01/06/2018

Cavalos e Mulas

CV, HP, BHP ou KW... 
Essa sopa de letras, basicamente, serve para a mesma coisa: medir a potência dos motores. 
Mas, de onde vem tanta variação? Porque usar “cavalos”?
No início da revolução industrial, no século XVIII, o inventor, químico e engenheiro escocês James Watt aprimorou a máquina a vapor de Thomas Newcomen, que apesar de ser criada em 1712 estava a décadas sem ser aprimorada.  
Após muito trabalho e tentativas frustradas, em 1781, Watt encontrou soluções que aumentaram o rendimento, potência e eficiência da máquina a vapor, reduzindo o consumo em 75%.
A máquina estava pronta para ser comercializada, porém apareceram outras questões a serem resolvidas, uma delas era; Como conseguir mostrar aos clientes o quanto a máquina estava aprimorada?
Watt bolou algumas estratégias, até um sistema de “royalties”, mas logo percebeu que faltava o simples: Não havia uma unidade de medida para comparar os ganhos de uma versão com a outra.😕
Então, vamos criar a tal nova unidade de medida! 😁
Watt usou para comparação o meio mais usual de produzir força na época: O cavalo.🐴 A ideia era comparar a produtividade de um motor (a vapor) à produtividade de um cavalo, assim surgiu a medida HP (Horsepower). 
A raça de cavalo avaliada foi o cavalo de tração ou tiro, muito usado nas lavouras na época, como foi determinada a equivalência entre motor a vapor e cavalo não se sabe ao certo, mas no final foi estabelecido que um cavalo de tração equivaleria a 33.000 libras-pés por minuto. 
Com a criação do sistema métrico esses valores foram convertidos para 75 kgfm/s (quilograma força por metro por segundo), ou seja, a força necessária para levantar 75 kg a um metro de altura em um segundo. O cavalo-vapor passou a ser a principal unidade para determinar a potência dos motores.
Vamos as suas variações:
HP (horse power): é o valor medido no eixo motor, considerando todos os acessórios necessários (alternador, direção hidráulica, etc).
PS (Pferdestärke): Em bom alemão que significa “cavalo-vapor”, segue a norma alemã DIN 70020, o que diferencia do HP é por ser baseado no sistema métrico ao invés do imperial.
CV (Cheval Vapeur): Os franceses inventaram o CV, quase a mesma coisa do PS.
BHP (Brake horse power): Segue as normas americanas SAE J245 e J de 1995, são retirados o filtro de ar, alternador, bomba da direção hidráulica, motor de arranque. Também possível o uso de coletores de escape dimensionados para eliminar perdas, é um sistema ideal para o marketing, mas distante da realidade e acabou sendo abandonado em 1972.
W ou kW: Unidade padrão do Sistema Internacional de Medidas (SI), definido pela Organização Internacional para Normatização (ISO) segundo as normas ISO 31 e ISO 1000.
Resumindo as equivalências entre os sistemas;
              1 HP = 745,7 W ou 0,7457 kW
              1 CV (ou PS) = 0,7355 kW
              1 HP = 1,0138 CV (ou PS)
Em motores pequenos a diferença de potência entre os diversos sistemas é pequena, mas em motores potentes a diferença é mais perceptível, logo continua sendo uma boa ferramenta de marketing para as montadoras.  
Além da equivalência dos sistemas existem outros fatores que geram distorções, as normas (NBR, ISO e SAE) determinam que a potência líquida do motor seja medida com todos os acessórios necessários para seu funcionamento, como filtro de ar, bomba de injeção, ventilador, alternador e escapamento completo. 
Quando a potência é medida na roda o número de CV é menor porque existem perdas geradas pela transmissão, pelo atrito do pneu no piso ou até restrições do escapamento do veículo e pela tração (dianteira ou traseira devido a transmissão).
Outra distorção ocorre na forma de medição, que pode ser feita em dinamômetro de motor (bancada) ou de chassi (roda). 
A potência e torque divulgados pelas montadoras atualmente são obtidos em dinamômetro de bancada, medindo a potência liquida com o motor fora do veículo, antes era divulgada a potência bruta, sem acessórios, por isso meu querido Dodge Dart tinha 205 CV (215 CV no Charger) e agora tem apenas 135 CV (145 no Charger)...
Os alemães costumam usar o KW como medida padrão os canadenses e americanos usam o HP, os italianos e franceses o CV, os ingleses usam mais o HP, porém o BHP também é utilizado. 
Aqui no Brasil, independente da origem da marca, a medida mais usual é o CV.
Em 1972 o Sistema Internacional de Unidades adotou o "Watt" como medida de potência padrão dos motores, foi um reconhecimento a importância das evoluções de James Watt, no entanto, a medida mais usada para medir a potência dos motores ainda é o “cavalo vapor” e não W (Watts) ou kW (quilowatt).

31/05/2018

Hot Logo - Oldsmobile

Vamos lembrar a evolução dos logos de uma das mais antigas marcas automobilísticas do mundo...
Fundada por Ransom E. Olds em 21 de agosto de 1897 e fechada por decisão da General Motors em 29 de abril de 2004
Deixou saudades? Com certeza!

20/05/2018

Voar é para avião 2

Aqui, já estávamos desconfiados que voar não é exclusividade de quem tem asas ou hélices...
...outra prova, vinda da F1, que isso não é só uma teoria!

19/05/2018

Alex Xydias


Em 22 de março de 1922, em Los Angeles, Califórnia, nascia Alex Xydias. O pai de Alex era um proeminente produtor de filmes (mudos), a sua infância foi tranquila, mas desde cedo muito apaixonado pelos automóveis. 
Enquanto Alex cursava a “Fairfax High School “ comprou o seu primeiro hot rod, um Ford roadster 1929, ele arrumou diversos trabalhos temporários para pagar o carro. Ao se formar na high school Alex ainda trabalhou em um posto de gasolina para economizar dinheiro até comprar um outro carro, um Ford cupê de três janelas e depois um cabriolet 1934. 
Em 1940, entrou para o clube “The Wheelers”, associado ao S.C.T.A. (Southern California Timing Association) em Norwalk, Califórnia, em 1942 ingressou no Army Air Corps, servindo como engenheiro de B-17 durante o período da segunda guerra mundial. 
Alex estava de folga e foi assistir uma corrida de rua, em San Fernando Valley, lá teve a inspiração de unir sua paixão por carros como um meio de ganhar a vida, decidiu abrir uma loja de peças, uma Speed Shop. Em 3 de março de 1946, com dinheiro emprestado, Alex abriu a loja da “So-Cal Speed” em Burbank. 
Logo depois, Alex se juntou ao lendário entusiasta Dean Batchelor e desenvolveram um “streamliner” para bater recordes de velocidade. Empurrado por um motor Mercury V8 e carburadores Edelbrock o carro atingiu 210 mph, em 1950. Em 1951, junto com alguns outros amigos formaram a Equipe de Corrida da “So-Cal Speed Shop”, os seus hot rods ficaram famosos, pois logo chegaram a 190 mph. 
Alex começou outro projeto pessoal, passou a documentar e filmar as principais corridas, como Bonneville, NASCAR, Pikes Peak, F-Indy e as 24 Horas de Sebring.
Em 1961 decidiu encerrar as atividades da SO-CAL, logo em seguida, em 1963 aceitou o cargo de editor da revista Car Craft da Petersen Publishing, trabalhando lá por mais de 12 anos até se transferir para a “Hot Rod Industry News”, onde se tornou editor. 
Enquanto esteve na “hot rod industry News” foi o diretor da anual “Petersen Trade Show”, que posteriormente acabou se tornando a SEMA (Specialty Equipment Market Association).
Por fim, após deixar a Petersen, Alex foi trabalhar com o sócio Mickey Thompson para organizar a feira de equipamentos off-road SCORE.
Em 1982, Alex foi introduzido no Hall of Fame da SEMA, além do hall da fama da Revista HOT ROD e no “Hall of Fame da Route 66”. 
Decidiu se aposentar em 1987, mas junto com o amigo Pete Chapouris conseguiu reviver a lendária “SO-CAL” em 1997, a nova "SO-CAL" está em atividade até hoje, apesar de não ter mais envolvimento com Xydias.
Alex também recebeu o prêmio “Robert E. Petersen Lifetime Achievement Award” em 2008.
Alex continua desfrutando da aposentadoria, aos 96 anos, na California. Pelo valor de sua carreira ele frequentemente é convidado de honra em eventos relacionados ao mundo hot-rod, do qual foi um importante pioneiro e incentivador.

09/05/2018

What´s your name? Cornowagen

Outro caso de um apelido determinando o destino de um modelo...
Em 1965 a Volkswagen lançou no Brasil uma versão do Fusca equipada com teto-solar, a abertura do teto era acionada por manivela e o teto, de aço, pintado na cor do carro. 
Era uma grande novidade no mercado brasileiro, ainda mais sendo um acessório original de fábrica, tinha tudo para ser um sucesso de vendas!
#SQN !!! 😓
As vendas do modelo acabaram naufragando por causa de um apelido maldoso: Cornowagen.
O apelido dispensa maiores esclarecimentos, mas se alguém estiver em dúvida indicaria o carro de alguém (marido, namorado) que teria a fidelidade de sua companheira em dúvida, só pelo fato do carro ter uma abertura no teto. Sacou?
Não se sabe ao certo o autor / origem do apelido, dizem que foi invenção de um executivo da Ford, na verdade este tipo de coisa é como um vírus; aparece sem se apresentar e, se não tomar cuidado, espalha sem controle.
Foi o que aconteceu. A sociedade Brasileira na época era muito machista e poucos teriam vontade de sair com um modelo destes pleas ruas, sendo motivo de piadas e comentários de todos.
As vendas naufragaram e Volkswagen ainda tentou reagir, promoveram uma grande campanha publicitária mostrando uma família reunida, mas nada resgatou a "dignidade" do modelo, tanto que saiu de linha no final de 1966.
O irônico é que hoje um "cornowagen" original é muito valorizado pelos antigomobilistas, e o preço destes modelos só tende a subir.
Sinal que os valores da nossa sociedade, ou pelo o senso de humor, mudou bastante.