01/10/2018

Bill Hines "The Leadslinger"

William Chandler Hines foi outro grande pioneiro, modificador e construtor de hot rods. Ele nasceu em Erie, Pensilvânia, em 23 de março de 1922, e tinha um irmão gêmeo, Edward Robert. 
A figura de Hines ficou famosa por sempre estar mastigando charutos “El Producto Puritanos Finos” enquanto trabalhava, também era lembrado pela sua aparência frágil, que na verdade enganava apenas aqueles que não conheciam sua história, pois o seu talento sempre esteve muito acima das aparências... 
Sua aparência fragilizada vinha dos graves problemas de nascença na coluna, que era tão curva que o obrigava a ficar inclinado para a frente. Hines teve uma infância muito difícil, passou dois anos no hospital de Erie, teve duas vértebras removidas para tentar amenizar a sua condição de locomoção. 
O seu drama só aumentou quando, aos 2 anos, seu pai, Edward Hines, morreu de tuberculose com apenas 36 anos de idade. 
Após a morte do seu pai Bill foi enviado para um "Sunshine Camp" por 7 meses, a sua mãe, Willie Jane Chandler, mudou-se para Detroit, Michigan, para tentar arrumar um emprego melhor, ela deixou os filhos com a avó materna em Jackson, Tennessee, até 1932 quando teve condição de levar os gêmeos para Detroit. 
Em Detroit, Bill cursou aulas de arte e logo se destacou, aos 14 anos construiu uma motoneta (afinal, não tinha dinheiro para comprar uma). O seu primeiro carro foi um Ford 1934 com motor V8 Flathead, Bill modificou o motor e usou o carro para correr contra qualquer um que o desafiasse.
Em 1941, Bill abandonou a escola e alugou uma garagem em Ecorse, Michigan, para abrir seu próprio posto de gasolina na rodovia Dix, em Lincoln Park. Bill montou uma oficina atrás do posto de gasolina para construir carros personalizados, modificava carrocerias e fazia pinturas especiais. 
Nesse ano ele apresentou o seu primeiro trabalho personalizado, um Buick conversível novinho que instalou “barbatanas”, o que viria a ser uma das suas marcas registradas. 
Bill trabalhou com Vick Sawitskas, gerente da concessionária Nash em Wyandotte, ele tinha um filho chamado Richard "Dick Dean" Sawitskas, Bill foi uma espécie de “mentor” de Dick Dean, ensinando a ele os segredos da customização com chumbo. 
Lil' Bat
Ao final da década de 1940, Bill já era reconhecido como um artista da pintura customizada e no começo da década seguinte conseguiu concretizar o seu sonho, abrindo sua própria “Custom Shop” em Lincoln Park. 
Um dos seus carros, chamado Golden Nugget, ganhou o troféu de primeiro lugar na categoria “Altered Street Roadster” no Detroit Autorama de 1958, um outro carro famoso, o “Lil' Bat”, recebeu reconhecimento nacional sendo capa da revista “Rod & Custom” na edição de março de 1959, na verdade era o carro pessoal de Bill que ele começou a construir em 1957.
Em abril de 1958, Bill decidiu mudar-se para a Califórnia, pegou o Li’l Bat, engatou um trailer e foi procurar por George Barris, mas Barris, Bill Carr e Dean Jeffries estavam em turnê pelo pais. 
Bill conheceu o gerente da oficina de Barris, Gene Simmons, que se impressionou com o seu carro e ofereceu trabalho. Bill pegou a sua caixa de ferramentas e começou no dia seguinte. 
George Barris, retornou 3 semanas depois e adorou o trabalho de Hines, Bill trabalhou na garagem de Barris por 9 meses e retornou para Detroit, nos dois anos seguintes construiu vários carros personalizados, utilizando técnicas e ideias que aprendeu ou aperfeiçoou na Califórnia.
Em outubro de 1960, Bill decidiu voltar ao sol da Califórnia e foi trabalhar para Barris novamente. No entanto, a experiência desta vez não durou muito, dizem que George pagava pouco, cerca de US$100,00 por semana. 
Hines, meio a contragosto de Barris, alugou uma garagem em Lynwood e abriu a “Bill Hines Kustom Auto”, mesmo assim o respeito de Barris pelo trabalho de Bill era tão grande que eles continuaram amigos. Bill continuou a fazer trabalhos para Barris sempre que este estivesse superlotado. 
A medida que novos materiais foram sendo introduzidos no mundo das customizações, como a fibra de vidro, muitos deixaram de usar o chumbo porque era um material custoso e trabalhoso, porém isso soava como um “pecado mortal” para Bill, tanto que ele continuou usando o material e por isso acabou recebendo o apelido de “Leadslinger”.
A oficina de Bill foi uma das primeiras a instalar sistemas de suspensão hidráulica, em 1962, ele chegou a ser chamado de "O Poderoso Chefão da Hidráulica".
Em 1983, Hines mudou sua loja para Bellflower e ficou por lá até 2015, quando se mudou para Garden Grove, Califórnia.
Na época, aos 94 anos, ele afirmou que ainda trabalhava trabalhava 7 dias por
semana e continuaria assim até a sua morte. No mesmo ano ele teve um leve ataque cardíaco, mas voltou ao trabalho 5 meses depois...😲 
Bill Hines faleceu dormindo, em 20 de maio de 2016, na sua casa, atualmente os seus netos, Matthew, Mitchell e Michael, dão continuidade a sua obra.
Ao longo de sua carreira, Bill Hines recebeu dezenas de prêmios e reconhecimentos, entre eles;
1988 Introduzido ao Hall da Fama da Costa Oeste de Kustoms.
1992 O “1941 Bat” nomeado "Carro Personalizado do Ano" pela Kustom Kemps of America.
1996 Nomeado “Construtor of the Year” pela International Car Show Association
1997 Introduzido ao “National Custom Car Hall of Fame” de Darryl Starbird.
2005 Construtor do ano no “Detroit Autorama”, aos 83 anos de idade!

20/09/2018

Hot Symphony - Fiat S76

Você já ouvi falar de um carro que ficou conhecido como a "Besta de Turim"?😕
Se nunca ouviu falar, aqui vão algumas informações...
O carro em questão é o protótipo FIAT S76 construído em 1910 para bater recordes de velocidade, o seu motor tinha singelos 28.353 CC, gerando 190 CV a 1.900 rpm e velocidade máxima de 213 km/h.
Motor com mais de 28 litros? 
Isso mesmo! Um assombro para a época... 
Pois bem, foram construídos apenas 2 chassis que acabaram tomando rumos diferentes, pulando décadas nesta história, em 2003 uma equipe inglesa começou a restaurar um S76, utilizando peças das duas unidades, o resultado foi apresentado no "Goodwood Festival of Speed" em junho de 2015... 
Só vendo os vídeos abaixo para acreditar que "bestas" existem mesmo!
      

15/09/2018

Ronnie Peterson (1944 - 1978)

Nesta semana, exatamente no dia 11/09 (que data amaldiçoada), completamos 40 anos do acidente fatal de Ronnie Peterson.😌😌
O triste fato ocorreu na largada do GP da Itália de 1978, em Monza. Eu me lembro que estava assistindo a corrida pela Tv Globo, o narrador era o Luciano do Vale, as imagens foram bem chocantes.
Entretanto, prefiro lembrar de cenas como abaixo no GP da África do Sul em Kyalami, no ano de 1973, com um Lotus 72D.
Não era a toa que o apelido (*) de Peterson era "Sueco Voador", só quem sabe da dificuldade de domar uma besta destas... 
É uma coisa linda! Pena que não se vê mais esse tipo de manobra hoje em dia.
(*) Taí uma boa sugestão para uma nova série: Apelidos dos grandes pilotos.

14/09/2018

11/09/2018

Cascos - Lap 1

Vamos começar a falar deste tema defendendo a tese (pelo menos deste blog) de que pintura de capacete é algo quase "sagrado", e o que é sagrado não se mexe!
Ou seja, somos da época que a pintura do capacete tinha forte relação com a identidade do piloto, mostrando um pouco das suas crenças, valores, personalidade, nacionalidade, etc.
Aqui para nós um certo capacete amarelo e outro branco e vermelho nos trazem tantas boas lembranças!
Se a pintura é sagrada, portanto, não deveria mudar todo ano, ou até várias vezes no mesmo campeonato! #sqn😌
Hoje em dia muitos pilotos trocam a pintura do capacete constantemente, alguns devem trocar a pintura com mais frequência do que a cueca, estão aí Valentino, Vettel, Hamilton e Alonso para não nos deixar mentir...🙈🙉🙊
Em outros casos o piloto até mantém o padrão visual, mas acaba mudando as cores originais para combinar com seus patrocinadores da ocasião, situação comum nos EUA (lembram do capacete do Christian Fittipaldi na Indy??).
No fim esta discussão é irrelevante, se não prejudica ninguém, cada um é cada um, então vamos mudar o foco pela história dos capacetes nas corridas.
A palavra capacete é derivada de “helmet”, em Inglês é o diminutivo da palavra “helm” ou elmo em português. No início da história das corridas a motor não existiam capacetes rígidos, os pilotos usavam apenas a roupa “normal” e chapéus, bonés ou boinas para “proteger” a cabeça, na verdade era mais por estilo mesmo.
Não se sabe exatamente quem foi o primeiro a usar uma proteção no lugar de um boné, registros apontam para 1908, se bem que esses “capacetes” eram feitos de lona ou couro, a preocupação maior ainda era com a sujeira das estradas e não evitar ferimentos na cabeça, numa época que nem cintos de segurança existiam e era normal o piloto ser "ejetado" do carro num acidente. 
Os modelos eram semelhantes aos usados por pilotos de aviões, também uma invenção recente, os pilotos também usavam óculos (com lentes de vidro!) para proteger os olhos da sujeira.
Em 1914 o médico do circuito de Brooklands, Dr. Eric Gardner, foi quem pensou primeiro em tornar obrigatório para os pilotos de moto usar um capacete de couro, a edição daquele mesmo ano do Tourist Trophy em Isle of Man foi o primeiro evento de porte a colocar o equipamento como obrigatório, mesmo com rejeição de vários pilotos (quem usava era uma amostra de falta de coragem!?!?).
A conscientização da importância do capacete demorou a acontecer, essa situação só começou a mudar em 1935 quando o famoso explorador britânico Thomas Edward Lawrence (Lawrence da Arábia) morreu em um acidente de moto com apenas 46 anos de idade.
Após a segunda guerra mundial, em 1949, apareceram novos modelos baseados no hipismo com a parte superior (acima da orelha) rígida, melhorando a proteção contra impactos. 
Apenas em 1957 o capacete virou um item indispensável de segurança, quando passou a ser produzido em escala graças a fabricante norte-americana Bell.
No começo os capacetes eram abertos na frente, mas também foi um modelo Bell o primeiro modelo fechado utilizado nas corridas de carros, introduzido por Dan Gurney em 1963. 
A partir da década de 1970 a preocupação com segurança aumentou e com ela o ritmo de evolução dos capacetes, foi nesta época que as pinturas e grafismos começaram a ganhar maior importância, inclusive por causa dos patrocinadores como citamos no começo.
Em 1980 apareceram modelos com entradas de ar, sistemas de hidratação e comunicação por rádio. 
E a evolução dos capacetes continua forte, foram lançados modelos com viseiras mais resistentes (Felipe Massa que o diga), designs mais funcionais, aerodinâmicos e farto uso de novos materiais mais leves e resistentes como fibra de carbono e kevlar, certamente sempre haverá muito a evoluir e muitas vidas serão salvas.
Voltando ao início deste post, nos próximos posts deste assunto traremos alguns “cascos” famosos e suas pinturas, escolha o seu preferido (o cara da foto ai de baixo parece que já escolheu)...