04/07/2018

Nose Art

A origem da “nose Art” remonta a um tempo antigo, antes mesmo da criação dos primeiros aviões e automóveis, quando era usada para expressar a individualidade dos donos nas carruagens do séculos XVIII e XIX
No século XX virou hábito na personalização de viaturas de combate (barcos, tanques, helicópteros e principalmente aviões), o que não deixa de ser interessante, pois no meio militar a individualidade é muito restrita. 
Os primeiros a pintar seus aviões foram pilotos italianos e alemães durante a primeira guerra mundial, o primeiro registro conhecido foi um monstro marinho pintado em um hidroavião italiano em 1913. 
Depois vieram as bocas e dentes de felinos e tubarões pintados logo abaixo da hélice, a primeira “cara de tubarão” famosa foi pintada nos aviões (Sopwith Dolphin e o Roland C.II) do primeiro Grupo de Voluntários Americanos ou AVG, os Tigres Voadores.
"Cavallino rampante” do ás Francesco Baracca
A "nose art" passou a ser comum nos meios militares durante a Segunda Guerra mundial, apesar de ter sido proibida nos aviões e navios da U.S. Navy, as pinturas eram associadas a fatos importantes da vida e da personalidade dos tripulantes (no caso dos aviões), talvez por superstição ou apenas para quebrar as pressões. 
Muitas vezes os esquadrões, e não apenas um avião ou o piloto, adotavam símbolos ou faixas próprias além das insígnias oficiais, assim a identificação do avião era facilitada, imaginem a cena de centenas de B-17s iguais, identificados apenas pela diferença de números na cauda, decolando quase ao mesmo tempo para um ataque durante a WWII? 
Certamente criar traços individualizados nos aviões ajudava muito a equipe de terra e outros aliados.
Muitas vezes, a arte era concebida e produzida pelas equipes de terra e não pelos pilotos, mas também era comum a contratação de "artistas de verdade" para pintar os aviões, o pintor Don Allen foi um dos mais requisitados na WWII, ele cobrava US$35,00 por avião, o interessante era que, independente de ser um artista ou não, só usavam só os materiais que estavam disponíveis. 
Os nomes e temas usados nos aviões nem sempre eram apropriados aos padrões morais da época, mas dado todo o contexto ninguém ligava muito. A inspiração vinha de nomes e figuras de namoradas, esposas, caixa de fósforos, calendários, personagens de histórias em quadrinhos (os da Disney eram os favoritos), artistas, eventos da história da aeronave e, principalmente, pin-ups famosas (vale um post futuro só sobre isso). 
Alguns exemplos: "Swamp Angel" caiu em um pântano, “Patched Up Piece" foi reparado mais de uma vez, "Just Once More" um pedido dos tripulantes de um B-17 prestes a completar 25 missões para poder voltar para casa.
Depois da guerra da Coréia a Nose Art quase desapareceu dos aviões da USAF, mas reapareceu aos poucos durante a guerra do Vietnã, caiu em desuso novamente e agora está fazendo um retorno lento. É comum ver “nose art” nas forças militares de muitos países como Japão, Reino Unido, Canada, Alemanha e Rússia.
Fora do âmbito militar também encontramos a “nose art” em aviões civis, como no grupo Virgin ("Virgin Girls") e na companhia Alaska Airlines.
Mas, "nose art" é só para aviões? 
Não, O “cavallino rampante” símbolo do ás italiano Francesco Baracca foi uma nose art que ficou bem conhecida entre os amantes de carros, não pela origem, mas por ter sido adotada por tal de Enzo Ferrari como logotipo da sua marca.
Principalmente no final da década de 1940 dá para perceber a influência do estilo adotado nos aviões WWII nos primeiros hot rods, pode ficar meio confuso porque a aparência de um hot rods não tem muito a ver com aviões de guerra, mas notamos esta influência em diversos elementos visuais, tais como pinturas de chamas e bocas de tubarão pintadas no capô. 
Nas motos a “nose art” também esteve presente desde o pós-guerra, seja na pintura das motos ou inspirando a criação dos “patches” das centenas de clubes de motocicletas criados a partir desta época, essa influência não chega a ser uma surpresa, afinal muitos dos primeiros rodders e riders eram ex-pilotos ou veteranos de guerra.

01/07/2018

Hot Symphony - Cosworth DFV 3.0L

Eu gostei da série que começamos uns dias atrás, aqui vai o segundo post com o som do lendário Cosworth V8 da F1.
Dá para achar um monte de vídeos desta orquestra, mas escolhi um com um Fittipaldi F8C, da temporada de 1981.
Aumenta o som (dá uma saudade quando se compara com o som da F1 atual)...😖

Hot Dicas - Silodrome



Silodrome

Vai uma dica de um site interessante para quem gosta de motores, nem sei como descobri, mas como o próprio se intitula: Cultura da Gasolina!

16/06/2018

Hot symphony - Mazda 787B

Vamos começar uma nova série só com "música" da melhor qualidade, aqui só vai entrar os mais berrantes.
No final de semana de Le Mans (copa, que copa??), nada melhor do que iniciar com o primeiro e único carro japonês vencedor de Le Mans: MAZDA 787B.
O 787B tinha um motor Wankel R26B de 2.600 cm3 e 700 CV, vencedor em 1991 com o trio Volker Weidler, Johnny Herbert e Bertrand Gachot (aquele do spray de pimenta).
A proeza do 787B tem tudo para ser quebrada pela Toyota neste ano, mas estão correndo "sozinhos", diga-se de passagem...


É só sentar, colocar o volume no ultimo e curtir o som...

13/06/2018

Bonneville Salt Flats (parte 1)

Se você não for um “gearhead” provavelmente não entenderá como uma paisagem tão desolada, basicamente um deserto de sal, poderia ser tão icônica, mas se for um “gearhead” este local, certamente, faz parte da sua lista de lugares para se conhecer antes de morrer, afinal, em nenhum outro lugar do mundo saíram tantos recordes de velocidade.
Estamos falando do “Bonneville Speedway”, que é um deserto de sal com 260 km2 localizado na área de Bonneville Salt Flats, perto da cidade de Wendover, no estado de Utah.  
Blitzen-Benz
A história começou em 1914, quando Teddy Tetzlaff estabeleceu um recorde de velocidade em terra atingindo 141,73 mph com o Blitzen–Benz de 200 HP, construído pelo próprio Tetzlaff, na época este recorde foi considerado um grande feito e trouxe muita visibilidade, aos poucos Bonneville começou a atrair novos pilotos a cada ano. 
No início de cada verão se iniciava uma época de caça aos recordes em Bonneville, normalmente eram preparadas duas faixas, uma de 10 milhas para provas de velocidade e outra para recordes de distância na forma oval geralmente com 10 e 12 milhas (16 e 19 km) de comprimento, dependendo da condição da superfície do sal daquele momento.
Em 1932, um piloto de Utah chamado Ab Jenkins quebrou o recorde de distância com um Pierce-Arrow de 12 cilindros, pilotando por 24 horas com a média de 112,916 mph, o detalhe é que Jenkins pilotou sozinho, só parando a cada 2 horas para reabastecer 😲.
Meteoro Mormon
No ano seguinte três dos principais pilotos da Grã-Bretanha na época foram para Bonneville para quebrar seus próprios recordes: John Cobb, Sir Malcolm Campbell e Sir George Eyston. 
Primeiro a tentar foi Cobb, pilotando o mesmo carro de Jenkins atingiu a média de 134,85 mph após 24 horas, mas em 31 de agosto de 1935 Jenkins recuperou o recorde com um Duesenberg modificado, chamado “Meteoro Mórmon", atingindo a média de 135,47 mph.
Logo depois, em 3 de setembro, Sir Malcolm Campbell, que já havia estabelecido vários recordes de velocidade em Daytona Beach, tornou-se o primeiro homem a quebrar a barreira dos 300 mph em terra, chegando a 301,129 mph. Campbell utilizou um carro que ficou conhecido como o primeiro “Bonneville Streamliner”, o Blue Bird Campbell-Railton que ele vinha desenvolvendo desde 1933, o carro usava um motor de avião Rolls-Royce "R" produzindo mais de 2.500 hp a 3200 rpm.
Thunderbolt
Por fim, em 19 de novembro de 1937, outro recorde de velocidade foi quebrado por um inglês, desta vez com Sir George Eyston atingiu 312 mph com o seu “Thunderbolt”, impulsionado por dois motores de avião Rolls-Royce "R" equipados com compressores centrífugos que entregavam cerca de 4.600 HP. 
A briga por recordes ficou insana, em 1938, Sir Eyston melhorou seu recorde com o Thunderbolt chegando a 345,49 mph, mas em 15 de setembro John Cobb atingiu espantosos 350,20 mph com o Railton-Special, um carro com 4 rodas motrizes alimentado por dois supercharged Napier Lion V11D (WD) que produziram 2.500 hp. 
Sir Eyston ainda não estava satisfeito, em 16 de setembro levou o Thunderbolt novamente ao recorde de 353,30 mph. 
Em 23 de agosto de 1939, Cobb voltou com o Railton-Special e estabeleceu impressionantes 369,27 mph, a loucura parecia não ter fim, mas o início da Segunda Guerra jogou água fria na rivalidade...