01/09/2018

What´s your name? Pé de Boi...

Na década de 1960 o governo brasileiro lançou um programa para impulsionar as vendas de carros 0 KM, em especial para classes mais baixas da população. Esta iniciativa lembrava vagamente um programa lançado na Alemanha, nos anos 1930, para criar carros populares e que deu origem a vários modelos econômicos, entre eles o fusca.
Aqui foi criada uma linha especial de financiamento da Caixa Econômica Federal com regras especificas para enquadrar os modelos populares, o pagamento poderia ser em até 48 meses com juro de 1% ao mês. 
Vários fabricantes nacionais aderiram ao programa lançando versões simples dos seus modelos adequados a faixa de preço, a Willys ofereceu o Gordini, a Vemag com versões do DKW e do Simca e a VW veio com um Fusca bem espartano, que ficou popularmente conhecido como "pé de boi" 🐮.
O carro praticamente era motor e pneus, com o mínimo de "supérfluos";
Mecânica: motor 1.200 cm3 de 36 CV, sistema elétrico de 6 volts e escapamento com apenas uma saída.
Forração: A Interma era mínima, porta-malas sem forração e vidros mais finos, o barulho do motor era infernal. 
Cores: poderia ser escolhida livremente, desde que fosse Azul Pastel ou Cinza Pérola. 😅
Acabamento: Maçaneta da tampa do motor sem chave, não tinha esguicho para limpar o para-brisas, não tinha retrovisor externo, não tinha setas direcionais e nenhum cromado.  
Peso: Caindo de 730 kg parra 670kg, 60 quilos menos da versão "normal"
Mas, de onde veio o "pé de boi"?
No popular "pé de boi" era um apelido usado para definir um trabalhador braçal, simples e com pouca qualificação, mas capaz de encarar qualquer tipo de serviço pesado sem reclamar.
Logo, houve uma associação natural do apelido com este modelo do Fusca, afinal já o fusca já tinha fama de encarrar qualquer desafio, além da nova versão ser muito mais simples.
Com o peso aliviado o carro ficou mesmo mais ágil, mas perdeu o mínimo conforto que já tinha. Mesmo com preço reduzido de R$4,8 milhões de cruzeiros para R$4 milhões de cruzeiros, só foram vendidos vendeu cerca de 3.000 unidades do pé de boi entre 1965 e 1966, quando a VW parou a produção deste modelo. 
Na verdade, o programa do governo como um todo não ajudou muito mercado de automóveis (novidade!!), apenas em alguns nichos do mercado como dos táxis foi notada um aumento considerável nas vendas.

Lola Cars (Round 2)

Em 1969 veio a Lola conseguiu a primeira vitória no Campeonato Mundial de Carros Esportivos, foi nas 24 horas de Daytona com os pilotos Mark Donohue e Chuck Parsons, depois veio outra vitória com a dupla Jo Bonnier e Herbert Muller nos 1000 km de Zeltweg, dando a Lola o terceiro lugar geral no campeonato. 
Já no campeonato Can-Am a Lola nunca mais triunfou até 1977, depois quando a categoria entrou em nova fase foi lançado o T333, modelo que vez a Lola campeã cinco vezes consecutivamente até 1981.
Lola T333
Na verdade, os carros da Can-Am desta época nada mais eram do que carros da Fórmula 5000 rebatizados, por isso para muitos críticos os carros desta época não eram verdadeiros carros esportivos, apesar de carroceria e rodas fechadas. 
O antigo campeonato da Fórmula A organizado pela SCCA virou a Fórmula 5000 em 1968, o campeonato virou uma opção interessante de corridas de monopostos, usavam motores V8 derivados de blocos de série, mais simples e baratos que a F1. 
Equipe Embassy-Hill
No começo da década de 1970 a Lola continuava recebendo pedidos para desenvolver novos projetos para a Fórmula 2, Fórmula 3, Fórmula Ford, Fórmula Vee, Fórmula Super Vee, Fórmula Atlantic e a Can-Am, tornando-se praticamente a maior fornecedora de chassis para equipes privados. A prova disso foram os grandes projetistas e engenheiros que trabalharam na Lola, Patrick Head, por exemplo, foi funcionário de Eric Broadley antes de fazer fama na F1 pela Williams. 
Nesta época a Lola desenvolveu vários carros esporte para os novos Grupo 5 e Grupo 6, incluindo as séries T212 e T28x / T29x / T38x / T39x, que foram grandes rivais da Chevron e March, entre outros. 
Mas sem esquecer da F1, Graham Hill estava em final da carreira de piloto e decidiu criar sua própria equipe patrocinada marca de cigarros da Embassy, então a Lola, que vinha de uma parceira ruim com a Shadow em 1973, decidiu apoiar o projeto da Embassy-Hill. O engenheiro da Lola Andy Smallman desenhou o “Hill GH2” para o campeonato de 1975, mas o projeto teve que ser interrompido após o trágico acidente aéreo que vitimou Graham Hill, Tony Brise, Smallman e outros membros da equipe, em novembro de 1975.
Lola T500
Tragédia na Europa, mas nos Estados Unidos a Lola seguia conseguindo seus maiores sucessos nas categorias de fórmula (USAC / CART), o maior feito veio com Al Unser Sr. vencendo a edição da Indianapolis 500 de 1978 com um Lola T500-Cosworth.
Mesmo assim a obsessão pela F1, talvez, tenha feito a Lola não dar a devida importância ao mercado americano, pelo menos até meados da década de 1980...

21/08/2018

Advertising - Big Talas

Com grande colaboração do Tom Piratello, além das propagandas de TV, vamos incluir em nossa série de publicidade automotiva alguns anúncios de jornais e revistas.
São anúncios que fizeram parte dos nossos sonhos de consumo no século passado (século passado? essa foi pesada!). 
Para iniciar vamos com essa bizarrice que deve ficar "ótimo" no meu fusca, até a cor do carro da foto é a mesma do meu... 
Duvido que a polícia deixaria um coisa destas passar, além disso você poderia ficar entalado em algum pedágio, estacionamento de shopping, entrada de motel, etc. 
Confesso que nunca vi um deste pelas ruas, mas se tivesse visto não daria para esquecer. 😳

15/08/2018

Hot Logo - Triumph

Mais uma para a nossa série sobre evolução dos logos de marcas famosas...
Agora a Triumph, a empresa atual (Triumph Motorcycles Ltd) foi fundada em 1983, quando a original (Triumph Engineering) entrou em concordata, dá para acreditar que a empresa original foi fundada em 1885?
Como é que deixam uma empresa destas fechar? Isso é patrimônio nacional!

10/08/2018

Altamont, 1969

Quando abordamos algumas histórias dos clubes de motocicletas mais notórios, como os Hells Angels, e seus personagens, como "Sonny" Barger), citamos os acontecimentos de Altamont como decisivos para cristalizar a má fama dos MC perante a opinião pública e a justiça americana.
Mas, o que de fato aconteceu em Altamont?
O “The Altamont Speedway Free Festival" foi um grande festival de rock realizado em 6 de dezembro de 1969, com detalhes interessantes: entradas e bebidas gratuitas (!!!). 
Olhem só o nível da lista de artistas envolvidos no show: Santana, Jefferson Airplane, Crosby, Stills, Nash & Young... 😍😍
Quer mais?!?! Ainda teve o Grateful Dead (responsáveis pela organização) e os Rolling Stones (responsáveis pela produção) fechando a noite. Uhu! 😝😝
O festival foi idealizado para ser uma espécie de “Woodstock West”, mas não foi tão "paz e amor" assim...
Antes de falar dos acontecimentos do festival vamos lembrar um pouco do contexto da época, fica mais fácil para entender toda a repercussão. O movimento "hippie" estava no seu ápice após Woodstock, mas apesar de todo apelo "paz e amor" junto à juventude, os "hippies" enfrentavam fortes críticas da conservadora sociedade americana, que não queria saber de viver na base do “paz, amor, sexo, drogas e muito rock’n’roll”👅. 
Veremos adiante que o saldo final de Altamont foi um prato cheio para estes críticos!
Voltando ao festival... Os problemas de organização já começaram na dificuldade em definir um local para o show, o Altamont Speedway acabou sendo escolhido de última hora e restou pouco tempo para preparação da infraestrutura. 
O local ficava no condado de Alameda, 90 km ao leste de San Francisco, faltavam banheiros, tendas médicas e o palco ficou pequeno e mal colocado, num lugar baixo, deixando os músicos totalmente expostos perante mais de 300 mil participantes.
Ficou a preocupação, como garantir a ordem e a segurança das bandas? 
Simples! Coloquem os Hells Angels para isolar e proteger o palco!!😳😳
Apesar de ser uma ideia de jerico, a decisão não era bem uma novidade porque os Stones já tinham utilizado os “serviços” dos Hells Angels, foi no famoso show do Hyde Park, o último antes da morte de Brian Jones em 3 de julho. Além deles, o Grateful Dead e o Jefferson Airplane também já tinham utilizado os “serviços” dos Angels em outros shows.
Em Altamont foram convocados os Angels do capítulo de Oakland, liberados por um tal "Sonny" Barger. 
O show começou com Santana e até que estava indo tudo bem, mas com cerveja grátis para todos não demorou para o pessoal dos Hell Angels ficarem bêbados, a multidão também foi ficando mais agitada e imprevisível e não demorou muito para começarem os tumultos próximos ao palco, nisso um dos Angels foi derrubado, e aí...😱
A resposta dos Hells Angels não podia ser outra a não ser farta distribuição de porrada para todo lado, sobrou até para Marty Balin, vocalista do Jefferson Airplane (veja vídeo), o guitarrista Paul Kantner ironicamente agradeceu aos Angels por derrubar Balin e um dos motociclistas pegou o microfone e começou a discutir com ele (surreal!). Sinal que viria coisa mais séria...
Por falta de segurança o Grateful Dead decidiu não se apresentar, isso deixou a multidão mais irritada e para salvar o dia (ou a pele de todos) os Stones, que iriam fechar a noite, decidiram antecipar a sua apresentação.
Se a chegada dos Stones à Altamont já tinha sido complicada, Mick Jagger foi agredido, o show já começou no meio do caos! 
Desde as primeiras músicas Mick Jagger tentava acalmar a multidão (dá para imaginar isso?!?!), quando eles cantaram “Sympathy for the Devil” o tumulto aumentou e a banda pediu para os Angels controlarem a situação novamente, porém quando veio “Under My Thumb” o pau comeu de vez. 
Nisso um rapaz  ensandecido chamado Meredith Hunter, de apenas 18 anos, tentou invadir o palco e acabou tomando um “corretivo” dos Angels, Meredith saiu e voltou pouco tempo depois com um revólver, um Angel chamado Alan Passaro percebeu e com sua faca partiu para cima de Hunter esfaqueando o rapaz, a briga causou mais pânico e um corre corre generalizado ferindo muita gente. Hunter chegou a ser atendido, mas morreu ali mesmo. 
O saldo final do festival ainda teve mais 3 pessoas mortas: duas por acidentes de carros, provocados pela bebedeira e drogas, e um afogamento de um rapaz com overdose de LSD.
Além das 4 mortes foram registrados inúmeros casos de carros roubados, grandes danos a propriedade e centenas de lesões corporais, no fim os Stones terminaram o seu show e tiveram que sair do local de helicóptero.
Todo esse caos acabou sendo retratado no documentário "Gimme Shelter" (1970) dirigido por Albert Maysles, David Maysles e Charlotte Zwerin, a revista Rolling Stone descreveu o show como o "pior dia de todos os tempos do rock and roll, 6 de dezembro, um dia em que tudo deu muito errado".
Dizem que o festival de “Woodstock”, realizado em agosto do mesmo ano, marcou o início de uma fase importante da contra-cultura, mas “Altamont” pouco tempo depois marcou o começo do fim de tudo. Uau!
Os organizadores do festival nunca admitiram que contrataram os Hells Angels para fazer a segurança do palco, dizem que o acordo era apenas para vigiarem os geradores, já os Angels sustentam que foram contratados por US$500 em cervejas e o acordo foi feito numa reunião entre Sam Cutler e Rock Scully, staffs do Grateful Dead, e Pete Knell, membro da filial do Hells Angels em São Francisco. 
No jogo do empurra-empurra, o dono do Altamont Speedway, Dick Carter, também se defendeu dizendo que contratou centenas de seguranças apenas para proteger a sua propriedade e não para garantir a segurança do público, pelo qual ele não era o responsável.
O documentário “Gimme Shelter” retratou os Stones como vítimas e não co-responsáveis pela organização caótica, afinal eles eram a segunda banda mais importante do momento. 
Assim, ficou fácil culpar os Hells Angels por toda a confusão, 
Era evidente que os Angels frequentavam os shows de rock para se divertir e beber, e que não tinham o mínimo preparo para garantir a segurança de ninguém, nem deles mesmos...
Por fim, se desde o final da década de 1950 os motorcycle clubs eram mal vistos em geral, após os eventos de Altamont viraram verdadeiros "inimigos públicos", passando a enfrentar aumento da repressão das autoridades. Na prática Altamont foi só a gota que faltava, porque o envolvimento real de alguns com o crime não era exatamente uma novidade.
E os Angels? Eles ficaram muito contrariados por terem sido considerados os grandes responsáveis pela tragédia de Altamont, chegando ao ponto de, dizem, bolar um plano para se vingar de Mick Jagger pela falta de apoio dos Rolling Stones após o show.