de 30 anos de projeto tivemos 19 artistas notáveis participando do BMW Art Car, não considerando a obra não oficial de Frank Stella no BMW M1 Procar para o piloto de Peter Gregg em 1979, os artistas sempre são escolhidos por um painel de juízes internacionais.
ANDY WARHOL
Desde 2004 o gerente cultural Thomas Girst comanda o projeto, ele explica que no começo não havia muita preocupação com a divulgação como forma de arte, mas com o tempo isso mudou e deixou de ser apenas uma forma de publicidade em torno dos produtos BMW, hoje são reconhecidamente obras de artes e alguns trabalhos tornaram-se verdadeiros ícones, como o BMW M1 de Andy Warhol em 1979.
JEFF KOONS
O projeto é divulgado mundialmente através de inúmeras exposições, entre elas podemos citar a turnê nos Estados Unidos de 2009, mostrada em grande cidades como o Museu de Arte de Los Angeles e em Nova York no Grand Central Terminal - Vanderbilt Hall. Também houve uma grande exposição no México em Guadalajara e na Cidade do México no mesmo ano. Em julho de 2012, parte da coleção foi apresentada pelo Instituto de Artes Contemporâneas em Shoreditch como parte do Festival de Londres. 
Além dos carros encomendados pela BMW, outros artistas vendo sendo inspirados a fazer projetos não oficiais, entre eles Walter Maurer, Keith Haring, Christie Chandler e Andy Reiben.
Para saber mais e se impressionar com os carros, veja o site do projeto...

RELAÇÃO DOS ARTISTAS E MODELOS
  • 1975 Alexander Calder (3.0 CSL)
  • 1976 Frank Stella (3.0 CSL)
  • 1977 Roy Lichtenstein (320i Turbo)
  • 1979 Andy Warhol (M1 Group 4)
  • 1982 Ernst Fuchs (635 CSi)
  • 1986 Robert Rauschenberg (635 CSi)
  • 1989 Michael Nelson Jagamarra (M3)
  • 1989 Ken Done (M3 Group A)
  • 1990 Matazo Kayama (535i)
  • 1990 Cesar Manrique (730i)
  • 1991 A. R. Penck (Z11)
  • 1991 Esther Mahlangu (525i)
  • 1992 Sandro Chia (M3 GTR)
  • 1995 David Hockney (850 CSi)
  • 1999 Jenny Holzer (V12 LMR)
  • 2007 Olafur Eliasson (H2R)
  • 2010 Jeff Koons (M3 GT2)
  • 2016 John Baldessari (M6 GTLM)
  • 2017 Cao Fei (M6 GT3)

03/04/2018

Advertising - Night and Day

Este comercial foi a principal peça da campanha publicitária do lançamento do Fiat Tempra em 1992. Nada demais no carro e no comercial, é mais pela música mesmo... "Night and Day" na versão do U2 gravada em 1990 para o álbum "Red Hot And Blue" .
Neste ponto a Fiat escolheu certo, afinal a música foi feita por Cole Porter em 1932 para o musical "The Gay Divorce", depois foi interpretada por Fred Astaire, Bill Evans, Art Tatum, Billie Holiday, Frank Sinatra, Dionne Warwick, Ella Fitzgerald, Shirley Bassey, Ringo Starr, Sondre Lerche, Doris Day, Charlie Parker, Deanna Durbin, Jamie Cullum, Etta James, só gente da pesada.

18/03/2018

Gymkhana

Existe muitas modalidades de disputas que envolvem carros e motos; rallye, endurance, drifting, arrancada, corridas de velocidade e Gymkhana! 
O nome Gymkhana (Motorkhana na Austrália e Nova Zelândia e Autotesting no Reino Unido e Irlanda) vem das provas equestres de gincana a cavalo, onde o cavaleiro tinha que cumprir um percurso com obstáculos.
O objetivo da Gymkhana é igual a tantas outras competições a motor; Conseguir o melhor (menor) tempo possível, cometendo o menor número de erros. 
No entanto, a partir daqui temos várias diferenças com outras modalidades. A "pista" da Gymkhana não é um autódromo ou estrada de terras, normalmente as disputas são em locais fechados com vários obstáculos como cones, pneus e barris, criados estrategicamente para aumentar o grau de dificuldade.
Outra diferença é que o piloto precisa percorrer este traçado executando manobras de reversões, rotações (90, 180 ou 360 ​​graus), derrapagem controlada, saltos, slalom, entre outros. Por isso muitos associam a Gymkhana ao Drifting, na verdade o drift é um recurso da Gymkhana e não o objetivo final. 
Para os menos puristas, o espetáculo visual é incrível!
Falamos de puristas porque nem todo "gearhead" gosta deste tipo de disputa, muitos acham que um piloto de drift ou gymkhana esta mais para um malabarista do que para um piloto. Sem dúvida, uma boa discussão...
Normalmente nas provas de Gymkhana o percurso tem menos de 2.000 metros, o piloto acaba utilizando apenas a primeira e segunda marcha e precisa de muita concentração e memorização da pista para repetir uma sequencia de obstáculos, inclusive de ré, utilizando muito freio de mão e "punta taco".
Existem muitas particularidades de regras entre os diversos eventos ao redor do mundo, mesmo sendo uma modalidade regulada pela FIA, não existe um campeonato mundial. Hoje o Japão é o principal palco da Gymkhana onde a modalidade ganhou força a partir de 2011, a maior competição é a "All Japan Gymkhana" disputada anualmente.
Entre os grandes nomes da Gymkhana o piloto de rally Ken Block é o "Fangio" do pedaço, desde o ano de 2004 ele começou um projeto pessoal com a divulgação de vários vídeos na internet mostrando suas habilidades, logo virou uma celebridade no assunto.
Se você gosta ou não de Gymkhana (como nós) não vem ao caso, mas que os vídeos do Ken Block são legais não existem dúvida, tem mais no Youtube:




10/03/2018

What´s your name? Belantônio

O Simca Chambord foi produzido na França entre 1958 e 1961, no Brasil ele é considerado o primeiro carro de produção nacional na categoria "luxo". A produção começou em 1959 e foi até 1967, na fábrica da Simca do Brasil em Minas Gerais.
A maioria das pessoas lembram desse carro por ter sido o carro de polícia do inspetor Carlos no seriado "O Vigilante Rodoviário", interpretado pelo ator Carlos Miranda e seu fiel amigo o pastor Alemão Lobo, que fez bastante sucesso na TV entre 1962 até 1967.
E de onde vem este apelido, na verdade, depreciativo?
Bem, a relação agora vem com o cinema. Em 1960 foi lançado o filme “Belo Antônio” (Il bell’Antonio) estrelado pelos astros Marcello Mastroianni e Claudia Cardinale, o roteiro contava uma história de um cara bonitão e sedutor chamado Antônio 😍pelo qual as mulheres ficavam doidinhas, porém depois do casamento elas descobriam que por trás de tanta beleza, Antônio era impotente 😢. 
Voltando ao carro, o Simca Chambord realmente era um carro de linhas elegantes e bonitas, era vendido por um preço alto e tinha um motor V8 de 2,5 litros, que "deveria" entregar um belo desempenho.
Mas, na prática, ele tinha apenas 84CV de potência, uma curva de torque horrível e nem conseguia atingir os 130 Km/h de final. Muita imagem e nada de resultado real!!
Algum espertinho fez uma analogia entre o carro e o filme e, mesmo sem redes sociais, o apelido colou e marcou o carro para sempre.
Mas, sejamos francos, com um desempenho destes não precisaria de muito para matar o carro no mercado.