17/07/2016

Matchbox

Em 1953 a empresa britânica Lesney Products, dos fundadores LESlie e RodNEY Smith,  lançou com grande sucesso uma miniatura da carruagem de coroação da Rainha Elizabeth II, que ocorreu em 1952. No mesmo ano o novo sócio da empresa chamado Jack Odell pediu uma miniatura para sua filha Ann, o motivo? Na escola dela só era permitido levar brinquedos que coubessem em uma caixa de fósforos!
O brinquedo da pequena Ann foi um pequeno rolo compressor, que também fez muito sucesso, dai também veio o nome “Matchbox”, ou caixa de fósforos em inglês.
O sucesso comercial entretanto não veio fácil, as miniaturas Matchbox eram baratas demais para conseguir a preferência dos vendedores, ávidos por lucros, mas as crianças podiam compra-las com alguns trocados e a diversidade de modelos incentivava a colecionarem cada vez mais. Em 1960 foram produzidos cerca de quatro milhões de carrinhos por mês, ou quase 50 milhões por ano.
Apesar do tamanho reduzido os produtos da Lesney esbanjavam detalhes, os carros tinham painéis e as rodas eram quase idênticas aos modelos reais, os modelos mais sofisticados tinham mais de 100 partes distintas.
O processo de criação iniciava na prancheta de desenho, a partir destes desenhos era criado um molde de madeira (até 5x vezes maior que o produto final), depois era feita a redução do molde para a escala, geralmente 1:64 ou 1:75, com um pantógrafo para metais - O pantógrafo é um aparelho para ampliar ou reduzir objetos. 
O passo seguinte era levar o molde para a linha de produção para fundir o metal, tirar as arestas e depois a pintura. 
A partir de 1956 a marca se consolidou com o lançamento de séries de modelos icônicos como os ônibus ingleses de dois andares ou o Bentley 1929 vencedor de Le Mans, no mesmo ano também foram lançados conjuntos de acessórios como postos de gasolina e garagens, a diversidade de produtos sempre foi um dos pontos fortes da marca. 
Já no começo da década de 1960 a Matchbox era considerada a maior fabricante de miniaturas do mundo, brigando no mercado com duas outras grandes marcas - Dinky e Corgi, mas a partir de 1968 a situação mudou e a Matchbox viu o seu domínio ameaçado com o lançamento da gigante americana Mattel Hot Wheels
A resposta da Matchbox contra a concorrência americana demorou um ano com a sua linha de miniaturas “Superfast Wheels”. 
A Matchbox chegou a se recuperar na década de 1970 atualizando os seus modelos e lançando a linha “Rola-Matics”, que eram modelos com partes móveis que se mexiam conforme o carro se movimentava.
(eu tenho um destes!!
Apesar de seus produtos serem mais fiéis aos de modelos reais, a agressividade e maior poder financeiro da Hot Wheels fez a Matchbox ir perdendo prestigio e mercado até ir à falência em 1982. Ironicamente, após mudar de mãos outras vezes, em 1997 a empresa tornou-se de parte da Mattel.
Em 2003 a Matchbox lançou uma linha especial de carros para celebrar o seu 50o. aniversário.
Ao longo de sua história a Matchbox arrematou muitos colecionadores ao redor do mundo, os modelos em suas caixas originais são bem mais valorizados entre os colecionadores, os mais preferidos (e caros) são os feitos entre 1954 a 1960. 
Sem dúvida, a Matchbox foi a grande concorrente da Hot Wheels no mercado de miniaturas e nos corações da molecada.

Ace Cafe


O ACE CAFE foi inaugurado em 1938, localizado em Stonebridge, noroeste de Londres, como um café de beira de estrada aberto 24 horas, igual centenas de outros na Inglaterra. Seu publico era basicamente formado por transportadores da North Circular Road. 
A primeira mudança relevante aconteceu em 1939 quando o ACE também passou a ser posto de serviços com bombas de combustível e oficina, mas suas atividades foram interrompidas quando ficou danificado por um ataque aéreo na segunda grande guerra. 
A reabertura do ACE CAFE veio apenas em 1949, o acaso (ou destino?!?!) trouxe ao lugar uma nova turma de frequentadores jovens que adoravam rock’n roll e motocicletas, conhecidos como “ton-up Boys”. Este grupo vivia um conflito entre seus valores rebeldes e a sociedade convencional do pós-guerra, um dos poucos lugares onde podiam ouvir a sua música predileta a toda eram nas jukeboxes dos cafés fora das cidades, e o ACE acabou sendo um dos prediletos.
Esses jovens se encontravam para se divertir, conhecer outras pessoas, comer e combinar corridas de motocicletas. As jukeboxes deram lugar a bandas de rock e os motoqueiros começaram a ser organizar em clubes, dai veio as rivalidades entre eles que normalmente eram decididas em uma corrida entre um café a outro, logo foram chamados de “Cafe Racers", já contamos esta história neste post.
Juntando tudo isso; comportamento, roupas e música, foi natural os frequentadores serem considerados pessoas de má reputação e até foram perseguidos pelas autoridades da época. Foi nesta agitação o ACE CAFE tornou-se um templo do movimento Cafe Racer.
Mas, o tempo foi passando para muitos e também para o Ace Café, no começo da década de 1960 o espírito “Rocker” foi sendo deixado de lado e em 1969 o Ace Cafe foi fechado.
Em 1993 um cara chamado Mark Wilsmore, um entusiasta do movimento Cafe Racer, lançou a ideia de criar um evento anual para celebrar o fechamento do Ace Cafe original, o “Ace Cafe Reunion”. 
O primeiro ocorreu em 04 de setembro de 1994, 25º aniversário do fechamento do café, estima-se que mais de 12.000 pessoas se reuniram. Também foram lançados um livro e um filme contando a história do café.
A reabertura oficial do Ace Cafe ocorreu em 1997, num evento onde compareceram mais de 25 mil pessoas, desde então anualmente ocorrem os eventos conhecidos com “Ace Day”. 
O Ace Cafe parece mesmo eternizado no espírito rebelde, a reabertura teve toda a preocupação em manter a integridade da sua história, a mesma aparência e ambiente dos anos 1950. Também tornou-se um local muito procurado pelos programas de TV como “Fifth Gear” e “Top Gear” da BBC, “Car SOS” da National Geographic e “Whealer Dealers”, além de documentários como "Long Way Down" de Ewan McGregor e sua esposa.
Hoje o café não é mais aberto ao público 24 horas por dia como antes, fica aberto na sexta-feira, sábado e domingo, além de feriados e na primeira quarta-feira de cada mês, oferecendo música ao vivo e DJs e revivendo o doce clima rebelde (e até ingênuo) dos anos 1950. 

15/07/2016

Pensadores - Kenny Howard

"Eu faço questão de ficar à direita na ponte da pobreza. 
Eu não tenho um par de calças sem um buraco nelas, e este par de botas são os únicos que eu tenho. 
Eu não tenho nenhum outro par para colocar no meu pé. 
Eu não gasto dinheiro com coisas desnecessárias, então eu não preciso ter um monte de dinheiro. 
Eu não preciso dele. 
Continuar pobre me faz bem. Eu gosto disso! 
Acredito ser meu destino. 
Na vida há vários desafios, se você se preocupar em ganhar só dinheiro, você não supera estes desafios. 
Ele só torna mais complicado. 
Se você se mantém pobre, a vida é simples."  

27/06/2016

Zagato

 O design Italiano de automóveis não é coisa nova neste blog, após falarmos de Bertone, Pininfarina, Ghia, Scaglietti e Italdesign, chegou o momento de falar de outro ícone mundial de design automotivo, e italiano...
Nascido em Gavello, perto de Rovigo, em 25 de Junho de 1890, Ugo Zagato começou a trabalhar logo cedo na indústria aeronáutica “Officine Aeronautiche Pomilio”, em 1919 em Milão ele já criava a sua própria empresa de carrocerias no então promissor mercado de automóveis.
Ugo aproveitou muito do seu conhecimento adquirido na indústria aeronáutica, como processos e materiais, e logo seus carros se tornaram sinônimos de design avançado, leveza e excelente aerodinâmica. 
Essas características chamaram a atenção da Alfa Romeo em 1921, os italianos decidiram apostar no seu potencial e Zagato trabalhou nos Alfa Romeo RL, em 1925 o então engenheiro-chefe da Alfa Romeo, Vittorio Jano, pediu para Ugo projetar a carroceria do Alfa 6C 1500 (sucessor do P2), os resultados foram ótimos: 2º lugar na Mille Miglia de 1927 e vencedor em 1928. Em 1927 os 6C 1500 evoluíram para o Alfa Romeo 6C 1750. 
O modelo 6C 1750 foi o vencedor da Mille Miglia de 1929 (pilotos Campari e Ramponi) e no ano seguinte alcançou os 4 primeiros lugares (Tazio Nuvolari, Achille Varzi, Giuseppe Campari e Pietro Ghersi), nesta época a Zagato também tinha conquistado outros clientes importantes como Bugatti, Maserati, Diatto e até a Rolls-Royce.
Alfa Romeo 6C
Até meados de 1930 a Alfa Romeo continuou sendo a principal parceira da Zagato, apesar da chegada de mais clientes importantes como Lancia, Fiat e a Ferrari, nesta época as carrocerias Zagato utilizavam a fundo os primeiros conceitos de aerodinâmica como para-brisas inclinados, faróis aerodinâmicos e disco de freios perfurados (para melhorar a refrigeração).
Como muitas outras empresas as instalações da Zagato foram destruídas durante a Segunda Grande Guerra pelos bombardeios ingleses, após a guerra a parceria com a Alfa foi retomada, chegando ao ápice com o título em 1951 do Alfa Romeo 159 no Campeonato do Mundo de Grand Prix, a F1.
Nas décadas seguintes, 1960 e 1970, a Zagato abriu duas novas frentes de negócios, a Zagato CAR SRL e Zagato DESIGN SRL, a primeira manteve o foco na produção de automóveis e a segunda em design e produção nas áreas elétrica e veículos blindados.
Andrea Zagato 
Ugo Zagato morreu em 1968, mas os seus dois filhos Gianni e Elio que já estavam na empresa e assumiram o controle,  a partir da década de 1980 a Zagato se encarregou de projetar e produzir carros de conceito ou de produção limitada como os Alfa Romeo SZ e RZ, o ultimo modelo produzido pela Zagato foi o Lancia Hiena no começo dos anos 1990.
Após este período a empresa enfrentou sérios problemas financeiros chegando a mudar de nome para design SZ e depois Zagato Centrostile, a produção de veículos foi deixada de lado e o foco passou para os projetos de novos modelos. 
Hoje a empresa mantem suas instalações nos arredores de Milão e vem sendo liderada por Andrea Zagato, a terceira geração Zagato, e sua esposa Marella Rivolta-Zagato, apesar de não manterem mais todo o capital da empresa. A empresa mantem uma divisão de design e pesquisa e outra chamada “Modelling” para construção de modelos em escala utilizando as mais avançadas tecnologias de CNC e fresadores de 5 eixos.
Alguns dos principais modelos projetos pela ZAGATO;
1922: Fiat 501, Diatto Tipo 25 4DS
Maserati A6
1925: Lancia Lambda
1929: Alfa Romeo 6C 1500, 6C 1750 GS
1932: Alfa Romeo 8C 2300
1938: Fiat 1500 Spider MM, Fiat 500 Siata, Lancia Aprilia Sport MM
1947: Fiat 500 B Panoramica, Isotta-Fraschini 8C Monterosa
1950: Ferrari Panoramica Speciale
1954: Maserati A6 G/54 2000
1956: Fiat Abarth 750 GT
1957: Alfa Romeo Giulietta SZ, Jaguar XK 140 Z, Lancia Appia GT
1960: Fiat Abarth 1000, Aston Martin DB4 GT Zagato, Bristol 406, Bristol 407
1962: Osca 1600 GTZ, Alfa Romeo 2600 Sprint Zagato, Lancia Flaminia Tubolare, Lancia Flaminia Sport 3C, Lancia Flavia Sport 1.5
1963: Alfa Romeo Giulia TZ, Lancia Flavia Sport
1965: Lamborghini 3500 GTZ
1966: Lancia Fulvia Sport
1967: Shelby Zagato
1969: Alfa Romeo GT Junior Zagato, Volvo 2000 GTZ
1970: Cadillac Eldorado NART
1976: Lancia Beta Spider (Designed by Pininfarina, Zagato Produced)
1984: Maserati Biturbo Spider
1986: Aston Martin V8 Zagato
1989: Alfa Romeo SZ
Aston Martin DB4
1991: Ferrari 348 Elaborazione
1993: Zagato Ferrari FZ93 (Formula Zagato 1993)
2002: Aston Martin DB7 Zagato
2003: Aston Martin DB AR1
2005: Lancia Ypsilon Sport
2006: Ferrari 575 GTZ
2007: Maserati GS Zagato
2008: Spyker C12 Zagato, Bentley Zagato GTZ, Diatto Ottovù Zagato, Perana Z-One
2011: Fiat 500 Coupe, Alfa Romeo TZ3 Stradale, Aston Martin V12 Zagato
2012: BMW Zagato Coupe
2015: Thunder Power Sedan, Zagato Maserati Mostro