19/03/2017

The Pagans

Aqui no blog já falamos sobre alguns MC´s famosos, “Hells Angels”, “The Outlaws” e “The Bandidos”, agora chegou a vez de fecharmos a quadra dos "Big four" com os “The Pagans”.
Os “Pagan's Motorcycle Club” ou simplesmente “The Pagans”, é um MC fundado em 1959 em Prince George's County, Maryland, o fundador foi Lou Dobkin que também foi o primeiro presidente do MC, a sede atual está localizada em Delaware County, Pensilvânia. 
O começo do MC foi tímido com apenas 13 membros, o curioso é que diferentemente de outros MC americanos da época, os Pagans andavam com motos Triumph e não Harley-Davidson.
Na década de 1960 o grupo se expandiu rapidamente, foi definida uma “constituição” formal e criada uma estrutura de governo formada por 13 a 18 membros com um presidente nacional, ainda hoje os Pagans são reconhecidos por ser um MC com organização rígida e hierárquica. Para se tornar um membro efetivo, os requisitos mínimos são ter pelo menos 21 anos de idade e ser dono de uma motocicleta Harley-Davidson, ah, o motor da moto precisa ser 900cc ou maior.
Os Pagans também tratam com muito cuidado as insígnias oficiais do MC, os membros usam coletes azul denim (jeans) e não o preto (couro). O logo caracteriza o gigante nórdico "Surtr" que se senta ao sol empunhando uma espada, a imagem foi tirada de uma ilustração de Jack Kirby na edição 97 dos quadrinhos "Journey into Mystery", acima da imagem aparece a palavra "Pagan's" e abaixo a sigla "MC", ambos escritos em vermelho, branco e azul.
Outros MC dificilmente admitem envolvimento com atividades ilegais, mas os Pagans não se importam com isso, talvez eles até gostem e por isso assumem explicitamente a sua cultura de violência. 
Após o ano de 1965, principalmente no período sob a liderança de John "Satan" Brown, o grupo evoluiu para uma gangue de motociclistas fora da lei com laços com o crime organizado, como a máfia americana. A sede principal (Mother Club) não fica muito tempo em um local fixo, ao contrário de outros MC os Pagans não incluem referências ao seu capítulo local em suas insígnias, as autoridades acreditam que o objetivo é dificultar a identificação de envolvidos em confusões.
Muitos membros são conhecidos por assumir opiniões fascistas ou racistas, e também não se importam de usar símbolos para ressaltar claramente suas crenças. 
O sargento nacional de armas do grupo é responsável por escolher 13 membros para atuar como "Enforcers", ou "Reguladores", o objetivo deste grupo é dissuadir toda a oposição ao MC, se necessário com métodos de intimidação e violência. As disputas normalmente são resolvidas através da violência, o que reforça a imagem geral do grupo ser formado por “bad boys”. 
Vamos ver alguns fatos da longa ficha corrida do envolvimento de membros do MC com atividades criminosas;
😠1994: Ocorria um evento de caridade organizado pelo Tri-County MC em Hackettstown, New Jersey. Os Pagans apareceram, mas o objetivo não era ajudar na caridade, mas intimidar os clubes de motos locais para manter longe os Hells Angels, seus grandes inimigos. Logo estourou uma briga que terminou com a morte de 2 Pagans, Glenn Ritchie e Diego Veja, além de vários feridos.
😠2002: 73 membros dos Pagans confrontaram membros dos Hells Angels no Hellraiser Ball em Long Island, Nova York. A briga resultou na morte de um Pagan e 10 feridos. A represália veio duas semanas depois, quando um salão de tatuagens de propriedade de um Pagan na Filadélfia foi incendiado.
😠2005: Os Hells Angels são mesmo os seus maiores desafetos, na Philadelphia, os Pagans supostamente assassinaram o vice-presidente do capítulo local dos Hells Angels. Os Hells Angels decidiram fechar o capítulo, indicando que eles podem mesmo terem sido expulsos da região.
😠2010: Uma investigação levou 19 membros dos Pagans foram presos em Rocky Point, Nova York, as acusações foram conspiração para assassinar membros dos Hells Angels, além de assalto, trafego de drogas, extorsão e porte ilegal de armas.
Atualmente, estima-se que os "The Pagans" são formados por 350 a 400 membros, distribuídos em 44 capítulos em 13 estados nos EUA; Delaware, Flórida, Kentucky, Maryland, Michigan, Nova Jersey, Nova York, Carolina do Norte, Ohio, Pensilvânia, Carolina do Sul, Virgínia e West Virginia.
O histórico de confusões e crimes envolvendo drogas, armas, violência e relações com o crime organizado fazem os Pagans serem considerados o MC mais temido do planeta. Oficialmente para as autoridades americanas os Pagans fazem parte dos grupos “one-percenter”, os MCs foras da lei, para muitos é supostamente um sindicato do crime organizado.
A questão é que após tantos anos desde a sua criação, ficou difícil diferenciar o que é estilo de vida dos seus membros e o que é parte de uma estratégia para criar uma imagem perante o público e MC rivais. O fato concreto é que os Pagans continuam se envolvendo em conflitos com policiais e outros MC, em especial com os Hells Angels.

06/03/2017

What´s your name? 7 Galo

Se você tem mais de 40 anos de idade, certamente, sempre sonhou um ter uma Honda 750 Four, vulgo "7 Galo". Mas, de onde veio um apelido destes?
O nome oficial da moto é Honda CB 750 Four, para muitos é a primeira "superbike" de todos os tempos, de fato a moto (e o RONCO com escape 4x1) é demais até hoje. Vale lembrar que não estamos falando do modelo fabricado no Brasil entre 1986 e 1994, esta foi a CBX 750F.
Voltando a questão do apelido, ele tem relação com o JOGO DO BICHO. Wtf? Isso mesmo!
Precisamos lembrar que o jogo do bicho era muito popular no Brasil nos anos 1970 e influenciava muitas associações e expressões populares.
No mercado americano a CB 750 era chamada simplesmente de Seven-Fifty (traduzindo ao pé da letra sete-cinquenta). Ao chegar no Brasil começou a ser chamada de 7-50, setecentos e cinquenta é um nome grande, mas logo o número 50 foi substituído pelo Galo, pois era um das suas dezenas ( 49/50/51/52) no jogo do bicho.
É isso... Fica um vídeo para matar a saudade do ronco.

01/03/2017

Pensadores - Sebastian Vettel

(Essa poderia entrar na lista dos pilotos pensadores parte 1, parte 2, parte 3 e parte 4)
"Eu não tenho bola de cristal. Tenho outras duas bolas, mas elas não me contam muita coisa!
Essa foi a resposta "bem humorada" de Sebastian Vettel a um repórter querendo saber qual era a opinião dele sobre como a Ferrari vai andar na temporada de 2017, após os primeiros testes animadores em Barcelona.
Comentário; Gostamos do estilo do Vettel, as vezes ele exagera nas reclamações, mas geralmente é sincero e bem debochado.
Particularmente, esta foi umas das melhores tiradas nestes tempos "midiáticos", cheio de regras de conduta para os pilotos.

27/02/2017

Hot Poster - Targa Florio

Para alguns não existem mais corridas como antigamente, isso sinceramente eu não sei, mas poster promocionais iguais aos antigos não existem (me desculpem os artistas).
Explico, sempre tive uma grande admiração pelos poster que promoviam as corridas antigas, eles por si só transmitiam uma incrível sensação de competição, desafio e emoção. 
Por isso inauguramos esta nova série com alguns posters da TARGA FLORIO.
(Importante: As escolhas seguiram apenas o gosto deste blog, portanto não esqueçam: Gosto é gosto e não se discute...).

17/02/2017

Zora Duntov

No natal de 1909 nasceu na Bélgica Zachary Arkus, filho de judeus russos, seu pai era engenheiro de mineração e sua mãe estudante de medicina. A família voltou para Leningrado e logo depois seus pais se divorciaram, sua mãe casou-se novamente com Josef Duntov. O seu pai e o seu padrasto tinham boa relação, tanto que ele e o irmão Yura assumiram o sobrenome de Arkus-Duntov.
Em 1927, mudou com a família para Berlim onde começou a trabalhar como condutor de bondes, logo se envolveu com corridas de motocicletas, mas por pressão de seus pais que achavam muito perigoso decidiu comprar um carro de corrida (!), onde começou o seu envolvimento com carros. 
Formou-se na Universidade Tecnológica de Charlottenburg, em 1934, e começou a escrever artigos de engenharia para a revista “Auto Motor und Sport”. Conheceu Elfi Wolff, uma dançarina do famoso salão de dança em Paris “Folies-Bergere” e se casaram em 1939, viveram juntos por mais de 55 anos. No começo da segunda Guerra Mundial, “Zora” Duntov e seu irmão Yura se juntaram à Força Aérea Francesa para lutar contra as forças do eixo, após a rendição da França eles conseguiram fugir dos nazistas para Nova York. 
Nos Estados Unidos, os irmãos Duntov abriram uma empresa de engenharia chamada “Ardun Mechanical” (o nome veio de ARkus e DUNtov), fizeram sucesso fabricando peças de alumínio, como o cabeçote Ardun, que resolviam os crônicos problemas de superaquecimento dos motores Ford Flathead V8, além de extrair mais de 300 CV de potencia destes motores. Nada mal para a época...
Duntov e o Allard J2
A empresa cresceu chegando a ter mais de 300 funcionários e muito prestígio no mercado, mas decisões financeiras erradas provocaram o fechamento do negócio. Zora voltou para a Inglaterra, em 1950, para trabalhar com Sydney Allard no desenvolvimento de um novo carro esportivo, o J2. Eles competiram, no caso de Zora também como piloto, nas 24 Horas de Le Mans em 1952 e 1953, mas o sucesso veio pilotando um Porsche 550 RS Spyder de 1.100 CC onde venceu na sua classe nos dois anos seguintes.
Em 1953, visitando o “Motorama” no hotel Waldorf-Astoria em Nova York acabou se apaixonando pela estrela do show, o Corvette. Apesar de adorar o estilo ele não gostou nada da mecânica, que usava um acanhado motor 6 cilindros. Então decidiu mandar uma carta ao engenheiro-chefe da Chevrolet, Ed Cole, dizendo que adoraria trabalhar em um carro tão bonito, faz algumas críticas e aproveitou para enviar trabalhos técnicos, como suas propostas de um novo método analítico de determinar a velocidade máxima de um carro. 
A história lembra o embate entre Ferruccio Lamborghini e Enzo Ferrari, só que neste caso o final foi diferente! 
O engenheiro Maurice Olley ficou tão impressionado com o material de Duntov que o convidou para vir a Detroit, em 1 de maio de 1953, Zora Arkus-Duntov começou a trabalhar na Chevrolet como engenheiro assistente.
Com talento de sobra Duntov logo se tornou o diretor de alto desempenho da Chevrolet, ele ajudou a transformar a cara conservadora da empresa para algo mais jovem, mas ele sempre manteve seus olhos sobre o Corvette. 
Em 1955, ele foi o maior responsável por introduzir um novo v8 small block no Corvette, transformando-o em um esportivo capaz de desafiar Porsche, Ferrari, Maserati e Mercedes-Benz. O protótipo de pré-produção estreou na subida de montanha de Pikes Peak, em 1956, cravando o recorde para carros de produção em série, no mesmo ano ele levou o Corvette para Daytona Beach e atingiu 150 MP/h em uma milha. 
Nos anos seguintes Zora promoveu uma série de inovações no Corvette; um modelo com carroceria de magnésio (para correr em Le Mans), injeção de combustível e foi o primeiro a utilizar freios a disco nas quatro rodas em um carro americano de série. 
Seu longo envolvimento (ou paixão?) com o Corvette lhe valeu o apelido "Pai do Corvette", até hoje isso leva a muitos pensarem erroneamente que ele foi criador do Corvette, mas na realidade esta honra cabe a Harley Earl. 
CERV I
Em 1960, criou e construiu o CERV I (Chevrolet Engineering Research Vehicle), um carro de corrida de estilo “Indy” de cockpit aberto apresentado no “Riverside International Raceway”. Em 1963 o Corvette foi completamente remodelado, o desempenho foi melhorado com novos motores e Zora afirmou que “a Chevrolet finalmente construiu um Corvette que lhe deixaria orgulhoso de conduzir ao lado dos grandes esportivos da Europa”. 
Em 1 de dezembro de 1968, ele foi nomeado engenheiro-chefe do programa Corvette, um sonho que estava perseguindo deste 1955. Agora ele tinha total responsabilidade nos projetos e desenvolvimento do Corvette, do chassis até a carroceria. 
Zora continou trabalhando na Chevrolet até se aposentar em 1975, mesmo “aposentado” continuou influenciando nos projetos do Corvette até a sua morte em Grosse Point, Michigan, no dia 21 de abril de 1996. As suas cinzas foram enterradas no Museu Nacional de Corvette. 
Para ter ideia da real importância de Zora Duntov para a indústria automotiva americana, bastar lembrar a citação que consta no seu obituário feito pelo vencedor do Prêmio Pulitzer, George Will; "se você não lamenta sua morte, você não é um bom americano".
Homenagens e prêmios recebidos por Zora Arkus-Duntov:
  • Recorde de subida de Pikes Peak, 1955
  • Recorde no “Daytona flying mile”, 1956
  • Nomeado para o Hall da fama do “SEMA Auto Show”, 1972
  • Nomeado para o Hall da fama do automóvel, 1991
  • Nomeado para o hall da fama do “International Drag Racing”, 1994
  • Nomeado para o hall da fama do “National Corvette Museum”, 1998