19/05/2014

Cafe Racer

Escolha a melhor definição; Categoria de motos, estilo de customização, estilo de vida, movimento social, tribo...
Enfim, o "Café Racer" é um tema tão interessante e diversificado que você pode escolher a melhor forma de viver essa experiência, mesmo que você não seja do mundo das duas rodas.
Para começar, é importante entender o contexto social na Inglaterra do início da década de 1950, quando começou este movimento.
A sociedade daqueles dias estava muito mais conservadora, talvez ainda se ressentindo dos efeitos da segunda guerra mundial. Existia quase que um "boicote" contra mudanças de valores tradicionais e aceitação aos novos comportamentos, tais como novas formas de se vestir e novos gêneros de música (entre eles um tal de "rock and roll") que faziam a cabeça dos jovens ingleses da época.
Estes jovens também sentiam falta de opções de diversão para fugir da mesmice, então ao poucos, muitos jovens, ou "rockers", começaram a se encontrar em locais longe de vigilância, os preferidos passaram a ser os cafés (aqui tem um bom papo disso) que ficavam na beira das estradas. 
Estes lugares atendiam principalmente caminhoneiros, mas eram perfeitos para os jovens se encontrarem, porque eram um pouco mais afastados e menos controlados pela polícia, pais, etc.
Os "rockers" se reuniam para conversar, beber, paquerar e ouvir sua música preferida tocadas nas famosas Jukebox, logo esses cafés tornaram-se pontos de encontro regular para diferentes grupos. 
As condições econômicas da época complicavam o sonho de ter um carro, então as motos que eram mais baratas e tinham farta oferta viraram preferência da juventude.
Nestas reuniões muitos jovens adoravam exibir suas motocicletas e habilidades e, porque não, apostar corridas entre si e com outros grupos rivais.

As corridas normalmente não tinham um percurso definido, as disputam aconteciam meio de improvido nas estradas, indo de um café para o outro. Desta forma que estes corredores passaram a ser conhecidos como CAFÉ RACERS.
As tais corridas aconteciam entre motocicletas de média cilindrada, mais ágeis e baratas, e os modelos mais comuns eram as marcas europeias Triumph (que tinha o melhor motor), Norton (que oferecia a melhor ciclística) e as BSA, que hoje são consideradas as Cafe Racers por excelência. 
Não haviam regras para preparar as motos e poucos tinham recursos para tal, então muitas vezes inclusive eram montadas combinações curiosas;
TRITON: Era uma combinação de um quadro da Norton Featherbed e o motor da Triumph Bonneville.
TRIBSA: A uma receita para aqueles com menos dinheiro, usada o motor Triumph em um quadro BSA.
NORVIN: Utilizava um motor de Vincent V-Twin em um quadro Norton Featherbed.
O sonho dos rockers era modificar os motores para aumentar a potência, mas muitas vezes só levemente porque os recursos eram mesmo escassos, então o foco se voltava a eliminar peso e o que fosse supérfluo. Tudo o que pudesse ser modificado para ganhar velocidade ao invés de conforto era feito; guidões rebaixados, redução de peso tirando para-lama, espelho, cromados, etc. 
Essas receitas de modificações foram as responsáveis por criar o típico e inconfundível estilo destas motos.
O movimento passou pelas décadas de 1950 e 1960 e foi se transformando, outras marcas começaram a ser utilizadas como base de café racers, tais como as italianas Benelli e as alemãs BMW. 
Em meados da década de 1970 as marcas europeias deixaram de ser unanimidade, com a invasão das marcas japonesas que já tinham ultrapassado as britânicas no mercado, virou prática comum utilizar chassis ou motores de três cilindros Kaewasaki e quatro cilindros Honda.
Nos dias de hoje a sociedade mudou muito e, como tal, o movimento “café racer” tornou-se mais um exercício de estilo e não uma forma de viver a vida. Mesmo assim, ainda existem vários clubes e clãs de Rockers e de apreciadores das Cafe Racers na Europa e nos Estados Unidos, mantendo viva a chama original dos jovens de 1950.
Sites para maiores informações; Ace-cafe-londonPipeburn e Cafe Racer Magazine.

04/05/2014

Senna (1994 - 2014)


Pessoas próximas me questionaram se este Blog não escreveria nada sobre os 20 anos da morte de Ayrton Senna, principalmente porque eu sempre fui um fã entusiasmado do PILOTO Ayrton Senna.
Confesso que ainda estou bastante exitante, mas decidi não deixar esta data passar em branco!
Em nossa sociedade tudo sempre tem que variar entre ser um Deus total ou ser um NADA completo. É impressionante como nós brasileiros sempre estamos nos apegando a algo ou alguém sensacional, acima de tudo, superior, ou, então, nada presta e não tem valor.
E é isso que me incomoda em torno de tudo o que se lê, vê e ouve sobre Ayrton Senna.
A impressa brasileira escrita, falada, televisionada e internetada é a principal responsável por este fenômeno, em especial a Rede Globo que mostra o caminho (na minha opinião errado) e faz todas virem atrás disputando o seu quinhão de audiência.
No final não adianta por a culpa na imprensa, a imprensa não faz nada que não leve a audiência e faz o que está na direção do que a sociedade espera. Se a sociedade não tem auto-crítica suficiente para mudar este estado de coisas, então não pode mesmo ser levada a sério.
Bem, como este não é um blog político ou de sociologia, voltamos a falar de Ayrton Senna.
Senna sempre estará em qualquer lista dos maiores, se ele é ou não o maior é uma discussão inútil, porque já começa considerando apenas os que tiveram sucesso na F1.
O que dizer de pilotos como Giacomo Agostini, Sebastien Loeb, Valentino Rossi, Richard Petty e tantos outros?
Todo aquele que tem coragem de dominar uma máquina (com 4 rodas, 2 rodas, casco ou asas) merece ser chamado de piloto e se teve sucesso entre os seus pares merece ser aclamado, se é ou não o maior de todos, isso é coisa para uma audiência carente e para vender audiência.
Senna foi GIGANTE, ponto. Para mostrar o que eu penso coloco um especial do TOP GEAR da BBC (a imprensa Inglesa talvez seja a mais séria) que demonstra exatamente o que eu acho de Ayrton Senna da Silva.  
Vejam lá e comentem aqui...

TOP GEAR (Parte 1/2)  

TOP GEAR (Parte 2/2 com Lewis Hamilton)

01/05/2014

Sturgis Motorcycle Rally

(O primeiro post sobre motos neste blog, só podia ser sobre Sturgis)
Sturgis é uma pequena cidade localizada no estado de Dakota do Sul nos EUA, tem uma área de apenas 10,33 km² e população (em épocas normais) de aproximadamente 7.000 habitantes. 
Então, o que faz esta cidade comum tão especial e diferente?
A resposta começa em 1936 quando um cara chamado J. Clarence "Pappy" Hoel (30/05/1904 – 01/02/1989) comprou uma loja da marca Indian em Sturgis e formou o moto clube "Jackpine Gypsies" no mesmo ano.  Em 14 de agosto de 1938 o moto clube organizou um evento chamado de "Black Hills Classic", foi uma corrida simples com apenas nove participantes e uma pequena plateia.
O evento foi repetindo-se anualmente, com exceções durante a II Guerra Mundial. Por exemplo, em 1942 o evento não foi realizado devido ao racionamento de gasolina, o foco originalmente eram corridas e acrobacias em motocicletas. Em 1961, o rali foi expandido com eventos de subida de montanha e motocross.
O “Sturgis Motorcycle Rally” começou com um pequeno grupo de pilotos e transformou-se no maior encontro de motocicletas do mundo, competindo em grandeza apenas com o “Daytona Bike Week” na Florida.
Em 1960, o rali teve apenas 800 pessoas e em 1970 já eram mais de 2.000, no ano de 2000 cerca de 550 mil pessoas participantes (recorde até então).
Hoje em dia além das competições, ocorrem diversos shows de artistas famosos, passeios de moto, vendas de motos e antiguidade, mas é criada uma incrível atmosfera que acaba sendo a atração principal, onde as pessoas mostram suas excentricidades e ocorrem muitos concursos e desfiles para as mulheres (fotos não liberadas neste blog, mas você pode pesquisar no Google e matar a curiosidade).
Em 1975 o evento passou a ocorrer em sete dias, geralmente no mês de agosto, é um enorme sucesso financeiro sendo responsável por grande impacto no turismo do estado, estima-se que traga mais de US$800 milhões para Dakota do Sul anualmente. Em 2011 a cidade de Sturgis ganhou quase US$270.000,00 apenas com a venda de guias de eventos e patrocínios.
Porém, tanta “animação” também tem o seu lado negativo, em 2004 ocorreram 405 detenções e estimou-se um prejuízo no valor de US$250 mil dólares em motocicletas roubadas, as seguradoras adoraram! 
Na verdade, atualmente, muitos participantes do Rally Sturgis vão com suas famílias em trailers para os campings nas redondezas da cidade, deixando para montar em suas motos apenas nos últimos quilômetros e entrando na cidade fazendo cara de mal.😠
Outra curiosidade é que estima-se que menos da metade dos participantes realmente vai de moto para o evento, muitas empresas criaram serviços para transportar as milhares de motocicletas para Sturgis enquanto os seus donos chegam por via aérea (wtf?!?!).
Nada disso, porém, diminui o grande barato que deve ser participar de um evento destes, certamente é um item que está na minha lista “N coisas a fazer antes de morrer”!!.

21/04/2014

Pensadores - James Hunt

(Post só com frases de James Hunt, o maior "bon vivant" da F1 de todos os tempos)

"O problema com o Jarier é que ele é um francês idiota, e sempre será!"
Mostrando carinho por Jean Pierre Jarier em 1979.

''Oi, Depailler! Onde você conseguiu a sua superlicença? Em um pacote de batata frita?''
Depois de Patrick Depailler na Tyrrell o jogou no muro, Long Beach em 1978.

''Eu não me preocuparia com o rosto de Niki, ele já era feio!''
Sendo delicado após acidente de Lauda na Alemanha em 1976.

"Quando eu corri contra Reutemann ele pensou que eu era louco e eu nunca tentei provar o contrário."

"Nove pontos, 25 mil dólares e muita felicidade",
Após vencer o GP da Grã-Bretanha em 1976 foi perguntado sobre quanto valia vencer na Inglaterra, após responder interrompeu a entrevista para pedir um cigarro a alguém no meio da multidão.

''Piquet não tem nenhuma motivação. Ele só está na F1 para manter seu iate de 45 metros e seu helicóptero à gasolina''
Sobre Nelson Piquet na equipe Lotus em 1989.

"Andrea De Cesaris realmente deveria ser chamado de "De Crasheris". Ele destruiu tantos carros em testes! Ele é uma vergonha para si mesmo, sua equipe e o esporte, talvez ele deveria se aposentar''
Sobre Andrea De Cesaris quando tornou-se comentarista de F1 para a BBC.

"Mansell teve a sorte de não ser retirado por aquele ridículo pedaço de piloto chamado Alliot... o homem que bate em todos os Grand Prix de qualquer maneira!”
Em 1988 comentando um GP, percebe-se que ele era fã do Alliot. Por outros comentários acima, como um bom Inglês, parece que ele não mostrava muito apreço pelos pilotos franceses.

Na foto abaixo está bordado em seu macacão; "Sex: breakfast of champions"
Precisa de tradução?

Hunt morreu em 1993, ele tinha 46 anos e teve um ataque do coração.

18/04/2014

Kenny Howard (Von Dutch)

Mecânico, artista gráfico, pinstriper, cuteleiro (fabricante de facas), armeiro e artista plástico... Esse foi Kenny Howard que também era conhecido como holandês, Von Dutch , JL Bachs, Joe Lunch Box, ou simplesmente um dos criadores do pinstriping moderno e Kustom Kulture.
Kenneth Robert Howard nasceu em 07 de setembro de 1929 em Compton, Califórnia. Seu pai, Wally Howard, foi um pintor em Los Angeles e aos dez anos de idade o jovem Kenny Howard já começou a ajudar o pai, abrindo desta forma o caminho para tornar-se um artista profissional. O apelido Von Dutch, dizem, significava "teimoso como um holandês”.
No início de 1950, Howard começou a ganhar dinheiro fazendo Striping juntamente com um colega chamado Dean Jeffries, rapidamente tornou-se uma grande influência na personalização de veículos, entre seus trabalhos mais famosos temos o “Flying EyeBall” e o caminhão Kenford, além de inúmeras motocicletas e carros personalizados premiados.
Além de ser um artista de múltiplos talentos, Von Dutch também fez vários efeitos especiais para o cinema e foi consultor para filmes de época, porque era um especialista em armas. Em 1958, Von Dutch desenhou e produziu o "Mare's Leg", um rifle Winchester para a série de televisão “Wanted: Dead or Alive”.
Von Dutch foi o primeiro a desenvolver um estilo próprio no Pinstriping chamado de "Dutched", que surgiu meio sem querer enquanto ele trabalhava para George Barris. Dizem que alguns clientes pediam para alterar (ou corrigir) seus carros recém-personalizados, então foi uma maneira fácil de encobrir os defeitos de pintura
Na época as motocicletas eram os únicos veículos onde eram aplicados o PINSTRIPING, mas Von Dutch aplicou a mesma técnica em carros.  
The Flying Eyeball: Existem pelo menos 3 versões para a criação deste logotipo que virou um dos grandes ícones da Kultura Kustom (ao lado do Rat Fink de Ed Roth);
Primeiro, o próprio Von Dutch dizia que começou a desenhar olhos voando com 18 anos de idade, em 1948. A segunda versão é de Dean Jeffries que afirma que Howard inventou a marca em 1951. Segundo Dean, Kenny pintou um terceiro olho na testa, então Jeffries teve a ideia de desenhar um logotipo com um globo ocular e as asas que mais tarde virou marca registrada. Jeffries até hoje possui os direitos autorais, mas nunca se preocupou em fazer disso um negócio e por isso nunca se importou de Kenny continuar usando.  
A terceira versão da história vem da irmã de Von Dutch, Virginia Howard Reyes, ela diz que Ed Roth criou outra versão do "Flying Eyeball” antes da criação de Dean Jeffries. 
Ainda de acordo com a sua irmã a maioria das histórias contadas sobre Von Dutch são apenas histórias, apesar que ele contribuía para perpetua-las porque nunca dava uma resposta direta, Kenny gostava de jogar com as pessoas, mas Virginia defende que ele nunca mentia, pois odiava mentirosos e era muito honesto.
Von Dutch Originals: Von Dutch tornou-se uma lucrativa marca de licenciamento multinacional, provavelmente ele jamais imaginaria o quanto lucrativo seria, ele dizia "... Use qualquer das minhas coisas que você quer, nada é original e tudo está no subconsciente” e finalizava “Direitos autorais e patentes são principalmente uma viagem de ego".
Após a morte de Howard suas filhas venderam o nome Von Dutch para Michael Cassel e Robert Vaughn, a marca de roupa ganhou popularidade nos EUA e no final da década de 90 atraiu a atenção de celebridades como Madonna, Britney Spears, Justin Timberlake e mais tarde Ashton Kutcher e Eric Church. 
Atualmente a sede da marca Von Dutch fica em Los Angeles e tem licenciamentos no Brasil, Filipinas, Tailândia, Hong Kong, Macau, China e Itália.
O Alcoolismo foi um sério problema ao longo da vida de Von Dutch, sendo responsável por grandes problemas médicos. Ele morreu aos 63 anos, em 19 de setembro de 1992, devido a complicações relacionadas com o álcool, deixando duas filhas, Lisa e Lorna. 
Após a sua morte ele foi cremado e suas cinzas espalhadas no Oceano Pacífico....