09/09/2019

Carrera Panamericana - Parte 1

Aqui na América já tivemos a nossa "Targa Florio", estamos falando da Carrera Panamericana, uma corrida idealizada na década de 1950 que foi disputada anualmente nas estradas públicas do México. 
Hoje em dia é difícil de imaginar um evento destes em vias públicas, mas na época foi um dos maiores do mundo do esporte a motor, basta ver os grandes ases que participaram da disputa...
"La Carrera Mexicana" tinha características próprias que a tornava muito desafiadora para pilotos e carros, as condições geográficas e climáticas do percurso! 
A prova iniciava com temperaturas altas e úmidas típicas do clima tropical, ao longo do percurso descia ao nível do mar e depois finalizava a uma altura sufocante de três mil metros, as temperaturas variavam de 34 graus até o congelamento. Isso obrigava os competidores a trocar as velas e fazer ajustes na carburação diversas vezes, pois tinham que adaptar os motores para as mudanças de condições. 
Outro problema era a pavimentação das estradas no México, normalmente feito com uma mistura de cinzas vulcânicas, altamente abrasiva, que deteriorava os pneus rapidamente. 
Não era fácil lidar com tudo isso em apenas 72 horas nas nove etapas disputadas, o lendário Alfred Neubauer dizia, resumindo, era uma combinação do GP de Trípoli, "Mille Miglia", "Nurburgring" e as 24 horas de Le Mans. 
Visando comemorar a inauguração das estradas e atrair negócios internacionais, o próprio governo Mexicano se envolveu na organização da prova, junto com a A.A.A (American Automobile Association), até Bill France Sr. (sempre ele) se envolveu na aventura. Eram utilizadas a rodovia Mexicana (3.114 km) que partia de Tuxtla (sul) a Juarez (norte) e a rodovia Pan-Americana (3.505 km), que foi finalizada em 1950.
A primeira edição começou em 5 de maio de 1950 com 132 pilotos inscritos, de amadores até os profissionais da F1, carros esporte, rallye, stock cars, endurance e arrancada. Saindo de Ciudad Juarez, estado de Chihuahua a 100 m acima do nível do mar (norte), passando por El Paso, Texas e terminando em Ciudad Cuauhtémoc, Chiapas (sul) a 3.195 m acima do nível do mar. 
Os quatro primeiros lugares foram conquistados por carros e pilotos americanos, o vencedor foi Hershel McGriff com um Oldsmobile 88 a uma média de 142 km/h. McGriff investiu apenas US$1.900,00 no carro e recebeu o prêmio de $150.000 pesos (aproximadamente US$17.200,00), o drama foi que eles quase não terminaram a corrida por danos no cárter de óleo, o motor foi ficando sem lubrificação e cruzaram a linha com o motor fumando.
Porém, logo na primeira edição começou a se formar a reputação sangrenta e perigosa da prova, 4 pessoas (3 competidores e 1 espectador) morreram em acidentes.
Na edição de 1951 o sentido do percurso se inverteu, partindo de Tuxtla Gutiérrez, Chiapas na fronteira com a Guatemala e terminando em Ciudad Juárez, Chihuahua na fronteira com os EUA. Foi a primeira vez que um fabricante europeu entrou com uma equipe de "fábrica", a Ferrari. 
A Ferrari conseguiu uma "dobradinha" com duas 212 Inters com Piero Taruffi e Alberto Ascari, em terceiro e quarto chegaram carros americanos comuns com Bill Sterling em terceiro, um vendedor de El Paso com um Chrysler Saratoga e em quarto o piloto profissional Troy Ruttman com um Mercury comprado por US$1.000,00.
Mas, novamente, o que marcou a edição daquele ano foram as fatalidades, 4 competidores perderam a vida incluindo o famoso pioneiro da aviação Mexicana Carlos Panini e o prefeito de Oaxaca, Lorenzo Mayoral Lemus.
1951
Panini se envolveu em um acidente com um jovem chamado Bobby Unser, Bobby depois relatou que apesar da filha de Panini estar inscrita como piloto, era Panini que estava indevidamente ao volante, ele declarou ter hesitado em parar para ajudar, pois existia uma regra clara na corrida: se você parar para ajudar alguém será automaticamente desqualificado!
A imprensa Mexicana aumentou as críticas contra a prova, cristalizando a visibilidade negativa do público.
Em 1952 os organizadores resolveram dividir os competidores em 2 classes, carros esportivos e de turismo, era uma maneira de manter a competitividade já que as grandes equipes europeias começaram a investir pesado na corrida.
A Mercedes-Benz, que naquele ano enviou uma equipe muito forte, fez primeiro e segundo lugares com os pilotos Karl Kling e Herman Lang nos seus 300 SL, o americano Chuck Stevenson venceu a classe de carros de turismo em um Lincoln Capri.
Kling e o seu co-piloto Hans Klenk superaram inclusive um acidente bizarro, eles foram atingidos por um abutre no para-brisas a 160 km/h, o acidente deixou Klenk inconsciente e com vários ferimentos no rosto. 
A prova marcou a estreia de um artificio de Neubauer que trouxe grandes mudanças nas provas com co-piloto, ele introduziu as planilhas "notas de ritmo" que mostravam ao co-piloto os detalhes das próximas curvas, em taquigrafia rápida.
Mesmo com mudanças na organização, mais uma pessoa morreu na edição daquele ano e apesar do sucesso crescente no âmbito esportivo, as críticas a continuidade da Carrera Panamericana estavam cada vez mais fortes (continua neste post).

04/09/2019

Playlist California - Californication

Para os "milhões" de frequentadores do Blog, não é novidade a nossa preferência pelo bom e velho "Rock and Roll" para embalar os rolês num V8 ou numa Café Racer...
... Outro dia estava ouvindo uns rocks com o meu filho Gabriel e, meio sem querer, surgiu a ideia de montar uma lista de músicas com "Califórnia" no nome, porque é o lar dos hot rods.
Essa foi a deixa para montar uma nova playlist de músicas bacanas (na avaliação do blog), para ir ouvindo e viajando pela HWY1 ou indo para Las Vegas!
Algumas destas músicas já apareceram na Playlist da Rota 66, e isso não é coincidência...
Aqui vai a primeira, sempre eles...

Psychic spies from China try to steal your mind's elation
And little girls from Sweden dream of silver screen quotation
And if you want these kind of dreams it's Californication
It's the edge of the world and all of western civilization
The sun may rise in the East at least it's settled in a final location
It's understood that Hollywood sells Californication
Pay your surgeon very well to break the spell of aging
Celebrity skin is this your chin or is that war you're waging?
Firstborn unicorn
Hardcore soft porn

Dream of Californication
Dream of Californication
Dream of Californication
Dream of Californication

Marry me girl, be my fairy to the world, be my very own constellation
A teenage bride with a baby inside getting high on information
And buy me a star on the boulevard, it's Californication
Space may be the final frontier but it's made in a Hollywood basement
And Cobain can you hear the spheres singing songs off Station To Station?
And Alderaan's not far away, it's Californication
Born and raised by those who praise, control of population
Everybody's been there and I don't mean on vacation
Firstborn unicorn
Hardcore soft porn

Dream of Californication
Dream of Californication
Dream of Californication
Dream of Californication

Destruction leads to a very rough road but it also breeds creation
And earthquakes are to a girl's guitar, they're just another good vibration
And tidal waves couldn't save the world from Californication
Pay your surgeon very well to break the spell of aging
Sicker than the rest, there is no test but this is what you're craving?
Firstborn unicorn
Hardcore soft porn

Dream of Californication
Dream of Californication
Dream of Californication
Dream of Californication

20/08/2019

Pensadores - Sonny Barger

No original em inglês...
"In terms of pure workmanship, personally I don't like Harleys. 
I ride them because I'm in the club, and that's the image, but if I could I would seriously consider riding a Honda ST1100 or a BMW. We really missed the boat not switching over to the Japanese models when they began building bigger bikes. 
I'll usually say "Fuck Harley-Davidson".".
Ou em bom português...
"Em termos de acabamento puro, pessoalmente eu não gosto de Harleys. 
Eu as monto porque estou no clube, e essa é a imagem, mas se eu pudesse, seriamente eu iria considerar montar uma Honda ST1100 ou uma BMW. Nós realmente sentimos falta do barco não mudar para os modelos japoneses quando eles começaram a construir bicicletas maiores. 
Eu iria dizer "Foda-se Harley-Davidson".".
Uau! 😱😱 
Confesso que quando li essa afirmação do Sonny Barger me surpreendeu tanto que resolvi até publicar, afinal, diziam que marca de moto era "assunto sagrado" para os grandes "Motorcycle clubs" nos Estados Unidos. 
Se você não entendeu, então leia estes posts: 1%er, The Big Four, The Hells Angels, The Outlaws, The Bandidos e The Pagans.
Eh, parece que o tempo amolece até os corações mais peludos...

16/08/2019

Digger

Embalado pelo sucesso do filme “Easy Rider” lançado em 1969, a customização de motocicletas se popularizou rapidamente no começo dos anos 1970, principalmente nos Estados Unidos.
Neste movimento muito estilos de customização apareceram, tais como Chopper, Bobber, Scrambler, Tracker, Custom e o assunto deste post: DIGGERS.
As primeiras motos customizadas no estilo “Digger” (escavadeira) também surgiram no início dos anos 1970, recebendo forte influência das motos dragsters, chamadas de "drag bikes". 
O mestre Arlen Ness, que infelizmente faleceu recentemente em 22 de março de 2019, é considerado por muitos o criador deste estilo, dizem que ele criou a sua primeira digger baseada numa Harley Sportster depois de participar de um evento de drag Racing...
Na verdade, não sabemos se isso é verdade e nem mesmo importa tanto, o fato é que Ness foi mesmo o principal responsável por desenvolver e divulgar o estilo, criando trabalhos fantásticos ao lado de outros consagrados customizadores como Dave Perewitz, Donnie Smith e Barry Cooney.
As versões da origem do nome “digger” também diverge, alguns dizem que foi pela semelhança do estilo destas motos com as "drags bikes" da época, que também chamadas de “digger”, outra versão sustenta que as motos eram tão baixas que pareciam mesmo estar escavando o chão, logo a associação pegou... 
A definição de uma moto customizada no estilo Digger também sofre distorções, como as Chopper e Bobber, aqui vão as principais características de um bom projeto;
1) O visual da moto precisa ser longo e baixo, para obter esta aparência a estrutura do chassis é alongada com “backbones”.
2) Normalmente, são utilizados garfos dianteiros alongados, tipo Springer.
3) Tanques de combustível longos em forma de diamante e hexágono.
4) Escapamento destacado e barulhento.
5) Rodas grandes, no estilo "drag race".
6) E o motor? São bem vindas combinações de super chargers, turbos ou carburadores de corrida.
7) Pintura, claro, exclusiva bem trabalhada, abusando das cores chamativas e grafismo personalizado. 
Por tudo isso, muitos customizadores exploram estas características ao máximo, ao ponto das pessoas se perguntarem “como é que o piloto consegue se equilibrar nisso?”, de fato essa receita normalmente sacrifica o ponto de equilíbrio e a dirigibilidade da moto, mas isso faz parte do barato...
A capa de março de 1971 da revista Street Chopper foi a primeira revista especializada a mostrar uma Digger, durante a década de 1970 outras revistas deram muito espaço para o estilo em suas capas, as diggers eram as grandes estrelas de eventos como o Daytona Bike Week e Sturgis Rally
Porém, aos poucos, a partir da década de 1980 o estilo perdeu boa parte de sua notoriedade, ficando praticamente restrito aos concursos de customização. Não houve exatamente um motivo para tal, talvez parte desde "esquecimento" venha justamente da dificuldade de se usar uma moto digger no dia a dia ou simplesmente foi uma mudança de moda.
A boa notícia é que, gradativamente, nos últimos anos parece haver um resgate do espaço das diggers no universo da customização. 
Recentemente a empresa da família de Arlen Ness lançou um “kit” de chassis para montar motos Digger, além da consolidação de novos customizadores que fazem projetos neste estilo, tais como a OCC (da série de TV American Chopper).
Aqui ficamos na torcida, para nós, esse estilo é o maior barato.