O universo automotivo é fascinante, pelo menos para nós, e isso não é exatamente uma novidade, mas nos últimos tempos o assunto "customização" vem sendo turbinado por sites especializados, no cinema e programas e séries de TV (viva o Discovery Turbo!!). Esse momento proporcionou coisas boas aos aficionados: mais eventos, mais fabricantes, aumento do mercado, etc...
Por outro lado, coisas não tão boas também: preços mais altos, conceitos deturpados, perda da essência, etc.
Neste contexto, resolvemos vamos falar um pouco sobre conceitos e estilos, veremos que o assunto não se limita apenas a questão de gosto (se fosse isso nem iriamos fazer este post), envolve importantes aspectos culturais, sociais e comportamentais do dono e sua tribo.
Ainda assim, fica um prévio aviso, nem tudo que será escrito deve ser entendido como "lei", nada é tão acadêmico ou definido por conceitos rígidos, no fim é a "paixão" e "gosto" que manda...
Então vamos lá;
Hot Rod: Vamos começar pelo começo. Este movimento foi criado no século passado, durante a década de 1940. Nesta época a sociedade americana estava muito impactada pela segunda guerra mundial, que sugou quase todos os recursos financeiros e materiais do país.
Por isso pouca gente tinha dinheiro para comprar um carro novo, a oferta de modelos e quantidade era muito limitada e a indústria não tinha como apresentar novos projetos.
Esse cenário levou os jovens a começarem a modificar os carros disponíveis, normalmente das décadas de 1920 e 1930, com mecânica atualizada, da década de 1940. Era comum trocar a mecânica original por um V8 mais potente, independente da marca, para garantir um "estilo" mais agressivo usava-se rebaixar o teto (chamado "Chopp the roof"), colocar pneus traseiros largos e abaixar a altura do carro com modificações de chassis e suspensão. Pintura e estética eram menos importante porque custavam caro.
Após o final da guerra, os jovens soldados retornaram com pressa em retomar suas vidas, porém se ainda havia pouca grana, sobrava força de vontade e criatividade. A dificuldade virou o combustível do movimento. Os costumes e hábitos dos jovens da época (música, roupa, cortes de cabelo, estilo de vida, comida, etc) acabaram se incorporando ao mundo dos carros, a partir daí desenvolveram-se muitos estilos e sub-estilos.
Ao longo deste tempo, até os dias atuais, muita coisa mudou (evolução??), mas podemos dizer que a essência foi mantida, dá para cravar que o movimento Hot Rod foi mesmo o gênesis de tudo.
Kustom: No início o termo "Kustom" ou "Custom" era usado para os "Hot Rods" fabricados após 1949, carros modificados na aparência (teto rebaixado, estilo mais limpo) e no desempenho (pneus maiores, motores potentes). Hoje este termo é normalmente utilizado para os carros modificados fabricados no pós guerra, a partir da década de 1950, mas foi ficando mais abrangente até virar um movimento cultural, envolvendo traços comuns da personalidade e estilo de vida.
Os membros desta tribo são chamados de "Rodders", aerografia, pin-ups, pinstriping, tatuagem, roupas, música (rock e rockabilly), são outras características do movimento.
Atualmente, o movimento parece estar recuperando a sua força, um dos traços mais marcantes da "Kultura Kustom" continua sendo mostrar o oposto a cultura consumista e material da sociedade moderna.
Neste post tem muito mais sobre o tema...
Rat Look: Se No início do movimento "Hot Rod" dissemos que o foco era a performance e não o visual, aos poucos isso foi mudando com a profissionalização das empresas de customização. Porém, parte dos praticantes manteve-se fiel até hoje ao conceito original. O termo "Rat Look" (Visual de Rato no português livre) ou "Rat Hod" tem como referência o personagem "Rat Fink" criado por Ed Roth, que tornou-se um dos maiores ícones do movimento "Hot Rod". A aparência rústica do carro é mantida, somente peças da época são utilizadas e não se dá importância a nada "supérfluo", isso quer dizer; forração interna, sistema de som, bancos confortáveis, rodas reluzentes, etc.
Uma "regra" importante; Para os mais puristas até os processos de fabricação e ferramentas tem que ser iguais aos que os pioneiros utilizam, das décadas de 1940 e 1950!
Muita gente pode torcer o nariz para o estilo, mas o fato é que para quem é entusiasta e não tem muitos recursos, é um ótimo e divertido caminho para chegar ao seu "Hot Rod".
Rusted Look: São carros no estilo "enferrujado", geralmente modelos fabricados a partir de década de 1950 e 1960. Na verdade, o termo gera muita confusão com o estilo "Rat Hod", pois o resultado final são carros rebaixados com a aparência desgastadas, até com ferrugem.
O que vale é manter a aparência original do carro, apenas desgastada pelo tempo, pois o essencial é preservar a personalidade do carro, sua história.
Se for para utilizar acessórios (rodas, bagageiros, por exemplo) só se forem da mesma época do carro, para os apreciadores do estilo quanto mais enferrujado e desgastado o carro estiver, ficará mais bonito!
O que vemos com frequência são carros (e motos) com visual invocando a essência "Rat Look", mas por baixo mecânicas modernas, potentes e confiáveis.
Estas características permitem muita criatividade nas adaptações, mas aqui invocamos o "bom senso" para não tornar o resultado final ridículo.
Muscle Cars: Aqui seria até um assunto para um capítulo a parte, mas vai uma rápida introdução. São carros de fabricantes americanos (Ford, Chevrolet, Pontiac, Dodge, Plymouth, etc) produzidos do início da década de 1960 até meados dos ano 1970.
Mas apenas os modelos que utilizavam enormes motores V8 (acima de 4.000 cc), já com muita potência de fábrica, barulhentos e, detalhe, sem nenhuma preocupação com o consumo de combustível (A Greta que me desculpe...).
Nesta época a gasolina era muito barata nos Estados Unidos, havia enorme euforia econômica e nada melhor do que um muscle cara para curtir as estradas longas e novas...
Esse cenário social influenciou o desenvolvimento de modelos imponentes, potentes e beberrões, que foram mortalmente feridos com a crise do petróleo dos anos 1970. De novo aspectos sociais e econômicos se misturando com a cultura automotiva.
No Brasil tivemos fabricados apenas os Dodge (eu tenho o meu, e você?), Galaxie, Landau e Mavericks, que até hoje deixam saudades em muita gente.
Ah, sinto muito, respeitamos demais o Opala 4.100, mas não é um Muscle Car (faltam 2 cilindros)!
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Um Street Machine by Troy |
Street Machine e Street Hod: Aqui dois exemplos de estilos com interpretações variadas e que mudaram ao longo dos anos...
Ao que parece, atualmente, os "Street Machine" são os modelos de carros, geralmente muscle cars, customizados com o que existe de melhor e mais moderno em termos de técnicas e peças. As receitas deste conceitos de customização normalmente incluem a adaptação de motores modernos e muito mais potentes (v8 injetados, com superchargers, etc), freios e suspensões redimensionadas, modificações sutis no visual e, principalmente, uma pintura caprichada com cores e efeitos exclusivos. Um interior exclusivo e poderosos sistemas de som e vídeo também são bem vindos. Podemos citar como exemplos os carros produzidos por customizadores famosos como Chip Foose, Boyd Condington ou Troy Trepanier, que como ícones do assunto acabam cada um tendo seu estilo próprio
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Street Hod by Chip Foose |
Já os "Street Hods" seguem quase o mesmo conceito de customização, mas normalmente refere-se aos modelos de carros produzidos antes do meio da década de 50, com o visual mais ligados aos modelos do pré-guerra. É fato que o resultado final destes projetos acabam se assemelhando mais a obras de arte do que carros, por isso muitos puristas torcem o nariz porque são carros que valem centenas de milhares (ou até milhões) de dólares, então são mais vistos em exposições do que nas ruas.
Por hora é só, ainda temos muita coisa para falar, aqui tem mais...