18/04/2015

Burt Munro

Eu não conhecia a história de Burt Munro antes de assistir o filme “Desafiando os limites” (“The World Fastest Indian” de 2005, direção de Roger Donaldson), de fato só assisti ao filme por causa do ator principal, Anthony Hopkins. O enredo do filme e a atuação de Hopkins são muito bons, então fiquei curioso por saber se a história do personagem principal, exemplo de persistência e dedicação, era verdadeira ou não.  
Pesquisei  um pouco e me encantei ainda mais com a história de Burt Munro!
Herbert James "Bert" Munro nasceu em 25 de março de 1899, em Invercargill, Nova Zelândia, cresceu em uma fazenda em Edendale. Após um erro de ortografia do seu nome em uma revista de americana de motociclismo, decidiu mudar seu apelido para “Burt” em 1957.
Sua irmã gêmea morreu no parto e os médicos deram a Burt uma expectativa de dois anos de vida. Parece incrível, mas desde cedo já desafiava todos os seus limites. No final da Primeira Guerra Mundial o seu pai vendeu a fazenda, com a depressão econômica mundial do início do século XX passou a trabalhar como vendedor de motos e mecânico.
Ele começou a correr de motocicletas e até conseguiu um relativo sucesso na Nova Zelândia e Austrália, o primeiro dos seus sete recordes de velocidade da Nova Zelândia foi obtido em 1938, já com 39 anos.
Sua grande companheira era uma motocicleta Indian Scout, com motor V-twin de 606 cc de 1920 (a velocidade original era de 55 mph ou 89 km/h), que vinha sendo modificada por ele mesmo desde 1926, Munro se referia a moto como “Munro Special”.
Após a Segunda Guerra Mundial ele se divorciou, em 1947, e foi morar em uma garagem onde continuou modificando suas motos (ele também tinha um Velocette MSS de 1936). Enfrentava dois grandes desafios; falta de peças (alguém já tinha ouvido falar de Invercargill?) e, adivinhem, falta de dinheiro. 
Burt não se curvava perante as dificuldades, para se ter uma ideia ele sofria de angina desde os anos 1950. 
Todos os seus ganhos eram utilizados nas modificações de suas motocicletas, trabalhava durante quase todas as noites nas motos e de manhã ia trabalhar, sem ter dormido na noite anterior. Para driblar a falta de recursos ele passou a fabricar suas próprias peças e improvisar as ferramentas, para isso abusava da criatividade e não se importava muito com segurança, chegava até a utilizar partes de latas velhas para fazer pistões, bielas e outras peças de motor. Entre outras modificações, o motor original da Indian chegou a incríveis 950 cc e desenvolveu um sistema de transmissão por corrente tripla.
Como começou a sua fascinação por Bonneville não é relevante, mas Munro decidiu transformar a sua "Munro Special" na Indian mais rápida do planeta e participou dez vezes do “Bonneville Speedweek” e estabeleceu três recordes mundiais (1962, 1966 e 1967). Na primeira vez que foi a Bonneville, Burt já tinha 63 anos de idade e a sua moto 42 anos de uso!
No recorde de 1962 a “Munro Special” tinha um motor de 883 cc e atingiu 288 km/h (178,95 mph), a mais rápida na sua classe. 
Em 1966 estabeleceu o segundo recorde com 270,476 km/h (168,066 mph) e o motor chegando a 920 cc. No ultimo recorde, em 1967, o motor chegou ao seu limite de 950 cc e registrou 295,453 km/h (183,586 mph) na sua classe. 
Na qualificação (one-way) chegou a 305,89 km/h (190,07 mph), a velocidade mais rápida registrada oficialmente por uma Indian.
Burt Munro morreu em seis de Janeiro de 1978, aos 78 anos de causas naturais. Ele teve quatro filhos do seu único casamento. Em 2006, Munro foi introduzido no “AMA Motorcycle Hall of Fame”, a eterna "Munro Special" original atualmente pertence a um entusiasta na Nova Zelândia, sendo exposta regularmente no E Hayes & Sons na sua cidade natal, Invercargill.
Em março de 2013 a Indian Motorcycles anunciou o lançamento de um modelo “streamliner custom-built” chamado “Spirit of Munro”, a moto foi construída para ser usada em shows como uma homenagem às sua s realizações.
Outro fato surpreendente aconteceu em agosto de 2014, quando o seu recorde de 1967 foi quebrado.
Sabem o nome do novo recordista; Burt Munro, isso mesmo. 36 anos após a sua morte!!!! 
O que ocorreu foi que o filho de Burt, John Munro, notou um erro de cálculo nos registros oficiais da AMA (American Motorcyclist Association). Pelos registros de 26 de agosto de 1967, Burt Munro atingiu uma média de 183,586 mph (295,453 km/h) em duas medições, na primeira 184,710 mph (297,261 km/h) e na segunda 183,463 mph (295,255 km/h), refazendo as contas John Munro chegou à média de 184,087 mph (296,259 km/h). 
A AMA, que não utilizava calculadoras na época, revisou os números e oficializou o novo recorde. 
Burt, onde quer que esteja, deve ter ficado muito feliz!
Para entender melhor o que Munro representa como ser humano, exemplo de dedicação, resiliência e persistência fica a nossa dica, assistam ao filme “Desafiando os limites”.

12/04/2015

Os melhores carros de corrida... (Round 2)

Algum tempo atrás falamos dos carros de corrida preferidos deste blog. Como o fanatismo nos leva a corrermos o risco de praticar algumas injustiças, resolvemos voltar ao assunto...
Ainda bem que existem muitas outras máquinas de corrida fantásticas, então vamos falar de mais alguns queridinhos!
A ordem é aleatória e se quiser, ou discordar, monte a sua própria lista;

1) Lotus 72D: Talvez seja a obra prima das obras primas criadas por Colin Chapman, a série 72 teve na versão 72D o seu grande ápice. Correu nas temporadas de F1 de 1970 até 1975, foram 74 corridas e 20 vitórias, sendo guiado por alguns dos melhores pilotos de F1 de todos os tempos como Jochen Rindt, Emerson Fittipaldi, Ronnie Peterson e Jacky Ickx.
Com ele a Lotus conseguiu "apenas" três títulos mundiais de construtores; Em 1970 com o 72C, 1972 com 72D e 1973 com o 72E, também fora dois campeonatos de pilotos com Rindt em 1970 (pos-morten) e Fittipaldi em 1972.
2) Bugatti Type 35: Ettore Bugatti transformou o Type 35 em um carro imortal, talvez tenha sido o carro que mais tenha vencido corridas em todos os tempos (o 911 não conta porque teve muitas mudanças de modelos).
Sua marca registrada são as rodas de alumínio e o famoso radiador em forma de ferradura.
Era equipado com um motor de oito cilindros em linha, comando no cabeçote e três válvulas por cilindro e freios nas quatro rodas, um espanto para a época! 
Teve uma longa carreira, de 1924 até 1931, foram feitos cerca de 600 unidades e estima-se que venceram "aproximadamente" 1.800 corridas...
3) Porsche 956: Bicho papão dos campeonatos de esporte-protótipos e verdadeiro sucessor do 917! O 956 foi a resposta da Porsche para as novas regras do campeonato Grupo C de 1982, o motor era um Flat-6 Turbo de 2.650 cm3 e gerava 635HP em versão de corrida.
Números aproximados indicam 75 vitórias em 107 corridas, conseguiram 3 vitórias seguidas em Le Mans. Foi substituído pelo Porsche 962, que na verdade era uma evolução do projeto, em 1985.
4) McLaren M23: Participou dos campeonatos de F1 de 1973 até 1977, foram 83 corridas, 16 vitórias, 14 poles e 2 títulos mundiais de pilotos, Fittipaldi em 1974 e James Hunt em 1976.
Precisa falar mais? 
O M23 foi projetado por Gordon Coppuck e teve participação de um tal John Barnard, usava motor Ford Cosworth DFV e produzia aproximadamente 490HPs
5) Audi Quattro Rally: O Quattro foi um modelo preparado pela Audi para o campeonato mundial de rali, como grande novidade tinha tração integral. 
Simplesmente é considerado o melhor carro de ralis da história!
Tinha um motor de 420 CV e depois com a versão turbo chegou a impressionantes 509 CV, arrebentou no brutal Grupo B da FIA no mundial de rallye.
Teve 23 vitórias no mundial de rallye (WRC) entre 1981 e 1985, sendo campeão em 1983 com Hannu Mikkola e no ano de 1984 com o sueco Stig Blomqvist. 

11/04/2015

CAN-AM

Poucas categorias representam tão bem os “dias gloriosos do automobilismo” como a CAM-AN. A “Canadian American Challenge Cup” foi uma categoria que reuniu, como poucas, os ingredientes de sucesso; Disputas emocionantes, equipes criativas, carros brutais e desafiadores, grandes pilotos e proximidade de seu público.
A primeira temporada da CAN-AM ocorreu em 1966 sendo adotado o regulamento técnico do Grupo 7 da FIA, neste primeiro campeonato eram previstas duas corridas no Canadá (CAN) e quatro corridas nos Estados Unidos (AM). 
Vale ressaltar que o regulamento do Grupo 7 para carros esportes e protótipos era quase uma “força livre”; Não existia limitação de cilindrada para os motores, eram permitidos sistemas de sobrealimentação e turbos, aerodinâmica quase não tinha restrições, ou ,em outras palavras, era quase um “quem pode mais chora menos"! 
Em teoria, os carros enquadrados neste grupo deveriam ser mais adequados para corridas curtas, como subida de montanhas, do que provas longas ou de resistência, mas as corridas de carros-esporte e protótipos estavam se tornando populares nos Estados Unidos e Europa e os organizadores decidiram correr os riscos. 
Muitos construtores e grandes pilotos na época foram atraídos para a categoria, graças aos bons patrocinadores, suporte financeiro e técnico das fábricas e visibilidade garantida junto ao público. 
O fortalecimento da categoria foi natural, o resultado foi a criação de verdadeiras bestas com motores que, já naquela época, atingiam mais de 1.000 CV, algumas equipes alegavam que seus motores chegavam a 1.500 CV em classificação!!! Uau!😲
A era de ouro da série CAN-AM existiu por apenas nove anos, entre 1966 a 1974, mesmo assim a evolução dos carros e motores foi enorme, alguns números mostram isso; Em 1967 o piloto Bruce McLaren com um McLaren-Chevy M6A fez a pole no circuito de Elkhart Lake com o tempo de 2 min e 12,6 segundos com média de 108,597 MPH, em 1973 o piloto Mark Donohue a bordo de um Porsche 917/30 com motor Turbo cravou 1 min e 57,51 segundos e média de 122,534 MPH. 
Qual outra categoria conseguiu diminuir em seis anos o tempo da pole no mesmo circuito em 15 segundos???
As seis corridas do primeiro campeonato, em 1966, foram; Saint Jovite, Bridgehampton, Mosport, Laguna Seca, Riverside e Stardust Raceway em Las Vegas, o campeão foi John Surtees com uma Lola T70 da sua própria equipe, ele venceu 3 corridas; Saint Jovite, Riverside e Las Vegas. 
Os seus grandes rivais naquele ano foram Mark Donohue, com outro Lola, da equipe Penske e Bruce McLaren que já tinha equipe própria e construía seus carros. 
Muitos pilotos considerados fora de série na época participaram da CAN-AM, além dos já citados, temos Dan Gurney, George Follmer, Charlie Kemp, Jo Siffert, Mario Andretti, Denny Hulme, Jacky Ickx, Jim Hall, Phil Hill, Jackie Oliver, Peter Revson e Gilles Villeneuve... 
Além das equipes que eram o topo do automobilismo mundial na época, como McLaren, Lola, BRM, Porsche e Shadow, dá para imaginar como era o nível e o show das corridas!
Como já citamos, o regulamento tinha poucas restrições e com isso a categoria sempre esteve na vanguarda na inovação e tecnologia. Podemos citar os exemplos como os carros da equipe Chaparral, responsáveis por grandes inovações aerodinâmicas e do conceito de efeito solo, ou da Porsche com o primeiro motor “turbo” realmente confiável. 
Após o domínio inicial da Lola, em 1966, os carros da McLaren começaram a fazer história a partir do modelo M1A com Bruce McLaren e Chris Amon. Em 1967 a equipe McLaren lançou o M6A e perpetuou a cor laranja como característica única da equipe, este modelo trazia entre outras inovações o monocoque de alumínio e motores Chevrolet “small block”. 
O domínio da equipe Mclaren persistiu até 1970, mesmo após Bruce McLaren perder a vida a bordo de um M8D durante um teste em Goodwood em 02 de junho de 1970, esse período de dominação ficou conhecido como "Bruce e Denny Show!”.
Porém, tudo isso mudou com a aparição dos Porsche 917 derivado dos modelos que competiam, e arrasavam, em Le Mans. Os Alemães tornaram-se praticamente imbatíveis, para ter uma ideia no campeonato de 1973 o piloto Mark Donohue com um 917/30 fez a pole nas 8 etapas do campeonato, sendo campeão após conseguir 6 vitórias. 
Os campeões da era de "ouro" da CAN-AM
Após a retirada da Porsche no final de 1973, a equipe Shadow dominou a última temporada antes da categoria desaparecer na sua forma tradicional em 1974. 
Infelizmente, a categoria também foi vítima da crise do petróleo e da recessão na América do Norte do começo dos anos 1970. Com custos cada vez mais altos e menor apoio das fábricas e patrocinadores, a última corrida programada para a temporada de 1974 nem chegou a ser acontecer. 😟
Uma nova série CAN-AM revista foi lançada em 1977, desta vez baseada nas regras da Fórmula A/5000 com construtores como Lola, March e vários outros menores. Para ampliar o apelo também foi criada uma classe com motores 2.000 cm3. 
A “nova” série atingiu seu ápice no início dos anos 80, mas foi perdendo espaço para os IMSA GTP e categorias de fórmula como a CART Indycar, por fim acabou sendo incorporada pela IMSA em 1980.
O nome “CAN-AM” reapareceu em 1998 após uma dissidência da IMSA, o “Road Racing Campionship USA” lançou uma nova categoria de protótipos e apesar do mesmo nome não havia nada semelhante, nem mesmo o espírito desafiador, com isso a série desapareceu definitivamente em 1999.
Olhando os vídeos abaixo dá para ter um gostinho do que era uma corrida de CAN-AM.




ANO PILOTO   EQUIPE    CARRO
1966 John Surtees Team Surtees Lola T70-Chevrolet
1967 Bruce McLaren Bruce McLaren Motor Racing McLaren M6A-Chevrolet
1968 Denny Hulme Bruce McLaren Motor Racing McLaren M8A-Chevrolet
1969 Bruce McLaren Bruce McLaren Motor Racing McLaren M8B-Chevrolet
1970 Denny Hulme Bruce McLaren Motor Racing McLaren M8D-Chevrolet
1971 Peter Revson Bruce McLaren Motor Racing McLaren M8F-Chevrolet
1972 George Follmer Penske Racing Porsche 917/10
1973Mark Donohue Penske Racing Porsche 917/30KL
1974 Jackie Oliver Shadow Racing Cars Shadow DN4A-Chevrolet
1975 Não houve campeonato
1976 Não houve campeonato
1977 Patrick Tambay Haas-Hall Racing Lola T333CS-Chevrolet
1978 Alan Jones Haas-Hall Racing Lola T333CS-Chevrolet
1979 Jacky Ickx Haas-Hall Racing Lola T333CS-Chevrolet
1980 Patrick Tambay Haas-Hall Racing Lola T530-Chevrolet
1981 Geoff Brabham Team VDS Lola T530-Chevrolet/VDS 001-Chevr.
1982 Al Unser Jr. Galles Racing Frissbee GR3-Chevrolet
1983 Jacques Villeneuve Canadian Tire Frissbee GR3-Chevrolet
1984 Michael Roe Norwood/Walker VDS 002-Chevrolet/VDS 004-Chevr.
1985 Rick Miaskiewicz Mosquito Autosport Frissbee GR3-Chevrolet
1986 Horst Kroll Kroll Racing Frissbee KR3-Chevrolet
1987 Bill Tempero Texas American Racing Team March 85C-Chevrolet
CLASSE 2 Litros
ANO PILOTO   EQUIPE    CARRO
1979 Tim Evans Diversified Eng. Services Lola T290-Ford
1980 Gary Gove Pete Lovely VW Ralt RT2-Hart
1981 Jim Trueman TrueSports Ralt RT2-Hart
1982 Bertil Roos Elite Racing Marquey CA82-Hart
1983 Bertil Roos Roos Racing School Scandia B3-Hart
1984 Kim Campbell Tom Mitchell Racing March 832-BMW
1985 Lou Sell Sell Racing March 832-BMW 

03/04/2015

Playlist Route 66 - Highway to Hell

Mais uma dica para a nossa playlist da Rota 66. Essa música também é uma reverência ao grande Brian Johnson, que além de vocal leader do AC/DC é um grande entusiasta e colecionador de carros.

Se não conseguir visualizar, clique aqui.

Living easy, livin' free
Season ticket, on a one way ride
Asking nothing, leave me be
Taking everything in my stride

Don't need reason, don't need rhyme
Ain't nothin' that I’d rather do
Going down, party time
My friends are gonna be there too

I'm on the highway to hell
On the highway to hell
Highway to hell
I'm on the highway to hell

No stop signs, speed limit
Nobody's gonna slow me down
Like a wheel, gonna spin it
Nobody's gonna mess me 'round

Hey, Satan!
Payin' my dues
Playin' in a rockin' band
Hey mama! Look at me
I'm on my way to the promise land

I'm on the highway to hell
Highway to hell
I'm on the highway to hell
Highway to hell

Don't stop me!

I'm on the highway to hell

I'm on the highway
I'm on the (highway to hell)

I'm on the highway to hell (highway to hell)

Yeah I'm going down anyway
I'm on the highway to hell

Hot Wheels

(Este post também é uma homenagem ao amigo e colecionador Milton Piratello) Foi no ano de 1968 que um cara chamado Elliot Handler, co-fundador da empresa de brinquedos Mattel, decidiu que a sua empresa faria uma linha de miniatura de carros, os chamados “die-cast” ou "carrinhos de ferro" no Brasil. A ideia não era original, pois na verdade a Mattel queria tomar uma parte do enorme mercado de miniaturas que a empresa britânica Lesney Products, com seus carrinhos “Matchbox”, havia desenvolvido e dominava na Europa e nos Estados Unidos.
No inicio não houve grande empolgação interna na Mattel, mas o sucesso foi imediato. No primeiro ano foram lançados dezesseis “castings”, a maioria desenhada por Harry Bentley Bradley, o primeiro modelo produzido foi um Camaro personalizado azul escuro.
Bradley era engenheiro de formação e com carreira na indústria automobilística, mas não se apegou a colocar em seus carrinhos apenas aspectos funcionais, também houve reproduções de carros conceitos como o “Dodge Deora”, que era um carro conceito real construído por Mike e Larry Alexander. Para se destacar da concorrência e mesmo sendo "apenas" brinquedos, foram introduzidas diversas novidades como a pintura "Spectraflame", rolamentos, rodas “redline” e suspensão funcional.

Os primeiros anos da "Hot Wheels" são conhecidos como “Redline” porque causa da linha vermelha gravada nos pneus, esta fase durou até 1977. Também foram lançados diversos conjuntos de pistas de plástico, com disparadores movidos por elástico ou pilhas, que foram um enorme sucesso. Não era a toa, pois alguns carrinhos chegavam a 200 MPH!

A combinação de velocidade, pintura caprichada, estilos e temas ligados ao gosto americano transformaram a linha “Hot Wheels” em fenômenos de mercado.

DEORA
Em 1969, Harry Bentley Bradley decidiu voltar para a indústria automobilística e recomendou o amigo Ira Gilford como seu sucessor. Gilford também era engenheiro e atuava na Chrysler, ele projetou alguns dos maiores sucessos de todos os tempos como o “Twin Mill”, ”Splittin”, "Torero” que fizeram parte da série "Show & Go". Alguns destes modelos viraram carros ou showcars em tamanho natural.

Podemos dizer que o início da década de 1970 foram as melhores, em termos de projetos. Projetistas do calibre de Howard Rees, Larry Wood e Paul Tam criaram dezenas de modelos de sucesso, juntando modelos futuristas, modelos próximos de carros reais e muita imaginação com carros customizados. Mas, a crise econômica de 1972 e 1973 também atingiu em cheio as vendas e poucas novidades foram lançadas. Em 1974 apareceram os primeiros modelos com decalques, o que foi uma inovação para a indústria. Em 1975, a Hot Wheels lançou os seus primeiros modelos de motocicletas.

TWIN MILL
A década de 1980 marcou diversas mudanças nos processos produtivos visando ganhos de escala e custos, nada diferente das outras empresas do mundo, foi nesta época que a Mattel reforçou parcerias com empresas de sucesso, como o McDonald´s, para lançar modelos temáticos, em 1985 a Hot Wheels apareceu pela primeira vez nas caixas de cereais da Kellogg.

Já a década de 1990 marcou o lançamento de modelos de helicópteros, em 1999 a "Hot Wheels"
assinou um acordo de licenciamento com cinco equipes de Fórmula 1 para a fabricação de seus modelos em escala. Uma nova geração de designers como Eric Tscherne, Fraser Campbell, Alec Tam (filho do ex-designer Paul Tam) entraram para o time da Mattel, alguns estão na ativa até hoje. Em 1993 a Hot Wheels celebrou o seu 35º aniversário lançando filmes e animações, também foi inaugurado o “Hot Wheels Hall of Fame” no Museu Automotivo Petersen, em Los Angeles, Califórnia. Para marcar a data a lenda Chip Foose construiu um modelo em tamanho 1/1 chamado de Deora II, tendo como inspiração o Deora.

DEORA II
Em 2005 a "Hot Wheels" lançou um segundo filme de animação chamado “Hot Wheels Acceleracers”, fez muito sucesso entre a criançada e impulsionou as vendas. Todas as linhas e pistas citadas na série viraram brinquedos de verdade, o que tornou-se uma nova tendência nos lançamentos da marca desde então.
2008 foi o ano do 40º aniversário e para comemorar uma série de promoções e produtos foram lançados e mostrados no Sema Show, em Las Vegas, Nevada. O ano seguinte marcou a aposentadoria do chefe de design Larry Wood, após 40 anos de Hot Wheels. Atualmente Larry ainda presta consultorias eventuais.
Os modelos antigos tornaram-se objeto de desejo valioso para colecionadores, soube-se que na última década um dos únicos dois exemplares do “The Bomb Rear-Loader Beach” foi vendido por um preço acima de US$70.000,00 para um colecionador.
Carros com janelas pequenas, rodas grandes e perfil baixo são tendências atuais no design automotivo, mas o fato é que "Hot Wheels" faz isso desde 1968! Quem será que influência quem?
Me deu saudade e vou ver os meus carrinhos, companheiros de mais de 40 anos de brincadeiras e que hoje pertencem aos meus filhos.
Mas, confesso, a maioria dos meus carrinhos eram Matchbox...