30/03/2014

Seu carro tem prazo de validade?

Poucos sabem que um carro ou moto pode estragar mais fácil por falta de uso do que por andar. Esta lógica vale para máquinas de qualquer idade, ou seja, algumas peças e componentes vão envelhecer e precisam serem trocadas, mesmo abaixo da quilometragem de utilização.
Não vou abordar limites e especificações técnicas, isso varia muito de fabricante e condições de uso, vamos nos ater apenas ao fator "tempo";
ÓLEO DE MOTOR; Cada tipo de óleo tem uma especificação distinta e junto com as condições de uso (tráfico pesado, estradas de terra, temperatura externa) teremos a quantidade de quilômetros que você poderá rodar entre uma troca e outra. Normalmente as trocas são indicadas para serem feitas entre 5 mil e 10 mil quilômetros rodados. 
Até ai tudo bem, mas fique atento para trocar o óleo anualmente mesmo que a quilometragem indicada não for atingida. Isso é necessário porque ocorreram reações químicas internas no motor devido o contato do óleo com combustível, constantes variações de temperatura e resíduos de outras trocas de óleo de características diferentes.  
Estas reações ao longo do tempo podem afetar características lubrificantes do óleo, o que acelera o desgaste das partes internas do motor.  Principalmente nos carros antigos que costumar sair das garagens com menor frequência.
PNEUS; A calibragem precisa ser verificada semanalmente, rodando fora da calibragem correta o consumo aumenta, a durabilidade do pneu diminui e pode comprometer a segurança.
Fora isso os pneus tem validade de 5 anos, a contar da data de fabricação marcada na lateral do mesmo. Além deste tempo os pneus ficam sujeitos a problemas estruturais, fique de olho nas deformações e rachaduras. Para quem tem carro antigo essa é uma péssima notícia porque pneus são um dos maiores custos para se manter um antigo.
FLUÍDO DE FREIO; Além das verificações a cada 10 mil quilômetros, o líquido absorve umidade, por isso é recomendável esgotar todo o sistema e trocar a cada 2 anos (alguns mais precavidos citam trocar anualmente).
FILTRO DE AR CONDICIONADO; Não precisa de muita discussão, com tanta poluição troque o filtro anualmente, mesmo que o sistema seja pouco utilizado. Importante também ligar o sistema semanalmente (por uns 20 minutos) para evitar a proliferação de ácaros e outras substâncias devido a umidade e poeira acumulada no sistema. 
EXTINTOR DE INCÊNDIO; Claro que a torcida é para não ser necessário utiliza-lo, mas mesmo que estiver no prazo de validade troque anualmente. O custo x benefício da certeza que o extintor funcionará "se" for necessário é imensurável.
PALHETA DO LIMPADOR; A borracha das palhetas sofrem pelo contato com poluição, óleo e partículas de poeira, principalmente quando são acionadas com o vidro pouco molhado. Para evitar problemas e proteger o vidro troque anualmente, mesmo que você more em um lugar que chova pouco tipo nordeste ou Abu Dhabi.
ROLAMENTOS; Além da quilometragem especificada pelos fabricantes, existem teorias que os mesmos não devem ser estocados por mais de 5 anos antes de serem instalados. A explicação está no óleo que reveste a peça e com o tempo vai perdendo suas características, possibilitando oxidação ou comprometimento de componentes de borracha, tipo juntas.
ADITIVO DO RADIADOR; Normalmente os aditivos são à base de monoetilenoglicol, este componente aumenta o ponto de ebulição da água e ajuda a manter a temperatura ideal do sistema. Com o passar do tempo o líquido perde eficiência e recomenda-se trocar a cada 30 mil km ou anualmente, o que acontecer primeiro.
LÂMPADAS DE FARÓIS; A recomendação dos fabricantes é para trocar a cada 2 anos, assim é garantido o mesmo poder de iluminação. A queda de eficiência ocorre porque o bulbo de vidro vai escurecendo as suas paredes e impedindo a passagem da luz.
CORREIA DENTADA; Se a quilometragem indicada pelo fabricante não for excedida, dizem ser prudente trocar a cada 4 anos porque a borracha pode começar a ressacar e comprometer a resistência. Não consegui achar nada comprovando esta regra, mas considerando o custo x beneficio da troca versus arrumar os estragos que uma quebra de correia provoca, acho prudente seguir este conselho.
BATERIA; Vou tratar em post a parte, em breve, este é um grande problema para quem tem carro antigo.
Outras peças como filtros de ar, filtros de combustível e peças de borracha também estão sujeitos a estragarem por falta de uso. Não existe uma regra definitiva para cada caso, o tempo de inutilização, o tipo da peça, a qualidade do fabricante e, principalmente, a forma como o carro é mantido parado afetam a vida útil. 
O fato é que muitas vezes você "guarda" o carro em ordem e depois de poucos quilômetros rodados, mas muitos meses parado, aparecem surpresas como vazamentos, panes e novas idas ao mecânico.
Vale ficar atento para que coisas desta natureza não estrague o seu passeio em uma manhã ensolarada de domingo, mas para tem carro antigo isso é fichinha, faz parte do show...

23/03/2014

Belle Tanks Streamliners

No início o movimento, fabricar um Hot Rod era na base da tentativa e erro, era assim que o "rodders" descobriam o que fazer para seus carros serem mais rápidos, o desafio ficava ainda mais complicado por causa das finanças e recursos limitados, afinal, eram tempos pós-depressão econômica e também se recuperar da Segunda Guerra Mundial. 
O irônico disso tudo foi que, em vez de enfraquecer, estas dificuldades foram os principais fatores para fortalecer e elevar o padrão do movimento Hot Rod, afinal, se você não pode pagar por alguma coisa, então tente você mesmo fazer (boa lição para nós brasileiros)!
Na busca de sempre serem mais rápidos, os entusiastas foram experimentando e improvisando com os recursos que tinham em mãos, o resultado e sucesso eram determinados apenas pela capacidade criativa de cada um (por minha conta, eu coloco aqui também o nível da paixão😏). 
Foi neste contexto de “fazer o máximo tirando proveito do pouco que se tem em mãos” que um rodder chamado Bill Burke introduziu uma das coisas incríveis do mundo Hot Rod; os “Belle Tanks Streamliners”.
Na verdade 
Burke já construía “streamliners” para correr nos lagos secos do sul da Califórnia na década de 1930 e início dos anos 40, como outros milhares de jovens americanos ele respondeu ao chamado do Tio Sam e entrou nas forças armadas na segunda guerra mundial, indo servir no Pacífico em um PT Boat.
Quando Burke estava em Guadalcanal, ele notou alguns tanques auxiliares de combustível de P-51 Mustang que estavam sendo descarregados de um navio cargueiro, estes tanques eram alojados na barriga dos aviões e tinham forma de lágrima, projetados para serem leves e aerodinâmicos em velocidades muito altas. 
Burke mediu um deles e percebeu que era possível usar um desses tanques para fazer... um carro!
Após o final da guerra Burke voltou para o sul da Califórnia e levou a sua ideia adiante, havia farta oferta destes  tanques e podiam ser comprados como espólio de guerra por US$ 35,00 cada um, ou seja, apenas uma fração do custo de projetar e construir uma carroceria do zero. 
O primeiro "carro" de Burke neste conceito foi feito em 1946 a partir de um tanque de um P-51 Mustang, o carro era alimentado por um motor Mercury V8 e atingiu uma velocidade de 131,96 MPH 😱. 
No ano seguinte ele finalizou um novo carro, mas desta vez feito a partir do tanque da asa de um P-38 Lightning de 315 litros, este projeto já contava com algumas evoluções como o piloto na frente e o motor na parte traseira, assim tudo se encaixava no interior do tanque, exceto as rodas e um pequeno para-brisa do piloto.
A ideia acabou sendo comprada por muitos outros rodders, um dos mais conhecidos e bem sucedidos pilotos de Belle Tanks foi Alex Xydias, proprietário da  loja e equipe “So-Cal Speed Shop”.
Os projetos de Alex seguiam mais ou menos a linha de Burke, exceto que ele tinha uma bolha (canopy) no estilo aeronáutico e era alimentado por um motor Ford V8 de 156 polegadas Flathead.
Na semana da velocidade de Bonneville em 1951, a equipe de So-Cal estabeleceu um novo recorde para a sua classe atingindo uma média de 145,395 MPH. 
Dizem que no mesmo dia a equipe So-Cal levou o carro de volta para seu motel e ali mesmo, no estacionamento, trocou o motor por um Mercury Flathead de 259 polegadas cúbicas, colocaram o carro em uma classe maior e estabeleceram o recorde dessa classe, atingindo incríveis 181,085 MPH.  
Esse é o espírito Hot Rod! 😛😛
Ainda não estavam satisfeitos, eles trocaram novamente o motor 259 por outro ainda maior, um Mercury de 296 polegadas cúbicas e chegaram a 198,340 MPH em uma volta unidirecional e 195,77 MPH na média de duas passagens.
Porém a festa da Sol-Cal durou pouco, no dia seguinte o recorde foi superado por Mal Hoopster correndo com um HEMI Chrysler (óbvio que tem MOPAR na história!) chegando a uma média de 197,88 MPH. 
É bom lembrar que a marca de 198,340 MPH da So-Cal ainda é a mais rápida passagem para motores sem superalimentação (blower, turbo, etc) em Bonneville
Se você não é tão acostumado ao que estas marcas significam, considere que no mesmo ano de 1952 o piloto Troy Ruttman venceu a Indy 500 com uma velocidade média de "apenas" 128,92 mph.
Uau!!! Esse pessoal conseguiram ser mais rápidos do que o vencedor da Indy 500 da mesma época, isso tudo sentados em um tanque de combustível de barriga de avião, comprado em um feirão de sucata e utilizando motores projetados antes da segunda guerra mundial... 
Ah, e tudo isso sem patrocinadores!!!
É por isso que, como dizem por ai: EU AMO MUITO TUDO ISSO!

18/03/2014

Comparação do barulho da F1 2013 vs 2014 (Melbourne)

Titio Bernie Ecclestone costuma falar coisas sem sentido, mas desta vez ele está certo;
O barulho da F1 está esquisito demais!  


16/03/2014

A Fábrica que tinha uma pista de testes no telhado!

(Eu já tinha lido algo sobre esta história, mas sinceramente já não me lembrava mais.  Ainda bem que o JORIS MORELLI mandou esta dica, o crédito deste post é exclusivo do Joris, grande amigo e brilhante engenheiro mecânico).

Você sabia que uma das fábricas da FIAT na Itália tinha uma PISTA DE TESTES NO TELHADO?
Toda vez que ouço ou leio a expressão “curva parabólica”, logo me vem à mente o antigo traçado de Monza e sua famosa curva inclinada (se não entenderam assistam ao filme “Grand Prix” de 1969, o melhor filme sobre automobilismo feito até hoje, fica a dica).
Quando a Primeira Guerra Mundial acabou a Fiat retomou a fabricação de automóveis e na época detinha 80% do mercado da Itália, a década de 20 chegava com ambiciosos planos de crescimento.
Para isso a Fiat encomendou ao engenheiro Giacomo Mattè-Trucco o projeto de uma nova fábrica que se tornaria o símbolo da indústria italiana e a maior fábrica de automóveis do mundo na cidade de Lingotto. Entre as novidades: uma linha de produção ascendente e uma pista de testes no telhado do prédio!
A obra ficou pronta em 1923 e tinha cinco andares e uma pista de testes em seu teto, com duas curvas parabólicas que ocupava um espaço de 494 metros de comprimento por 85 metros de largura. As curvas da pista foram construídas com uma complexa série de estruturas de concreto, uma técnica que não havia sido utilizada anteriormente, muito menos em uma pista no sexto andar de um prédio...
Esta pista não foi feita por acaso ou por mera extravagância italiana. Ela realmente era parte, na verdade a última etapa, do processo de fabricação dos carros.  
Como a fábrica de Lingotto tinha uma linha de produção em espiral ascendente, em cada andar era feita uma etapa da fabricação, fazendo com que o carro subisse aos poucos pelo prédio.
O que iniciava como punhado de peças e componentes nos andares inferiores chegava ao topo do prédio como um automóvel completo, pronto para ganhar as ruas.  Quando um Fiat terminava seu percurso fabril pelos 1.500.000 m² de Lingotto, ele saia do prédio por uma rampa de acesso ao teto. 
Cada carro percorria então a pista para garantir que o pessoal nos pisos inferiores havia feito seu trabalho corretamente. Assim que aprovado, o carro descia direto para o térreo por uma das duas rampas espirais que saem da pista. A pista de testes se tornou tão famosa quanto a fábrica abaixo dela. Ela até apareceu no filme Um Golpe à Italiana (The Italian Job – 1969, o original e não a refilmagem com a Charlize Theron). Durante a famosa cena de fuga, os três Mini Cooper usados pelos ladrões ficam lado a lado em uma das parabólicas, com o policial em sua cola. 
Se você tem um Fiat italiano produzido entre 1923 e a década de 1970 é provável que ele tenha percorrido seus primeiros quilômetros no último andar de Lingotto. A fábrica foi responsável por boa parte da produção da Fiat desde sua inauguração até a década de 1970, quando suas linhas de produção já estavam defasadas em relação às novas técnicas de fabricação.
A fábrica foi fechada oficialmente em 1982, o último carro a deixar a linha foi um Lancia Delta. Felizmente, pelo menos desta vez, a fúria do capitalismo poupou este prédio e marco da indústria automobilística mundial, após o fechamento da fábrica o prédio foi reformado para ser um gigantesco espaço comercial. 
Seus andares são ocupados agora por um shopping center, um teatro, um centro de convenções e um hotel. A pista no teto permanece intacta e é uma atração turística — você pode alugar um carro e subir os seis andares e dar uma volta pelas retas da pista. 
Demais não?

09/03/2014

Dean Moon

Um dos maiores ícones e “Hot Rodders” da história! Esta afirmação é pouco resumir quem foi Dean Moon. 
Dean nasceu em 01 de maio de 1927 em New Richland, Minnesota, seu pai Dallas Moon foi jogador profissional de beisebol e levou a família para viver em Norwalk no sul da Califórnia durante a Grande depressão, após se estabelecerem abriram um café, Moon´s Café, em Santa Fé Springs. 
Dean foi mecânico, construiu e correu com seus carros nos lagos secos como El Mirage e Bonneville Salt Flats.
Desde cedo, Dean se dedicou em desenvolver peças inovadoras para melhorar o desempenho, qualidade e a segurança das corridas, mas também soube aliar suas paixões com um apurado senso de negócios, foi assim que em 1950 com apenas 23 anos fundou a MOON Equipments (http://www.mooneyes.com/), uma empresa que se tornou ícone do mundo Hot Rod até os dias atuais.
Naquela época pioneira a maioria dos “hot rodders” utilizava modelos Ford T, mas Moon começou com um Austin, que tinha fama de problemático por estourar bielas, ele conseguiu resolver estes problemas e acabou atraindo muitos clientes.
Logo depois desenvolveu suas primeiras peças “hop up”, um bloco de motor projetado para equalizar a pressão do combustível de vários carburadores, em seguida surgiram outros produtos como discos de roda de alumínio, tanques de gasolina de alumínio e o inconfundível pedal do acelerador em forma de pé.
Além de inovação e qualidade, Moon trouxe carisma para as corridas de arrancada, seus carros eram rápidos e sempre utilizavam a assinatura visual Mooneyes, de cor amarela chamativa e muita cromagens.
Em 1960, a Mooneyes incorporou a fabricante de ignições e eixos de comando POTVIN, do seu amigo Chuck Potvin. Dois anos depois, em 1962, a Mooneyes mudou sua sede para Santa Fe Springs, na Califórnia, onde operam até hoje.
Os primeiros AC Shelby Cobra lançados nos Estados Unidos, em fevereiro de 1962, por Carroll Shelby foram equipados com um motor Ford V8, mas a transmissão era projeto de Dean Moon.
Moon também teve participação em um carro inesquecível para muitos, foi que adaptou o motor Ford 429 de corrida para o carro conceito Lincoln Futura, que se tornou o famoso Batmóvel usado na série de televisão Batman e Robin (o carro foi criação de George Barris e assunto para outro post futuro!)..
Em 1963, Moon foi um dos fundadores e o segundo presidente da SEMA, organização que atualmente é responsável pela maior feira do mundo dedicada aos negócios de Hot Rods, Customização e  equipamentos de performance, que ocorre anualmente em Las Vegas.
A Moon Equipments teve uma paralisação em suas atividades, após a morte de Dean em 4 de junho de 1987, mas no início da década de 1990 um amigo próximo de Dean e representante da marca Mooneyes no Japão, Shige Suganuma, reiniciou as atividades da empresa, dando continuidade a tradição e legado da marca.
Os novos proprietários mantiveram a Mooneyes EUA em seu mesmo local, em Santa Fe Springs, muitos produtos das linhas originais da Mooneyes são fabricados ainda hoje e são muito procurados por restauradores e fabricantes de antigos Hot Rods.
Definitivamente, o logotipo "Mooneyes" é parte da história!!